Por que chip é ponto fraco do Brasil no 'tabuleiro de War da tecnologia'?

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, os assuntos são: o plano tech dos Brics; 'guerra fria tecnológica'; Uso militar da IA; o Brasil no 'tabuleiro de War da tecnologia'; o destino digital do Brasil)

A dependência do Brasil em semicondutores importados deixa o país vulnerável no cenário global, afirma o embaixador Eugênio Vargas, diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia, Inovação e Propriedade Intelectual do Itamaraty, em entrevista ao Deu Tilt, podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas.

"Nós somos totalmente dependentes de semicondutores importados. A indústria nacional cobre só 10% da nossa necessidade. O resto precisa ser importado", explica.Segundo Garcia, a disputa global por chips envolve justificativas de segurança que acabam servindo para impor controles de exportação.

Apesar das limitações, o país busca avançar quando o assunto são os supercomputadores. O embaixador cita o Santos Dumont, que opera a 20 petaflops. "E está em curso o projeto de aquisição de um novo supercomputador de classe mundial, com investimento previsto de R$ 1,8 bilhão", acrescenta.

Dentro do PBIA (Plano Brasileiro de Inteligência Artificial) há a proposta de comprar um supercomputador entre os mais potentes do mundo. Isso é fácil? Não. Mas já há recursos alocados para isso
Eugênio Vargas Garcia

Para o diplomata, mesmo diante da complexidade geopolítica e da diferença de escala em relação a Estados Unidos, China e países europeus, o Brasil precisa investir em pesquisa, formação de talentos e infraestrutura tecnológica para garantir soberania digital.

Apesar da geopolítica ser complexa, a gente tem que fazer o nosso trabalho, o nosso dever de casa
Eugênio Vargas Garcia

Mar, nuvem e supercomputador: Brasil e Brics criam megaplano de tecnologia

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O Brasil quer liderar um novo caminho de autonomia tecnológica entre os países do BRICS, afirma Eugênio Vargas Garcia, diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia, Inovação e Propriedade Intelectual (DCT) do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista ao Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas.

Entre as propostas brasileiras está a instalação de um cabo submarino intercontinental ligando o Brasil à África, Oriente Médio, Índia, Sul da Ásia e China. A obra, ainda em fase de estudos de viabilidade, busca parceiros interessados em financiar a construção.

O Brasil busca fortalecer sua autonomia tecnológica e diversificar parcerias diante da disputa global entre China e Estados Unidos, afirma o embaixador Eugênio Vargas Garcia ao Deu Tilt, do Canal UOL.

Segundo ele, o país não deve se alinhar incondicionalmente a nenhuma potência, mas investir em ciência, tecnologia e acordos estratégicos que reforcem caminhos próprios. Um exemplo disso é o acordo com a Suécia para a produção dos caças Gripen, que permitiu a transferência de tecnologia numa área estratégica.

O Brasil não tem que escolher um lado ou outro, tem que escolher o lado do Brasil. [...] O que eu quero fazer agora é desenvolver o meu próprio país, alcançar o desenvolvimento científico e tecnológico.
Eugênio Vargas

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Uso militar da IA: 'não devemos delegar decisão de vida e morte às máquinas', diz embaixador

Segundo ele, a IA já é realidade nas forças armadas de grandes potências, o que torna urgente discutir regras de uso. "Não devemos delegar decisões de vida ou morte às máquinas. Isso é fundamental, e não só no aspecto militar. Em um hospital, por exemplo, não se pode transferir essa decisão para um sistema de IA."

O gênio saiu da lâmpada. A IA já está sendo usada por forças armadas no mundo inteiro, sobretudo pelas potências militares. Não dá para voltar atrás
Eugênio Vargas Garcia

'Soberania digital é direito ao destino digital', diz Eugênio Vargas

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O Brasil defende cinco prioridades na disputa global pela inteligência artificial, afirma o embaixador Eugênio Vargas Garcia, diretor do Itamaraty, em entrevista Deu Tilt, do Canal UOL.

Segundo ele, a estratégia brasileira tem como eixos centrais a soberania digital, o multilateralismo, o acesso aberto à tecnologia, a diversidade linguística e padrões éticos robustos.

Soberania digital é o direito à autodeterminação de cada país de poder desenvolver, regular e controlar o seu próprio destino digital."
Eugênio Vargas Garcia

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nasplataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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