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Escola de samba de São Paulo aposta em tecnologia com mundo virtual paralelo

21/02/2020 14h21

Por Peter Frontini

SÃO PAULO (Reuters) - Enquanto um ritmista se prepara para tocar seu instrumento na sede da Rosas de Ouro em São Paulo, um robô adaptado com dois braços mecânicos pega as baquetas, entrega para ele e começa a dançar no ritmo de seus batuques movendo os braços para cima e para baixo.

Essa é apenas uma das novidades tecnológicas que a tradicional escola de samba paulistana vai mostrar em seu desfile do Carnaval no sambódromo do Anhembi. A Rosas de Ouro escolheu o tema Revolução Industrial 4.0 para o desfile deste ano, na madrugada do dia 23 de fevereiro.

"Toda revolução muda a sociedade, e a gente percebeu que não dava só para falar sobre isso, a gente tinha que trazer para o desfile", disse Elcio Brito, líder do comitê de gestão do projeto Carnaval 4.0 da Rosas de Ouro.

"No mundo físico, teremos robôs ajudando a bateria, enquanto no mundo digital a gente tem a realidade aumentada ajudando a Rosas a aumentar o poder de comunicação dela", afirmou.

O desfile também contará com uma passista virtual em realidade aumentada que pode ser vista ao se apontar a câmera de um smartphone para um dos carros alegóricos da escola no desfile do próximo domingo.

O samba-enredo da escola conta a história de um robô que se considera ultrapassado pelo rápido avanço da tecnologia e deseja ver as pessoas criando conexões mais humanas entre si. O pequeno robô também poderá ser visto sambando junto com a escola em seu aplicativo por meio da realidade aumentada.

O projeto —feito em parceria com empresas como a Nokia e a Mercedes-Benz, também em conjunto com três universidades (Universidade de São Paulo, Instituto Mauá de Tecnologia e Centro Universitário FEI)— promove uma inovação inédita também nos bastidores de uma escola de samba.

"Estamos construindo ao lado do sambódromo físico uma avenida digital por onde a escola passará, haverá um mundo virtual paralelo ao mundo físico", explicou Ari Costa, pesquisador do Instituto Mauá e coordenador da parte de saúde e sustentabilidade do projeto.

Ari explicou também que as fantasias e carros alegóricos usados no desfile terão etiquetas de identificação por radiofrequência que serão usadas para monitorar a velocidade da escola na avenida para garantir que cada ala cumprirá o tempo correto, evitando assim punição.

O público que assistir ao desfile, tanto no sambódromo, como em casa, terá acesso a essas e outras informações através do aplicativo da escola e também poderá ler um QR Code impresso nas fantasias de uma das alas do desfile para vesti-las através da realidade aumentada.

"A gente quer democratizar as informações, que são a essência dessa evolução, com quem está desfilando e também com quem está assistindo, para que as pessoas possam se preparar para esse mundo novo que está chegando", disse Brito.

(Com reportagem adicional de Leonardo Benassatto)