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China diz a empresas dos EUA que boicote trará "consequências terríveis"

Decisão dos EUA proíbe empresas norte-americanas de fornecer serviços e produtos à Huawei - Fred Dufour/Reuters
Decisão dos EUA proíbe empresas norte-americanas de fornecer serviços e produtos à Huawei Imagem: Fred Dufour/Reuters

Cate Cadell e Michael Martina

De Pequim

10/06/2019 12h14

A China convocou empresas globais de tecnologia para conversas na semana passada, após a proibição dos Estados Unidos a vendas de tecnologia à chinesa Huawei Technologies, disseram duas pessoas familiarizadas com o tema à Reuters neste domingo.

A suspensão da Huawei, maior fabricante do mundo de equipamentos para redes de telecomunicações, proíbe empresas dos EUA de fornecer à empresa muitos produtos e serviços devido ao que Washington afirma serem preocupações com segurança nacional, uma medida potencialmente danosa que rapidamente aumentou tensões comerciais entre EUA e China.

A Huawei nega que seus equipamentos representem uma ameaça à segurança.

Pouco depois, Pequim anunciou que divulgaria sua própria lista de entidades estrangeiras "não confiáveis". O país também sugeriu que irá limitar o fornecimento de terras raras aos EUA.

Uma pessoa na gigante norte-americana de softwares Microsoft disse que o encontro da companhia com autoridades chinesas não foi um alerta direto, mas afirmou que foi deixado claro para a empresa que cumprir com as proibições dos EUA provavelmente levaria a novas complicações para todos os participantes do setor.

A companhia foi solicitada a não adotar medidas precipitadas ou infundadas antes que a situação seja compreendida inteiramente, acrescentando que o tom foi conciliatório.

A Microsoft não quis comentar.

As reuniões, lideradas pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas (NDRC, na sigla em inglês) da China, foram noticiadas primeiramente pelo New York Times. Segundo o jornal, grandes empresas estrangeiras de tecnologia foram alertadas a não cumprir a proibição dos EUA às vendas de tecnologia norte-americana para empresas chinesas, sob risco de poderem enfrentar "consequências terríveis".

A NRDC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado pela Reuters por fax.

Não é incomum que a China convoque representantes de empresas domésticas e estrangeiras, às vezes em grupos, para expor suas visões.

Uma pessoa de uma outra companhia de tecnologia dos EUA na China que foi informada por colegas sobre a participação da empresa na reunião disse à Reuters que o tom foi "muito mais ameno" do que o esperado.

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"Nenhuma menção à Huawei. Nenhum ultimato. Só pediram para permanecer no país, contribuir para uma negociação em que ambos os lados ganham", disse a pessoa, que não quis ser identificada por nome ou empresa devido à sensibilidade do tema.

"Eu acho que eles percebem que ainda precisam de tecnologias e produtos dos EUA por ora; a auto-suficiência vai levar um bom tempo, e só depois eles podem nos expulsar", disse a pessoa.

O New York Times publicou que outras companhias convocadas para reuniões na terça e quarta-feira da semana passada incluíam a fabricante de computadores dos EUA Dell Technologies, as sul-coreanas Samsung Electronics [005930.KS] e SK Hynix Inc [000660.KS], e a desenvolvedora de chips britânica ARM, que no mês passado suspendeu o fornecimento à Huawei.

Samsung e SK Hynix não quiseram comentar. A Dell não respondeu de imediato a um pedido de comentário enviado por email neste domingo, enquanto um porta-voz da ARM não pôde ser contatado imediatamente.