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EUA x Huawei: país quer que executiva presa seja acusada de fraude

Imagem de Meng Wanzhou em um dos aparelhos expostos em loja da Huawei - Ng Han Guan/AP Photo
Imagem de Meng Wanzhou em um dos aparelhos expostos em loja da Huawei Imagem: Ng Han Guan/AP Photo

Julie Gordon e Anna Mehler Paperny

Da Reuters, em Vancouver e Toronto

08/12/2018 10h54

Promotores dos Estados Unidos querem que uma das principais executivas da companhia chinesa Huawei enfrente acusações de fraude relacionadas à violação de sanções contra o Irã, segundo informações de uma audiência realizada em um tribunal canadense nesta sexta-feira (7).

A vice-presidente financeira da Huawei, Meng Wanzhou, de 46 anos, que também é filha do fundador da companhia, foi presa em 1º de dezembro a pedido dos Estados Unidos.

Meng enfrenta acusações de fraude nos EUA por supostamente acobertar a relação da Huawei com a Skycom, sediada em Hong Kong, segundo evidências lidas no tribunal nesta sexta-feira.

De 2009 a 2014, segundo as evidências lidas, a Huawei usou a Skycom para operar negócios no Irã, apesar de proibições dos EUA e da União Europeia.

Se for extraditada, Meng pode enfrentar acusações de conspiração para fraudar múltiplas instituições financeiras, afirmaram promotores, com uma sentença máxima de 30 anos para cada acusação.

Meng foi recebida na lotada Suprema Corte da Columbia Britânica por dezenas de fotógrafos que estavam do lado de fora do prédio. Ela conversou com seus dois advogados através de um tradutor.

A notícia da prisão de Meng abalou mercados acionários globais por temores de que a medida poderá escalar a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra China, logo após uma suposta trégua anunciada na semana passada entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping.

Na quinta-feira (6), autoridades dos EUA disseram que Trump não soube da prisão da executiva antecipadamente.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, disse nesta sexta-feira que nem o Canadá nem os Estados Unidos forneceram qualquer evidência de que Meng violou alguma lei destes dois países e reiterou a demanda de Pequim para que ela seja solta.

A Huawei disse na quarta-feira que "a companhia recebeu pouca informação sobre as acusações e não está ciente de nenhuma irregularidade da parte da senhora Meng". Um porta-voz da Huawei não quis comentar na quinta-feira e disse que a declaração de quarta-feira ainda era válida.

A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, disse a repórteres durante uma conferência telefônica que a China foi assegurada pelo Canadá de que "o devido processo legal está sendo absolutamente seguido".

Funcionários da Huawei que receberam um comunicado interno disseram à Reuters nesta sexta-feira que a companhia apontou o presidente do conselho, Liang Hua, como vice-presidente financeiro executivo após a prisão de Meng.

A imprensa estatal chinesa criticou a prisão de Meng, acusando os EUA de tentarem "abafar" a Huawei e limitar sua expansão global.

Em janeiro de 2013, a Reuters publicou que a Skycom Tech, que tentou vender equipamentos embargados da Hewlett-Packard à maior operadora de telefonia móvel do Irã, tinha laços muito mais próximos à Huawei do que se sabia antes.

Meng, que também já usou os nomes ingleses Cathy e Sabrina, participou do conselho de administração da Skycom entre fevereiro de 2008 e abril de 2009, segundo registros da Skycom. Além disso, diversos outros diretores atuais e passados da Skycom aparentam ter conexões com a Huawei.

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