WhatsApp vai ler conversas para IA agir: é o fim da sua privacidade?

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: WhatsApp lendo suas mensagens?; R$ 2 trilhões para data centers; IA contra marasmo das redes; ChatGPT puxa-saco

Durante a LlamaCon, conferência voltada a desenvolvedores, a Meta anunciou que o WhatsApp ganhará uma função curiosa: resumir conversas.

Para fazer isso, a empresa usará sua ferramenta de inteligência artificial, a Meta AI, que lerá as conversas das pessoas trocadas pelo aplicativo e transferi-las para os servidores da Meta, o que levanta sérias questões sobre segurança e privacidade.

Uma das principais bandeiras quando o assunto é WhatsApp são as mensagens criptografadas de ponta a ponta, ou seja, o conteúdo das mensagens é embaralhado ao sair do celular de um usuário e só reordenado ao chegar no aparelho do destinatário. A Meta afirma que nem mesmo ela consegue acessar essas informações.

Ainda que o recurso esteja disponível só nos Estados Unidos e ainda não estreou nos principais mercados do WhatsApp, como Brasil, Índia e Indonésia, a Meta correu para explicar como ele vai funcionar.

A intenção da Meta é deixar o mínimo de tempo possível esse conteúdo fora do celular e, assim que retornar, ele deve ser supostamente apagado
Diogo Cortiz

A empresa, também dona de Instagram e Facebook, desenvolveu um processo chamado de "Processamento Privado". Funcionará assim: as mensagens criptografadas serão direcionadas a um servidor, que vai retirar o sigilo sobre elas para permitir que a IA atue. Assim que a tarefa for concluída, a resposta do Meta AI é embaralhada novamente e enviada ao celular do usuário que fez o pedido pelo resumo.

O sistema é semelhante ao projeto da Apple para algumas funções do Apple Intelligence. Chamado de "Private Cloud Computing", o procedimento da Apple executa na nuvem da empresa tarefas consideradas mais complexas e difíceis para iPhones resolverem sozinhos.

"O Processamento Privado permitirá que os usuários utilizem recursos avançados de IA, preservando a promessa fundamental de privacidade do WhatsApp, garantindo que ninguém, exceto você e as pessoas com quem você está falando, possa acessar ou compartilhar suas mensagens pessoais"
- Meta, em artigo publicado no blog de engenharia da empresa

Continua após a publicidade

Outra estratégia da empresa para diminuir os riscos e aprimorar o sistema é colocá-lo à disposição de hackers, crackers e pesquisadores de cibersegurança que fazem parte do Meta Bug Bounty, programa que oferece recompensas financeiras a quem descobrir vulnerabilidades de segurança nos produtos da empresa.

"Isso é bastante positivo quando a gente pensa na comunidade técnica, científica e também no usuário final"
- Diogo Cortiz

As informações divulgadas pela empresa ainda estão centradas na questão de segurança e há poucos detalhes sobre tempo de resposta ou se (e como) as pessoas serão notificadas quando esses resumos forem feitos. O jeito é aguardar.

Meta quer usar IA para dar novo gás às redes sociais; vai funcionar?

A impressão geral é que existe um ranço crescente com as redes sociais por parte dos usuários que reclamam, sobretudo, do excesso de conteúdo publicitário em redes como o Instagram. Mas a inteligência artificial pode ajudar a reverter esse cenário. A Meta saiu na frente com o Meta IA, um aplicativo disponível, por enquanto, somente nos EUA e Canadá, que gera conteúdos e imagens por IA e possibilita que os usuários publiquem e compartilhem os resultados de seus pedidos. Esse pode ser um próximo passo em direção ao futuro que aponta para uma rede social cada vez mais baseada em inteligência artificial.

Continua após a publicidade

ChatGPT puxa-saco: ótimo para o ego e o terror do meio ambiente

Os feedbacks excessivamente bajuladores do ChatGPT 4.1 provocaram reclamações, ao ponto da Open IA fazer um recall da versão para torná-la menos condescendente. Mas, para além do incômodo dos usuários, a tendência da IA em agradar gera custos energéticos, consome recursos naturais e causa prejuízos.

Como o governo Lula calcula que data center pode atrair R$ 2 tri ao Brasil?

Em viagem aos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou a grandes empresas de tecnologia um plano para facilitar a instalação de data centers no Brasil. Nos cálculos internos da pasta, a ação pode atrair R$ 2 trilhões em investimentos. Como?

Continua após a publicidade

Grande demais, o número é considerado um potencial de investimentos e calculado com base em premissas consideradas conservadoras na pasta, segundo fontes consultadas por Deu Tilt. Sustentam os cálculos os anúncios de aportes feitos por diversas empresas.

Segundo apuração de Deu Tilt, R$ 2 trilhões não chega a ser uma quantia desproporcional, considerando os valores aplicados na área.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.