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Motorola Edge 20 Pro: uma boa 'terceira via' entre celulares top de linha

Lucas Carvalho

De Tilt, em São Paulo

10/11/2021 10h00

Há anos a Motorola ocupa um confortável segundo lugar no ranking das maiores vendedoras de celular do Brasil, principalmente graças ao seu portfólio de aparelhos intermediários e de entrada com preços mais acessíveis e funções básicas.

Mas com o Edge 20 Pro, a marca se arrisca no mercado de telefones top de linha, setor dos aparelhos mais caros e mais poderosos onde Apple e Samsung reinam quase sem concorrência no Brasil.

Como fazer um top de linha sem abrir mão do perfil acessível que tornou a Motorola famosa? O segredo aqui foi equilibrar funções de alto nível (processador rápido, muita memória e três câmeras) com algumas limitações (falta de proteção contra água e bateria mediana).

O resultado é um telefone que faz quase tudo muito bem, por um preço não tão absurdo, e com limitações com as quais dá para conviver. Num mercado polarizado entre Apple e Samsung, a Motorola oferece uma competente "terceira via".

Confira o que mais achamos do Motorola Edge 20 Pro nos parágrafos a seguir.


Motorola Edge 20 Pro

Preço

R$ 4.999 R$ 4.499 (Shopping UOL - 09/11/2021) Comprar
TILT
4,5 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

A melhor câmera que a Motorola já produziu, mas ainda não é perfeita

Dura um dia inteiro, mas não o bastante para competir com rivais que duram mais tempo

Faltam recursos para competir com rivais de preço semelhante

Pontos Positivos

  • Câmeras competentes na traseira e também na parte frontal (coisa rara para a Motorola)
  • Desempenho de alto nível mesmo sem custar um absurdo
  • Tela de 144 Hz garante animações sempre suaves ao olhar

Pontos Negativos

  • Não há proteção contra água, entrada para fones de ouvido, carregamento sem fio, nem gaveta para cartão de memória
  • Em média, a bateria só dura um dia inteiro e precisa de uma recarga à noite ou na manhã seguinte

Veredito

Com bom desempenho, tela de qualidade e câmeras competentes, o Motorola Edge 20 Pro bate de frente com rivais mais caros. A falta de proteção contra água, carregamento sem fio, entrada para fones e gaveta para cartão de memória são limitações com as quais dá para conviver. E diferentemente dos rivais, que têm tudo isso, o Edge 20 Pro vem com uma versão limpa do Android que torna a experiência de uso mais simples e rápida. Um forte concorrente no mercado top de linha.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Em termos de visual, o Edge 20 Pro é mais do mesmo. A traseira de vidro fosco (que mais parece plástico) consegue disfarçar bem as marcas de dedo e ainda oferece uma boa "pegada" com as curvas nas bordas. O módulo de câmera saltado faz o aparelho sambar quando está de tela para cima sobre a mesa, mas nada que uma capinha não resolva.

O leitor de impressões digitais fica no botão de ligar e funciona bem melhor do que o leitor sob a tela do antecessor, o Motorola Edge+ de 2020. Há ainda um botão extra do lado esquerdo que serve para convocar o Google Assistente sem ter que dizer "Ok Google", mas não dá para configurá-lo para fazer outra coisa.

Motorola Edge 20 Pro - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

No entanto, falta muita coisa no design desse aparelho. Para começar, ele não tem proteção total contra água, como os principais concorrentes têm. A certificação IP52 só garante proteção contra respingos, o que não me deixa respirar aliviado quando deixo o celular na mesa perto de um copo cheio.

Além disso, aqui não há entrada para fones de ouvido — elemento que, eu sei, está ficando cada vez mais raro em celulares top de linha, mas que caberia aqui pela proposta mais acessível. Também não há suporte a carregamento sem fio. E não há espaço para cartão microSD, só para dois chips de operadora.

Na parte da frente, porém, é onde o Edge 20 Pro brilha (literalmente). A tela de 6,7 polegadas desta vez usa um painel OLED plano, sem as curvas nas laterais que o antecessor Edge+ usava. Prefiro assim porque o risco de toques acidentais nas beiradas é bem menor.

