Semanas após lançamento da Alexa+, poucos usuários têm acesso à IA

Alexa, onde estão seus usuários?
Mais de seis semanas depois que a Amazon.com começou a lançar a nova assistente de voz Alexa+, movido a inteligência artificial generativa, para centenas de milhares de pessoas, há poucas evidências de que ela esteja em uso pelos clientes regulares.
O novo serviço foi concebido para ser um triunfo para a Amazon, após vários atrasos na renovação da Alexa, na era dos chatbots de IA, como o ChatGPT. A empresa sinalizou sua importância ao levar o presidente-executivo Andy Jassy a um evento para a imprensa em fevereiro em Nova York, onde apresentou os recursos da Alexa+ e prometeu que os clientes começariam a receber acesso por convite no fim de março.
"Parece que não há ninguém que realmente a tenha", disse Avi Greengart, analista-chefe da Techsponential, que participou do evento de anúncio da Alexa+.
"Isso se encaixa em um padrão de muitas empresas que anunciam serviços ou produtos quando estão muito perto de estarem prontos, mas não totalmente — essa última milha está muito mais longe do que eles previram", acrescentou.
Em um esforço infrutífero para localizar usuários reais da Alexa+, a Reuters pesquisou dezenas de sites de notícias, YouTube, TikTok, X, BlueSky, Instagram e Facebook, na Meta, bem como o Twitch da Amazon. Também foram analisados os dispositivos de assistente de voz Echo, da Amazon.com. Duas pessoas que postaram no Reddit afirmaram ter usado o serviço, mas não forneceram à Reuters provas concretas e suas identidades não puderam ser confirmadas.
"Centenas de milhares de clientes agora têm acesso à Alexa+ — é claro que alguns são funcionários e suas famílias, mas a grande maioria são clientes que solicitaram acesso antecipado", disse um porta-voz da Amazon. Isso representa um aumento em relação aos aproximadamente 100.000 usuários que a Amazon informou em 1º de maio.
A Amazon não disse por que não houve comentários ou reações públicas verificáveis ao novo serviço e se recusou a disponibilizar para uma entrevista qualquer usuário ativo da Alexa+. A empresa não exige acordos de confidencialidade em troca de acesso à Alexa+, disse um porta-voz.
O lançamento da Alexa+, assistido por IA da Amazon, está ocorrendo lentamente e o serviço tem enfrentado dificuldades com a velocidade de resposta a algumas perguntas ou solicitações, disseram três fontes familiarizadas com o assunto à Reuters. Ocasionalmente, ela também gera informações imprecisas ou fabricadas, como outros modelos de IA, e sua operação é cara, disseram as pessoas.
Acessada principalmente por meio de televisores da Amazon e dispositivos Echo, a Alexa pode definir temporizadores, responder a consultas de pesquisa e informar a previsão do tempo se o usuário solicitar em voz alta.
Embora a assistente de voz Siri, da Apple, tenha precedido a Alexa original em três anos, foi o serviço da Amazon que impulsionou a aceitação dos assistentes de voz.
A reformulação que resultou na Alexa+, com IA generativa, tem o objetivo de revitalizar o serviço de uma década e ajudar a Amazon a competir com os chatbots da OpenAI e Meta, entre outros. A Amazon investiu bilhões no desenvolvimento da Alexa desde que ela foi lançada, em 2014, mas a assistente não tem sido lucrativa. A visão de que os clientes a usariam para fazer compras por voz também nunca se concretizou.
As empresas de tecnologia normalmente contam com uma combinação de analistas, revisores de produtos, influenciadores de mídia social e repórteres para ajudar a divulgar seus mais novos dispositivos ou serviços. A Apple, considerada uma mestra do marketing, dá aos participantes do evento de lançamento acesso limitado aos seus iPhones ou laptops para as primeiras avaliações, seguidas de um exame mais detalhado dias ou semanas após o anúncio.
A própria Amazon deu aos avaliadores tempo para testar seu novo dispositivo Kindle colorido em um evento em outubro, antes de disponibilizá-lo para compra duas semanas depois.
Em setembro de 2023, a Amazon exibiu uma versão da Alexa com inteligência artificial generativa e disse que os clientes receberiam uma "prévia" dela em algumas semanas. Ela nunca chegou.
A Alexa+ será capaz de responder a várias solicitações em sequência e até mesmo atuar como um "agente" em nome dos usuários, realizando ações para eles sem o seu envolvimento direto. Isso contrasta com a versão atual, que geralmente lida com apenas uma única solicitação por vez.
Durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre da Amazon, há duas semanas, Jassy disse que mais de 100.000 pessoas já estavam usando o novo serviço de voz e que "as pessoas estão gostando muito da Alexa+ até agora".
Americus Reed, professor de marketing da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, disse que, ao deixar uma grande lacuna entre o lançamento do produto e a disponibilidade geral, a Amazon não estava conseguindo criar expectativa em relação à Alexa+.
"Bastava se apoiar em seus defensores do YouTube ou do TikTok e dizer a eles sobre o que falar", disse. "Em vez disso, isso faz parecer que eles estão preocupados com alguma coisa."
Greengart, da Techsponential, disse que o evento Alexa de fevereiro pode ser visto como um sinal de alerta antecipado, pois os participantes não tiveram permissão para experimentar o serviço por conta própria. Em vez disso, foram colocados em sessões de discussão em que os gerentes de produto executaram rotinas bem ensaiadas e responderam a perguntas limitadas. A Reuters, que participou do evento, também não pôde experimentar o serviço.
Por outro lado, no lançamento do Fire Phone da Amazon, em 2014, os usuários puderam segurar o dispositivo e experimentar seus recursos. O dispositivo Echo original, com o serviço Alexa, ficou disponível semanas após seu anúncio, em novembro de 2014, e os usuários tornaram públicas suas reações em dezembro.
A Alexa atualizada foi projetada para permitir que os usuários busquem conselhos sobre compras e recebam notícias agregadas. Conforme mostrado, ela foi projetada para realizar solicitações mais complicadas, como pedir comida para entrega e, ao mesmo tempo, lembrar as preferências alimentares do usuário.
Para demonstrar o amplo uso da Alexa+, a Amazon apontou para uma matéria da TechRadar de abril, que citava uma publicação anônima no Reddit de um usuário que afirmava ter testado o serviço.
A publicação no Reddit foi excluída desde então.
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