'Vale-refeição não é bom, mas ações são excelentes', diz diretor da Nvidia
Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt
17/06/2025 12h52
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, os assuntos são: Por dentro da empresa mais valiosa do mundo; como GPU da Nvidia virou queridinha da IA; 'Quer copiar? Toma aqui o modelo', diz Nvidia; O otimismo da Nvidia com o Brasil)
Da explosão da computação pessoal aos games e passando pela mineração de bitcoin, a Nvidia surfa ondas do mundo da tecnologia desde que foi criada em 1993. A última delas alçou suas GPUs (Unidades de Processamento Gráfico) à condição de peça fundamental no boom da inteligência artificial e fez a norte-americana assumir o posto de companhia mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 3,5 trilhões.
Em entrevista a Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Marcio Aguiar, diretor-geral da Nvidia para a América Latina para assuntos corporativos, conta o que fez da fabricante de chips voltados para processar pesquisas acadêmicas virar a queridinha da IA e revela detalhes de como é trabalhar na empresa que desbancou as Big Tech em valor de mercado.
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Marcio Aguiar, diretor-geral da Nvidia para a América Latina para assuntos corporativos
Fundada no começo da década de 1990, quando os computadores pessoais apenas começavam a entrar nos lares, a Nvidia só lançou seu primeiro chip seis anos depois. Caiu no gosto dos "micreiros", pessoas que preferiam montar suas máquinas do zero. Para Aguiar, muitos dos atuais grandes consumidores conheceram a empresa nessa fase.
O foco da empresa é ser a pioneira e abrir novos mercados. A gente sabe que esse pioneirismo nos leva a liderança, provisória ou não, mas a gente mais se atém é que as pessoas se lembram da primeira GPU. Hoje, a maioria dos nossos clientes corporativos cresceram usando essas plataformas computacionais da Nvidia
Marcio Aguiar
Ainda que forneça soluções usadas por grandes estúdios de cinema como Disney, que revolucionou o mundo da animação ao usar tecnologia da Nvidia em "Toy Story", e MGM, a empresa se vê como uma startup de tecnologia, diz o diretor. Ou seja, uma companhia iniciante.
Você tem a habilidade de mudar o teu negócio muito rapidamente, sem muita burocracia e engessamento
Marcio Aguiar
Para ele, essa perspectiva é a chave para inovar em um mercado tão dinâmico como o da tecnologia. Foi essa visão que permitiu à empresa embarcar na onda da inteligência artificial. Hoje, a Nvidia é a maior fornecedora do mundo de chips de IA. Ainda assim, Aguiar calcula que o mercado tem potencial maior do que a empresa consegue explorar.
Hoje, a gente entrega de 20% a 25% do potencial de mercado, e estamos falando de um mercado de semicondutores de mais de US$ 100 trilhões
Marcio Aguiar
Está no horizonte da empresa fornecer IA para o mundo da robótica, um segmento com potencial de US$ 500 bilhões.
Não à toa, a Nvidia é tragada para a batalha comercial travada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, contra a China. Para arrefecer os ânimos da Casa Branca e atender ao projeto "Make America Great Again", a empresa anunciou investimento de US$ 500 bilhões em solo norte-americano para produzir supercomputadores de IA e fomentar linhas de produção de semicondutores. Essa última ação junto da taiwanesa TSMC, no Texas.
Apesar desse esforço, Aguiar comenta que o hardware não deve ser considerado isoladamente para avaliar o avanço da IA.
Não é só a GPU que é importante. Há também a otimização dos softwares, porque entramos em uma era que, fisicamente falando, vai ser impossível continuar diminuindo os processadores e entregando poder computacional. Se não tiver um ecossistema de softwares, a gente não consegue ter o que temos hoje
Marcio Aguiar
Para dar conta dessa demanda, 80% dos funcionários da empresa são engenheiros de software, diz o diretor. Na outra ponta, mais de 6 milhões de desenvolvedores usam as APIs e outros softwares da Nvidia.
Esse ecossistema que nos sustenta é o que nos faz elevar esse valor que o mercado julga que temos. Mas a cabeça é de startup, senão a gente perde o brilho
Marcio Aguiar
'Sem fins lucrativos?': Como a Nvidia deu mãozinha à OpenAI antes da fama do ChatGPT
Se o mundo vive um frenesi em torno da IA, a culpa é em parte do ChatGPT, que ganhou vida no fim de 2022. O que pouca gente sabe, porém, é que, sem a Nvidia, a OpenAI não teria conseguido colocar o chat na rua. É o que conta Marcio Aguiar.
Nosso CEO desenhou [o primeiro supercomputador de IA] e pensou, 'bom, eu tenho uma demanda computacional que está por vir'. aí uma empresa em san francisco, que era sem fins lucrativos, falou, 'eu quero uma dessas'. ele falou, 'mas, pô, sem fins lucrativos? como eu vou fazer?'. Mas ela foi lá e acreditou na palavra dos engenheiros. essa empresa é a OpenAI, que acabou desenvolvendo o ChatGPT'. Foi o primeiro cliente pra quem o Jensen doou a máquina. Hoje, a história mostrou o que aconteceu
Marcio Aguiar
O executivo conta ainda qual a relação da Nvidia com o DeepSeek, apontado por muitos como um desafio ao modelo de negócio da empresa de chip.
Nvidia, líder em IA, ajuda rivais a produzir chips: 'Quer copiar? Toma aqui o modelo'
Fornecedora de chips de IA para todas as Big Tech, a Nvidia até dá uma ajudinha se essas empresas quiserem fabricar seus próprios processadores, conta Aguiar. "Quer copiar? Toma aqui o modelo", conta o executivo. Mas adverte: "IA não é para todo mundo.".
Produzir GPUs competitivas custa alguns bilhões de dólares. Em conversa com Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz, ele conta como a empresa desenvolve chips, mas depende de mais de uma dezena de empresas pra fabricá-los. "A gente não tem condições de fazer tudo sozinho."
Como Nvidia, líder em chips de IA, vê plano do Brasil para data centers?
Data centers estão no centro de uma onda de benefícios fiscais que o governo Lula está prestes a conceder. Em entrevista a Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Marcio Aguiar, diretor-geral da Nvidia para América Latina para assuntos corporativos, com o que a empresa, líder em chips para IA, acha dos movimentos do Brasil para se tornar um hub de processamento de dados.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.