A resolução máxima é Full HD (1080 x 2400 pixels), mais do que suficiente para o meu olhar e para este tamanho de tela, ainda que não chegue aos 4,6 milhões de pixels de um painel Ultra HD como o do Galaxy S21 Ultra, por exemplo.

Motorola Edge 20 Pro - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Mas a taxa de atualização aqui é de 144 Hz, o que significa que as animações transcorrem com muito mais suavidade do que o normal. Mais até que os 120 Hz de um Galaxy S21 ou do que o iPhone 13 Pro.

Você pode configurar o celular para que ele fique sempre nos 144 Hz ou para que mude automaticamente para 60 Hz quando não houver necessidade, economizando bateria.

O processador Snapdragon 870 pode ser do ano passado, mas ainda é um top de linha. Acompanhado de 12 GB de RAM, o chip consegue equilibrar muito bem o consumo de energia com um desempenho de alto nível.

Os 256 GB de armazenamento que ele diz ter na embalagem na verdade são cerca de 236 GB livres, sem contar o espaço reservado para o sistema, apps pré-instalados e atualizações urgentes que você precisa baixar quando tira o aparelho da caixa. Mesmo assim, o volume é suficiente para armazenar muitas fotos, vídeos e apps.

Não vi o Edge 20 Pro travar ou demorar para abrir qualquer aplicativo uma vez sequer. Em games mais pesados, como Free Fire, deu para notar um certo lag (atraso na renderização das imagens) em raros momentos, nada que atrapalhasse a experiência.

No app de análise de desempenho Geekbench, o Edge 20 Pro fez 3.117 pontos em multi-core (teste que estressa os oito núcleos do processador ao mesmo tempo) e 969 pontos em single-core (teste que estressa um só núcleo de cada vez).

O resultado é inferior ao do Galaxy S21, mas bem superior ao do Moto G100, que usa um conjunto de componentes parecido. No dia a dia, o que importa é que o Edge 20 Pro é rápido e deve continuar assim por algum tempo.

Geralmente este é o quesito em que eu preciso respirar fundo e, decepcionado, digo: "não foi dessa vez, Motorola". Mas, para a minha surpresa, foi dessa vez, sim! O Edge 20 Pro tem o melhor conjunto de câmeras que a marca já colocou em um celular até hoje.

São, ao todo, quatro lentes:

  • uma principal de 108 MP;
  • uma ultra-wide (que captura mais conteúdo) de 16 MP;
  • uma periscópio (para zoom óptico de 5x) de 8 MP;
  • a frontal de 32 MP para selfies.

Fotos tiradas com o Motorola Edge 20 Pro

Pela primeira vez posso dizer que todas essas câmeras são muito boas. A principal é, naturalmente, a melhor de todas, capaz de capturar contrastes profundos, cores vibrantes e bom nível de detalhe sem exibir muito ruído —exceto em cenas com pouca luz, que complicam a vida de qualquer celular.

O sensor ultra-wide, que costuma ser o pior em sistemas de câmera tripla, aqui consegue manter a qualidade da principal em quase todas as situações, exceto pelas deformações que podem aparecer nas extremidades da foto, naturais desse formato de lente.

A câmera mais interessante é a periscópio que, como o nome já diz, imita e engenharia daqueles visores de submarino para alcançar níveis extremos de zoom sem perder resolução. O resultado é um sensor que chega bem perto de qualquer cena, embora deixe as cores meio pálidas e perca totalmente o controle do foco.

Até a câmera de selfies é bacana desta vez, sem aquele filtro de suavização exagerado que deixava meu rosto parecendo o de um boneco de borracha, como o do Moto G100. Agora o sensor é mais fiel à realidade e captura um alto nível de detalhe. Em algumas fotos dá para ver até os poros da minha pele, o que pode ser igualmente impressionante e bizarro.

Aqui é onde o Edge 20 Pro volta ao patamar de celular básico. Em média, a bateria de 4.500 mAh dá conta de quase um dia inteiro de uso normal, mas você vai ter que colocá-la para carregar durante a noite ou logo cedo na manhã seguinte.

