Após EUA, Reino Unido e Alemanha, Itália denuncia resumos de IA do Google
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Veículos de notícias italianos apresentaram uma denúncia formal à Agcom (Autoridade de Comunicações da Itália) contra um recurso do Google que gera resumos por inteligência artificial. Eles alegam que o mecanismo "assassina o tráfego", já que são exibidos diretamente dos resultados da pesquisa, eliminando a necessidade de cliques nos sites originais.
Além da Itália, entidades do Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos também se queixam da ferramenta (veja abaixo).
O que aconteceu
Recurso foi lançado em maio de 2024. O "AI Overviews" ("Visão geral criada por IA") é uma inteligência artificial (IA) generativa que condensa informações rápidas coletadas da internet antes dos resultados tradicionais.
Entidade italiana quer impedir que o Google forneça a resposta diretamente na página de resultados. A FIEG (Federação Italiana de Editores de Jornais) entende que essa prática estaria roubando cliques necessários para a geração de receitas publicitárias e de assinatura das editoras, já que, ao mostrar informações sem precisar sair da página de pesquisa, as pessoas não precisam clicar nas matérias originais.
Serviços do Google "violam disposições fundamentais da lei de serviços digitais, com efeitos prejudiciais aos usuários, consumidores e empresas italianas", diz entidade italiana. "Isso tem consequências sérias para a sustentabilidade econômica e a diversidade da mídia, com todos os riscos associados à falta de transparência e à proliferação de desinformação no debate democrático", disse a FEIG em comunicado.
Entidades do Reino Unido, Alemanha e EUA também se queixam de recurso
O Reino Unido também se queixou sobre a ferramenta do Google. Em julho, enviou uma reclamação formal à CMA (Competition and Markets Authority) pedindo que implementasse medidas provisórias para impedir que a empresa continuasse utilizando indevidamente o conteúdo das editoras nas respostas geradas por IA. Eles argumentaram que a ferramenta estava "roubando o jornalismo".
Na Alemanha, uma aliança de organizações de mídia e digitais também expressou seu descontentamento com o resumo por IA. Ela alegou que as respostas geradas pela IA do Google competiam com conteúdos jornalísticos e editoriais e privavam os editores de alcance e receita de anúncios, violando disposições importantes da Lei de Serviços Digitais (DSA) da UE.
Já nos Estados Unidos, a Penske Media, editora dos sites Hollywood Reporter e Variety, processou o Google pelo impacto da ferramenta. Segundo a acusação, cerca de 20% dos resultados de pesquisa no Google que contêm um link para um de seus sites apresentam uma opção resumida por AI, afetando negativamente os cliques. A receita de afiliados proveniente de links de compra também caiu.
O que diz o Google
No caso do Reino Unido, um porta-voz do Google afirmou que a pesquisa prioriza o envio de tráfego para a web. "Mais do que qualquer outra empresa, nós enviamos bilhões de cliques para sites todos os dias", disse.
A vice-presidente do Google e chefe de pesquisa, Elizabeth Reid. afirmou que o "AI Overviews" é um dos maiores sucessos do setor na última década. A executiva afirmou que, nos EUA e Índia, dois dos maiores mercados do Google, a ferramenta ajudou no aumento de mais de 10% no uso da pesquisa que mostra o resumo em comparação com um grupo que não usou a função.
A empresa também comentou que os sites podem optar por não participar do recurso. Porém, em troca, poderiam perder visibilidade na busca do Google, como revelaram documentos internos da empresa. A opção dada às editoras para não enviar os dados aos "AI Overviews" era usar os "controles de snippets" — ferramenta que os sites podem usar pra limitar ou impedir que o Google exiba um resumo do conteúdo da página nos resultados da pesquisa. Mas, segundo o próprio Google, isso levaria à "perda substancial de tráfego" para os sites.
Outros modelos de IA na mira
Em 2023, o jornal The New York Times entrou com uma ação judicial contra a OpenAI (ChatGPT), e a Microsoft. Segundo a acusação, as duas empresas utlizaram seus artigos para alimentar seus modelos de inteligência artificial. O jornal estimou em bilhões de dólares os danos sofridos e exigiu uma indenização.


























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