Zuckerberg admite: comprei Instagram por ter câmera 'melhor' que Facebook

O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, fez uma concessão importante em um julgamento antitruste nos EUA nesta terça-feira, dizendo que comprou o Instagram porque ele tinha uma câmera "melhor" do que a que sua empresa estava tentando desenvolver para o Facebook na época.

O reconhecimento pareceu reforçar as alegações das autoridades antitruste dos EUA de que a Meta havia usado uma estratégia de "comprar ou enterrar" para abocanhar rivais em potencial, manter concorrentes menores à distância e manter um monopólio ilegal.

A declaração foi feita durante o segundo dia de depoimento de Zuckerberg no julgamento em Washington, no qual a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) está tentando desfazer as aquisições da Meta do Instagram e do WhatsApp.

O caso, apresentado durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, é amplamente visto como um teste das promessas do novo governo Trump de enfrentar as grandes empresas de tecnologia.

Perguntado por um advogado da FTC se ele achava que o Instagram, em rápido crescimento, poderia ser destrutivo para a Meta, então conhecida como Facebook, Zuckerberg disse que acreditava que o Instagram tinha um produto de câmera melhor do que o Facebook estava desenvolvendo.

"Estávamos fazendo uma análise de construção versus compra" durante o processo de criação de um aplicativo de câmera, disse Zuckerberg. "Achei que o Instagram era melhor nisso, por isso achei que seria melhor comprá-lo."

Zuckerberg também reconheceu que muitas das tentativas da empresa de criar seus próprios aplicativos falharam.

"Criar um novo aplicativo é difícil"

"Criar um novo aplicativo é difícil e, na maioria das vezes, quando tentamos criar um novo aplicativo, ele não ganhou muita tração", disse Zuckerberg ao tribunal.

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"Provavelmente, tentamos criar dezenas de aplicativos ao longo da história da empresa e a maioria deles não deu certo", disse.

O depoimento de Zuckerberg ocorre no momento em que a Meta está se defendendo, anos após a divulgação de declarações delicadas retiradas de documentos do próprio Facebook, como um email de 2008 no qual ele disse que "é melhor comprar do que competir".

A empresa argumenta que suas intenções passadas são irrelevantes porque a FTC definiu o mercado de mídia social de forma imprecisa e não levou em conta a forte concorrência que a Meta tem enfrentado do TikTok da ByteDance, do YouTube da Alphabet e do aplicativo de mensagens da Apple.

A FTC acusa a Meta de deter o monopólio das plataformas usadas para compartilhar conteúdo com amigos e familiares, sendo que seus principais concorrentes nos Estados Unidos são o Snapchat da Snap e o MeWe, um pequeno aplicativo de mídia social voltado para a privacidade lançado em 2016.

As plataformas em que os usuários transmitem conteúdo para estranhos com base em interesses compartilhados, como X, TikTok, YouTube e Reddit, não são intercambiáveis, argumenta a FTC.

(Reportagem de Jody Godoy em Washington e Katie Paul em Nova York)

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