4% das crianças falam de emoções com IA, e Brasil define idade para ChatGPT

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts). Nesta semana: Idade certa para IA; China estuda na escola do Piauí; Lucrando com dados; China vem para guerra tech)

O uso de inteligência artificial por crianças pequenas e adolescentes desafia pai, mães, escolas e governos de todo o mundo. Nos Estados Unidos, 20% dos jovens estudantes de Ensino Médio já se relacionam amorosamente com a IA, um fenômeno que começa a ser visto no Brasil entre crianças pequenas.

No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicam por que a onda de uso da IA acendeu o alerta entre países e como o Brasil segue a tendência global para estipular uma idade adequada para uso dessas plataformas.

Enquanto adultos tentam entender o que muda com a IA, crianças e adolescentes já usam a tecnologia para conversar sobre emoções e até para criar laços românticos. A pesquisa TIC Kids, do Nic.br, mostra que, no Brasil, 65% dos jovens de 9 a 17 anos já usam IA; entre as crianças de 9 a 10 anos, 4% já usam IA para falar de sentimentos.

Existe ou deveria existir uma idade certa para as pessoas, para as crianças e adolescentes começarem a usar ferramentas de inteligência artificial? Essa é uma discussão que está rolando no mundo e acabou de chegar ao Brasil, mas, enquanto as autoridades públicas estão conversando e discutindo o que fazer, as crianças e adolescentes não querem nem saber de regras ou de limites
Helton Simões Gomes

A pesquisa realizada nos EUA mostra ainda que quase 33% dos jovens têm ou já tiveram companheiros virtuais de IA, lembra Diogo. Ele explica que a IA cria relações parassociais. Ou seja, gera a sensação de um amigo ou parceiro, mas sem pessoa real alguma do outro lado.

O risco evidente dessas situações, acrescenta, é as crianças sempre ouvirem "sim" da IA, o que compromete a capacidade delas de lidar com frustrações e relações fora da tela.

Até do ponto de vista de que essas crianças que estão se relacionando agora com essas inteligências artificiais e essas inteligências artificiais, a gente sabe, é isso, a gente já sabe, é um fato dado, que ela não quer te chatear.

Ela [IA] vai fazer de tudo para te agradar, te manter ali dentro da plataforma. Acaba sendo uma interação em que a criança ou adolescente sempre vai ouvir um 'sim', raramente ou quase nunca vai ouvir um 'não'. É uma relação parassocial, então ela acredita que está conversando ali com um amigo ou com uma namorada, mas do outro lado não existe um amigo e uma namorada, é só uma questão probabilística. Existe essa projeção desse relacionamento de uma coisa muito mais amistosa, que não te contradiz e, de certa forma, transposta para a vida real.
Diogo Cortiz

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Outros países discutem restrições de idade. A Austrália já proíbe menores de 16 anos em redes sociais, a Dinamarca debate um limite e, nos EUA, a Suprema Corte decidiu que a verificação de idade não infringe a liberdade de expressão. No Brasil, o Ministério da Justiça criou o eixo da interatividade na classificação indicativa para incluir plataformas digitais como redes sociais e chatbots de IA.

Hoje em dia, [a classificação indicativa] tem três eixos que valem sobretudo para conteúdo. Que é se a obra tem sexo, drogas ou muitas cenas de violência. Mas tudo isso vale para conteúdo. Ou seja, era muito difícil usar esses critérios para classificar, por exemplo, o Facebook ou uma loja de e-commerce. E agora, criaram um quarto eixo que é chamado de interatividade digital. E a justificativa é que os riscos para a criança, muito do que tem sido visto hoje em dia, acontece com mais ênfase na interatividade do que só pelo conteúdo.
Helton Simões Gomes

Já o ECA Digital vai exigir verificação etária a partir de 2026. Além disso, a nova legislação prevê controles de parentalidade, permitindo que pais, mães e responsáveis autorizem ou restrinjam o acesso dos filhos a plataformas recomendadas para idades mais altas.

IA na educação: China aprende na escola onde o Piauí dá aula

A China começou em 2025 a implantar uma política nacional para ensinar inteligência artificial a crianças a partir dos 6 anos. Desta vez, o país está atrasado. O Piauí já dá aulas de IA nas escolas estaduais desde o começo de 2024. No novo episódio de DEU TILT, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes explicam como o projeto brasileiro virou referência internacional ao ensinar IA de forma adaptada à realidade local.

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No estado brasileiro, a metodologia mistura computadores e métodos tradicionais, como lousa e cartolina.

A China tá estudando na escola em que o Piauí, o estado brasileiro lá do Nordeste, tá dando aula, cara. A gente fala muito da China aqui e sobre como ela tem injetado na veia a ideia de inovação, inclusive levado para dentro das escolas o ensino de inteligência artificial, mas o Piauí começou isso há mais de um ano.
Helton Simões Gomes

China briga com aliado dos EUA e mostra poder de parar mundo da tecnologia

A disputa entre China e Estados Unidos escalou ao ponto de ameaçar cadeias globais de tecnologia. No novo episódio de DEU TILT, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes detalham como a rivalidade já impõe gargalos a cadeias globais de indústrias como a automobilística e a de eletrônicos.

Considerando apenas a tecnologia, o impasse começou quando os EUA proibiram a exportação de chips avançados da Nvidia para a China, decisão revertida após pressão do CEO da empresa, Jensen Huang. A China respondeu limitando a exportação de terras raras, minerais essenciais para carros elétricos, celulares e armamentos.

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A China tem a maior reserva, ela tem o maior processamento, ela processa 90% das terras raras porque ela tem a tecnologia de processamento desse tipo de material. Os Estados Unidos não tem, o resto do mundo não tem, e agora o que a China fez é fechar a torneirinha da tecnologia que também processa e exporta isso. Então esse é o grande xeque-mate que a China deu no jogo geopolítico da tecnologia, que fez o Donald Trump reagir e falar, vou tarifar 100% de tarifa agora, se a gente não resolver isso começa em dezembro.
Diogo Cortiz

Essa startup quer transformar seus dados em dinheiro; vale a pena?

O tempo que você passa em redes sociais e aplicativos está virando ouro para as empresas, mas não para você. No novo episódio de DEU TILT, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, os apresentadores Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes explicam como a Drumwave, uma startup criada por um brasileiro no Vale do Silício, promete pagar usuários pelos dados que geram no dia a dia digital.

A Drumwave chega ao Brasil com uma proposta ousada: criar carteiras digitais de dados, onde cada usuário armazena certificados de suas interações -como pedidos no iFood- e pode licenciar essas informações a terceiros.

A startup usa a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como base para permitir que as pessoas peçam seus dados de volta às companhias que os armazenam. A partir daí, é que podem passar a receber por eles.

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DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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