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Bolsa aprende com erros do passado e é mais cautelosa ao investir em tec

Escritório da WeWork é visto em Nova York; fracasso da WeWork ao entrar na bolsa foi visto como positivo para aqueles preocupados com um mercado de tecnologia excessivamente exuberante - Timothy A. Clary/AFP
Escritório da WeWork é visto em Nova York; fracasso da WeWork ao entrar na bolsa foi visto como positivo para aqueles preocupados com um mercado de tecnologia excessivamente exuberante Imagem: Timothy A. Clary/AFP

18/02/2020 17h42

Por Noel Randewich e Lewis Krauskopf

SÃO FRANCISCO/NOVA YORK (Reuters) - Enquanto Wall Street se aproxima do vigésimo aniversário do rompimento da bolha da internet, o rali atual que já dura uma década mostra algumas semelhanças que investidores cautelosos estão de olho.

O dia 11 de março de 2000 marcou o início de um ajuste negativo em ações sobrevalorizadas que duraria mais de dois anos, levando ao fracasso de favoritos entre investidores, incluindo Worldcom e Pets.com. Foram mais de 13 anos para que Wall Street se recuperasse.

Tal 'estouro' encerrou um rali que fez o Nasdaq subir 1.000%, alimentado por baixas taxas de juros e uma corrida para investir a qualquer custo na emergente World Wide Web.

Agora, depois de atingir um recorde em 13 de fevereiro, o índice Nasdaq alcançou mais de 9.700 pontos, quase o dobro de sua máxima em 2000 e cerca de oito vezes o recorde de 2002.

Entre os chamados "Quatro Cavaleiros" das ações de tecnologia que alimentaram grande parte do rali de tecnologia dos anos de 1990, apenas o preço das ações da Microsoft se recuperou da crise das empresas de internet. A Intel e a Cisco Systems permanecem abaixo das máximas de 2000, enquanto a Dell, o quarto membro, fechou capital e foi relistada depois no mercado de ações.

A Microsoft está em duelo com a Apple pelo título de empresa de capital aberto mais valiosa de Wall Street. O preço das ações da gigante do software quadruplicou desde que o presidente-executivo, Satya Nadella, assumiu o comando em 2014 e reorientou a companhia para atuar em computação em nuvem, uma tecnologia central para a atual rali das ações do Vale do Silício.

Com um valor de mercado de 1,4 trilhão de dólares, a Microsoft agora negocia mais de 30 vezes os lucros esperados, sua avaliação mais alta desde 2002, mas ainda menos da metade do múltiplo mais alto alcançado durante a era da bolha da internet.

A Intel e a Cisco, que não estão mais entre as ações de tecnologia preferidas de Wall Street depois que os investidores voltaram a se concentrar em software, estão negociando em múltiplos de acordo com os últimos anos.

Apple, Amazon, Alphabet - dona do Google - e Facebook viram seus múltiplos subirem recentemente, mas ainda estão dentro dos limites vistos nos últimos anos, enquanto conduziam grande parte do rali do S&P 500.

No mercado de ações, porém, múltiplos de lucros estão testando níveis que vieram logo após a explosão da bolha da internet. O múltiplo avançado do S&P 500 atingiu recentemente 18,8, o mais alto desde 2002. A 22,5, o múltiplo do índice de tecnologia do S&P 500 está no seu nível mais alto desde 2004, mas ainda não está nem perto do seu pico de 48 em 2000.

Com a Apple, Amazon, Alphabet e outras empresas de tecnologia alimentando grande parte do rali de Wall Street desde a crise financeira de 2008-2009, alguns investidores temem que o mercado se torne vulnerável a qualquer desaceleração entre essas empresas.

Somente as ações da Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet e Facebook representam cerca de 18% do índice de referência S&P 500.

"Embora os níveis de preço (valuation) não sejam tão extremos, a conclusão é a mesma do ponto de vista do mercado. Se por algum motivo esses nomes falharem, será certamente muito difícil para o Nasdaq, no qual elas têm mais peso, mas mesmo o mercado como um todo, o S&P ... ter bom desempenho", disse Walter Todd, diretor de investimentos da Greenwood Capital, na Carolina do Sul.

No auge da era das empresas de internet, as ações de tecnologia representavam mais de 35% do valor do S&P 500. Hoje, o setor de tecnologia responde por cerca de 25% da capitalização de mercado do S&P 500, de acordo com o Refinitiv Datastream. Mas, combinando o setor de tecnologia com o setor de comunicações, que inclui empresas relacionadas à internet como Alphabet, Facebook e Netflix, o grupo responde por 35% do S&P 500.

A enxurrada de empresas não lucrativas que pretendiam abrir capital nos últimos anos trouxe a investidores sinais semelhantes ao boom da internet. Mas o espetacular fracasso da WeWork em realizar um IPO de bilhões de dólares no ano passado foi visto como um sinal positivo para aqueles preocupados com um mercado excessivamente exuberante e a disposição dos investidores de comprar ações de empresas sem caminho claro para a lucratividade.

Preocupações mais recentes foram provocadas por ganhos maciços - e para alguns investidores, confusos - pela Tesla. O preço das ações da montadora de veículos elétricos subiu 90% somente em 2020.

"Assistir à Tesla na semana passada parecia muito com a bolha", disse Nancy Tengler, diretora de investimentos da Laffer Tengler Investments.