Ataque de hackers a bolsa de criptomoedas do Irã destrói US$90 milhões

Por AJ Vicens e James Pearson

(Reuters) - Um grupo hacker anti-Irã com possíveis ligações com Israel anunciou um ataque a uma das maiores bolsas de criptomoedas do Irã nesta quarta-feira, destruindo cerca de US$90 milhões e ameaçando expor o código-fonte da plataforma.

O grupo, conhecido como Gonjeshke Darande, ou "Pardal Predador", reivindicou autoria sobre o ataque, na segunda operação do grupo em dois dias. Na terça-feira, eles afirmaram ter destruído dados do Bank Sepah, banco estatal iraniano, em meio à intensificação das hostilidades entre Israel e Irã.

O ataque desta quarta-feira teve como alvo a Nobitex, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Irã. Os hackers disseram que a plataforma supostamente ajuda o governo iraniano a driblar sanções e financiar operações ilícitas ao redor do mundo em uma mensagem publicada nas redes sociais do grupo.

A ofensiva começou nas primeiras horas da manhã, quando fundos foram transferidos para carteiras controladas pelos hackers que denunciavam a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), disse a empresa de análise de blockchain TRM Labs, que estimou o roubo em cerca de US$90 milhões.

O chefe de inteligência de segurança nacional da Chainalysis, Andrew Fierman, confirmou em um email à Reuters que o ataque envolveu cerca de US$90 milhões e provavelmente foi motivado geopoliticamente, já que o dinheiro foi destruído.

O site da Nobitex estava fora do ar nesta quarta-feira. Mensagens enviadas ao canal de suporte da empresa no Telegram não foram respondidas. O Gonjeshke Darande também não respondeu a pedidos de comentário.

A Nobitex afirmou em uma publicação no X que retirou seu site e aplicativo do ar enquanto investiga um "acesso não autorizado" aos seus sistemas.

Gonjeshke Darande é um grupo de hackers já conhecido, com histórico de ataques cibernéticos sofisticados contra alvos no Irã. Em 2021, uma operação reivindicada pelo grupo causou interrupções generalizadas em postos de gasolina, e em 2022, um ataque a uma siderúrgica iraniana provocou um grande incêndio.

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Israel nunca reconheceu formalmente estar por trás do grupo, embora a mídia israelense frequentemente classifique o Gonjeshke Darande como "ligado a Israel".

(Reportagem de AJ Vicens em Detroit e James Pearson em Londres)

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