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Nossos cientistas estão revolucionando o combate ao coronavírus; conheça a história e o trabalho de 10 deles

Bruna Souza Cruz e Gabriel Francisco Ribeiro De Tilt, em São Paulo

A luta mundial contra o coronavírus já resultou em muitos avanços científicos. Alguns são muito visíveis, outros dão suporte essencial ao trabalho da força-tarefa que diariamente tenta salvar vidas. Mas cada informação adicional é preciosa e leva a respostas mais rápidas. Nas duas frentes, existe muito suor brasileiro.

Nossos cientistas se uniram para mapear e descobrir como o novo vírus agia, afetava o nosso corpo e se disseminava. Se uniram também para buscar remédios eficazes e a sonhada vacina. Oito meses após a primeira morte pela doença por aqui, os esforços seguem em ritmo intenso e os resultados já dão esperança —de que a pandemia vai ser superada logo e de que a ciência brasileira merece muitos aplausos.

Conheça a seguir dez pesquisadores e suas contribuições para este momento são importante da nossa história (não deixe de ler mais sobre cada um clicando no link!). Eles foram escolhidos por Tilt e pelos próprios colegas por seus trabalhos durante a pandemia.

  • Edison Durigon

    Um dos principais virologistas do país, o médico foi o primeiro a isolar o novo coronavírus no Brasil. Desde então, ele e sua equipe cultivam o micro-organismo para enviá-lo aos cientistas que estudam a covid-19 e ser usado no exame PCR, que detecta a doença. Para isso, usam um esquema ágil combinado em parceria com os Correios. "Isolar o vírus foi o trabalho mais importante que fizemos até agora. Conseguimos caracterizá-lo muito bem e isso alavancou pesquisas e diagnóstico, validou laboratórios e fez a fila de testes andar. Foi muito gratificante e o pontapé inicial", diz.

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  • Ester Sabino

    Com longa carreira estudando o DNA de vírus como da dengue, do zika e do chikungunya, a médica coordenou o trabalho das mulheres que fizeram o sequenciamento genético do coronavírus no Brasil, no tempo recorde de 48 horas e usando metodologia de baixo custo. Isso levou à identificação da origem das primeiras contaminações, à rota do vírus e às suas mutações genéticas. O feito foi destaque internacional e reacendeu a discussão sobre os investimentos na ciência brasileira. "A pesquisa sofre demais: é subfinanciada e feita de forma inconstante, por isso parece que estamos sempre começando de novo", desabafa.

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  • Felipe Naveca

    Longe dos centros que costumam dominar o debate, o pesquisador da Fiocruz Amazônia foi o pioneiro em sequenciar o DNA do coronavírus fora do Sudeste e encontrou ao menos 8 novas linhagens circulando no país. Esse trabalho foi fundamental para dar respostas "fora da bolha" à luta contra a covid-19 e mostrar que o vírus que circulava em Manaus tinha vindo da tríplice fronteira. A falta de vigilância na região fez a doença se espalhar junto com as viagens de barco rio adentro. "Perdi meu pai pela covid no auge da pandemia. Hoje coloco a cabeça no trabalho para honrar a memória de quem se foi por essa doença", diz.

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  • Patricia Rocco

    Uma das maiores autoridades em pulmões do Brasil, a médica virou referência durante a pandemia que acomete tão drasticamente a respiração. Liderou um estudo clínico nacional que concluiu que o medicamento nitazoxanida reduz a carga viral do novo coronavírus e pesquisou o uso de células-tronco mesenquimais para tratamento de covid-19. "As células-tronco têm atividades fundamentais contra covid: melhora a inflamação e a capacidade antifibrogênica, importante para pacientes que ficam muito tempo em ventilação mecânica e desenvolvem fibrose pulmonar", explica.

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  • Marilda Siqueira

    A pesquisadora e sua equipe garantiram que o Brasil conseguisse lidar rapidamente com a pandemia de covid-19 desde o início. Logo que a Organização Mundial da Saúde deu as primeiras orientações, seu laboratório correu atrás de insumos e tecnologias capazes de identificar a doença. Desde então foi um trabalho sem fim de diagnósticos. "Mas, em dois meses, já tínhamos descentralizado os testes para todos os laboratórios e cada Estado ficou independente para agilizar o processo. Foi um avanço enorme", conta. A força tarefa fez da Fiocruz-RJ um dos grandes centros de inteligência e combate ao vírus da América do Sul.

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  • Ana Paula Fernandes

    A corrida contra o tempo para criar formas eficazes de detectar a covid-19 transformou o trabalho da pesquisadora. Já em fevereiro, ela foi designada para coordenar a rede brasileira de diagnósticos em parceria com diversas instituições. O desafio era se livrar da dependência dos testes importados e achar uma solução 100% nacional. Deu certo, a versão brasileira está disponível. "Como íamos desenvolver vacina sem ser capaz de avaliar se as pessoas se infectam ou não? Como a gente ia desenvolver tratamento sem saber quem está infectado e quem se curou ou não?", lembra.

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  • Cesar Victora

    O pesquisador está à frente da maior pesquisa populacional feita no Brasil sobre o novo coronavírus, a Epicovid-19. Com ajuda de testes sorológicos rápidos e celulares, os pesquisadores visitaram 133 cidades em todos os estados para compreender como a doença evoluiu por aqui. Eles comprovaram que a população mais pobre, negra, parda e indígena apresentava mais risco de contaminação e estava mais vulnerável. "A prevalência em Manaus e as longas viagens em barcos superlotados ao longo do Amazonas favoreceram o contágio e espalhou o vírus em toda a região. Isso foi uma surpresa", lembra.

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  • Jorge Kalil

    Especialista em gerir crises e responsável por modernizar a fabricação de novas vacinas no Brasil, como a da dengue, o médico agora vive uma experiência única. Ele concentra seus esforços numa vacina em forma de spray nasal, que, se funcionar, vai fortalecer o sistema imune das mucosas e tornar a proteção mais duradoura. Ele e sua equipe já obtiveram o vírus oco, sem o material genético que causa a contaminação, e trabalham nos protótipos da vacina. "Acho impressionante como no século 21 as pessoas não veem tudo o que a ciência trouxe, inclusive o fato de elas estarem vivas", desabafa.

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  • Marisa Dolhnikoff

    Saber como a covid-19 afetava o corpo foi primordial para tratar pacientes e salvar vidas. A médica coordenou um estudo pioneiro feito a partir das autópsias dos casos confirmados, com uma técnica mais segura para os profissionais envolvidos: a Autópsia Minimamente Invasiva, que usa ultrassom para guiar o procedimento. Isso revelou que a doença afetava coração, rins e sistema nervoso central e tinha potencial de ser sistêmica. "Respostas rápidas são uma necessidade. É preciso conhecer o vírus para propor tratamentos, desenvolver a vacina e saber as consequências a médio prazo. Cada informação adicional é preciosa", diz.

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  • Amilcar Tanuri

    Referência brasileira na área de genética e virologia, o médico busca uma vacina inédita, que combina o vírus vivo atenuado (sem possibilidade de reprodução) com técnicas revolucionárias de engenharia genética. O Crispr CAS-9, um dos métodos mais modernos que temos hoje na ciência, ajuda a edição precisa do DNA para que as proteínas virais do coronavírus sejam substituídas por um gene extraído do vírus da herpes, facilmente tratável. "Você retira um dos genes que está ligado à virulência do Sars-Cov-2 e substitui-o por um gene que fique sensível ao antiviral chamado Aciclovir, usado no tratamento da herpes", explica.

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