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Agência de inteligência interna alemã critica Vale do Silício por notícias falsas

27/11/2017 15h14

Por Emma Thomasson e Sabine Siebold

BERLIM (Reuters) - O chefe da agência de inteligência interna da Alemanha acusou nesta segunda-feira os gigantes de tecnologia norte-americanos como o Facebook de não assumir responsabilidade pelo conteúdo em seus sites, prejudicando a democracia ao não diferenciar entre fatos e opiniões.

"Hoje, estamos descobrindo um 'quinto poder' que faz reivindicações, mas até agora não quer assumir nenhuma responsabilidade social", disse Hans-Georg Maassen em uma conferência sobre segurança cibernética organizada pelo jornal alemão Handelsblatt.

"Estas são enormes empresas digitais que só se veem como transportadoras de informações e se escondem atrás dos privilégios legais das plataformas porque não querem assumir a verificação editorial de seu conteúdo".

A Alemanha tem sido uma das principais defensoras da regulamentação mais rigorosa das redes sociais, aprovando uma lei em junho para introduzir multas de até 50 milhões de euros para as empresas que não conseguirem remover prontamente publicações com discurso de ódio.

O Facebook reagiu à regulamentação mais rígida na Alemanha e em outros lugares ao anunciar planos para contratar milhares de funcionários extras para monitorar relatórios de material inadequado e revisar anúncios.

Maassen disse ser significativo que o Facebook tenha admitido que milhões de usuários viram anúncios politicamente divisionistas no site, que foram comprados na Rússia antes e depois das eleições presidenciais dos EUA no ano passado.

     "O pluralismo democrático perde os seus fundamentos se já não se baseia em fatos e a realidade é reduzida a opiniões", disse ele.

Maassen disse que estava satisfeito por não ter havido grandes falhas cibernéticas ou notícias suspeitas antes das eleições da Alemanha em setembro, apesar de meses de alertas, mas ele acrescentou que isso foi em parte devido ao trabalho de sua agência e não uma causa de complacência.

O Facebook disse que deu passos antes das eleições alemãs para garantir que a rede social não fosse usada como uma plataforma para manipular a opinião pública, incluindo a remoção de dezenas de milhares de contas falsas.

(Por Emma Thomasson e Sabine Siebold)