'Soberania é ter direito a um destino digital', diz embaixador

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, os assuntos são: o plano tech dos Brics; 'guerra fria tecnológica'; Uso militar da IA; o Brasil no 'tabuleiro de War da tecnologia'; o destino digital do Brasil)

O Brasil defende cinco prioridades na disputa global pela inteligência artificial, afirma o embaixador Eugênio Vargas Garcia, diretor do Itamaraty, em entrevista ao Deu Tilt, podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas.

Segundo ele, a estratégia brasileira tem como eixos centrais a soberania digital, o multilateralismo, o acesso aberto à tecnologia, a diversidade linguística e padrões éticos robustos.

Soberania digital é o direito à autodeterminação de cada país de poder desenvolver, regular e controlar o seu próprio destino digital.
Eugênio Vargas Garcia

No plano interno, Garcia lembra que a regulação da IA ainda está em debate e deve envolver diferentes setores da sociedade, citando o projeto de lei em tramitação e o PBIA. Já no cenário internacional, o desafio é a fragmentação das regras e a ausência de consensos. Para o embaixador, a ONU é o fórum mais adequado para conduzir o debate, justamente por incluir também os países em desenvolvimento.

O melhor foro são as Nações Unidas, porque lá estão todos os países representados, inclusive países em desenvolvimento, do chamado Sul Global.
Eugênio Vargas Garcia

O acesso aberto à tecnologia é outra prioridade. Garcia alerta para os riscos de barreiras comerciais e restrições baseadas em segurança nacional, como o controle de exportação de chips, que dificultam o desenvolvimento de países como o Brasil.

Nossa posição é de não criar barreiras, para que o acesso seja mais facilitado aos países em desenvolvimento, para que haja abertura e transparência na difusão da tecnologia, e não o contrário.
Eugênio Vargas Garcia

O diplomata ressalta também a importância de padrões éticos e de diversidade cultural. Isso inclui transparência, prestação de contas, respeito aos direitos humanos, combate ao viés e à discriminação nos algoritmos, e a inclusão de diferentes línguas nos sistemas. Tudo isso, de fato, já está incorporado na nossa visão", conclui.

Continua após a publicidade

O Brasil quer liderar um novo caminho de autonomia tecnológica entre os países do BRICS, afirma Eugênio Vargas Garcia, diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia, Inovação e Propriedade Intelectual (DCT) do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista ao Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas.

Entre as propostas brasileiras está a instalação de um cabo submarino intercontinental ligando o Brasil à África, Oriente Médio, Índia, Sul da Ásia e China. A obra, ainda em fase de estudos de viabilidade, busca parceiros interessados em financiar a construção.

China? EUA? "Na 'Guerra Fria tecnológica', escolhemos o lado do Brasil", diz embaixador'

O Brasil busca fortalecer sua autonomia tecnológica e diversificar parcerias diante da disputa global entre China e Estados Unidos, afirma o embaixador Eugênio Vargas Garcia ao Deu Tilt, do Canal UOL.

Continua após a publicidade

Segundo ele, o país não deve se alinhar incondicionalmente a nenhuma potência, mas investir em ciência, tecnologia e acordos estratégicos que reforcem caminhos próprios. Um exemplo disso é o acordo com a Suécia para a produção dos caças Gripen, que permitiu a transferência de tecnologia numa área estratégica.

O Brasil não tem que escolher um lado ou outro, tem que escolher o lado do Brasil. [...] O que eu quero fazer agora é desenvolver o meu próprio país, alcançar o desenvolvimento científico e tecnológico.
Eugênio Vargas

Uso militar da IA: 'não devemos delegar decisão de vida e morte às máquinas', diz embaixador

O avanço da inteligência artificial em aplicações militares exige limites éticos claros, defende o embaixador Eugênio Vargas Garcia, diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia, Inovação e Propriedade Intelectual do Itamaraty, em entrevista ao Deu Tilt, do Canal UOL.

Segundo ele, a IA já é realidade nas forças armadas de grandes potências, o que torna urgente discutir regras de uso. "Não devemos delegar decisões de vida ou morte às máquinas. Isso é fundamental, e não só no aspecto militar. Em um hospital, por exemplo, não se pode transferir essa decisão para um sistema de IA."

Continua após a publicidade

O gênio saiu da lâmpada. A IA já está sendo usada por forças armadas no mundo inteiro, sobretudo pelas potências militares. Não dá para voltar atrás.
Eugênio Vargas Garcia

Chip é 'vulnerabilidade' do Brasil no 'tabuleiro de War da tecnologia', diz embaixador

"Nós somos totalmente dependentes de semicondutores importados. A indústria nacional cobre só 10% da nossa necessidade. O resto precisa ser importado", explica.Segundo Garcia, a disputa global por chips envolve justificativas de segurança que acabam servindo para impor controles de exportação.

Apesar das limitações, o país busca avançar quando o assunto são os supercomputadores. O embaixador cita o Santos Dumont, que opera a 20 petaflops. "E está em curso o projeto de aquisição de um novo supercomputador de classe mundial, com investimento previsto de R$ 1,8 bilhão", acrescenta.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

Continua após a publicidade

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.