No nosso teste padrão, que consiste em deixar um vídeo rodando em looping com a tela cheia, no brilho máximo, wi-fi ligado, sem notificações, 4G e Bluetooth desligados, além de todos os apps de segundo plano fechados, o Edge 20 Pro durou apenas 8 horas e 43 minutos. Bem menos que as 10 horas do Galaxy S21 ou as 12 horas do Moto G100. O que talvez explique (mas não justifica) esse desempenho é a tela de 144 Hz.

Felizmente, a Motorola não aderiu à moda de eliminar o carregador da embalagem. O Edge 20 Pro vem com um carregador de 30 W que leva o celular de 0% a 100% em pouco mais de 1 hora e 10 minutos, o que me deixou impressionado.

O Edge 20 Pro dobra a aposta da Motorola em sua nova plataforma de acessórios chamada "Ready For" (pronto para), que estreou junto com o Moto G100. O sistema permite conectar o celular a um monitor ou TV para usá-lo como se fosse um computador.

A novidade é que agora você não precisa mais de um cabo USB-C/HDMI para fazer isso. Com o Edge 20 Pro, basta que a tela tenha suporte ao protocolo Miracast, presente na maioria das Smart TVs atuais. Em vez de simplesmente espelhar o conteúdo sem fios, o Ready For cria toda uma interface focada na atividade que você quer explorar na segunda tela.

O resultado, porém, não é dos melhores. Nem todo aplicativo funciona bem nesse novo esquema de espelhamento e há um visível atraso entre o comando dado ao celular e a resposta vista na tela. Não substitui um computador de verdade, mas pode ser interessante de experimentar em algumas situações. Não compre o Edge 20 Pro só por causa disso.

Lançado no Brasil por R$ 4.999, o Edge 20 Pro já pode ser encontrado no varejo por R$ 4.499 ou menos, dependendo da promoção. Não é exatamente barato, mas num mundo em que celulares top de linha podem custar de R$ 6.000 a R$ 15 mil, o preço do Motorola é pelo menos compreensível.

Pela ficha técnica, o seu principal concorrente é outro aparelho da Motorola, o Moto G100, que também tem desempenho top de linha. A diferença é que o Moto G100 é mais barato e tem muito mais bateria, mas a tela e as câmeras são de menor qualidade.

Outro rival de peso é o recém-lançado Zenfone 8, que possui desempenho semelhante (ou superior) e proteção contra água, mas o leitor de digitais é integrado à tela e há apenas duas câmeras traseiras, sem opção de lente dedicada a zoom. O Zenfone 8 Flip, que tem três câmeras, é mais caro.

Acima do Edge 20 Pro temos o Galaxy S21, importados chineses como o Mi 11, da Xiaomi, e telefones gamers como o ROG Phone 5, da Asus. Todos eles superam o Motorola em algum quesito, seja na proteção contra água, duração da bateria ou simplesmente no processador mais moderno.

Sendo assim, a principal vantagem que sobra para a Motorola ante os rivais é o Android limpo, sem excessos de customização que deixam a experiência confusa ou aplicativos inúteis pré-instalados que só servem para ocupar a memória.

Se você procura um celular que caiba no seu bolso e faça quase tudo muito bem, se importa com a experiência que você terá no Android e não liga para a falta de proteção contra água, o Edge 20 Pro merece a sua atenção.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android 11

  • Dimensões

  • 163,3 mm x 76 mm x 8 mm; 190 gramas

  • Resistência à água

  • IP52 (resistente a respingos)

  • Cor

  • Azul ou Branco

  • Preço

  • R$ 4.999 (lançamento)

Tela
  • Tipo

  • OLED; 144 Hz

  • Tamanho

  • 6,7 polegadas (17 centímetros)

  • Resolução

  • FHD+ (1080 x 2400 pixels)

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 32 MP

  • Câmera Traseira

  • Tripla: 108 MP (principal); 16 MP (ultra-wide e macro); 8 MP (zoom periscópio)

Dados técnicos
  • Processador

  • Snapdragon 870

  • Armazenamento

  • 256 GB

  • Memória

  • 12 GB de RAM

  • Bateria

  • 4.500 mAh