Adolescente morre ao mexer no celular após o banho: entenda os riscos
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Uma adolescente de 15 anos morreu na última sexta após sofrer uma descarga elétrica. Segundo a Polícia Civil da Paraíba, Simone de Cássia Galdino tirava o celular do carregador logo depois de sair do banho, na cidade de Riacho de Santo Antônio. Como ainda estava molhada, a jovem sofreu uma descarga elétrica e caiu desacordada no chão do banheiro.
Por que a água potencializa o risco de descarga elétrica?
A água não pura, com sais minerais e outros aditivos, funciona como um ótimo condutor de eletricidade. É ela que utilizamos no nosso dia a dia e, em uma instalação elétrica inadequada, potencializa os riscos de um acidente como o de Simone.
Eletricidade e água não combinam, mas principalmente se você tem uma instalação que não está segura e que não tem um dispositivo obrigatório nas instalações desde 1997, chamado IDR ou Interruptor Diferencial Residual, que poucas pessoas têm. Ele que nessa condição de risco —alguém molhado, alguém tocando uma parte energizada da tomada— faria o desligamento do circuito. Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), a Tilt
Acidente pode acontecer devido a um toque acidental em uma instalação defeituosa. "Tirar equipamentos da tomada nem é o problema, mas tem de tomar cuidado com a instalação elétrica, porque, às vezes, acaba tendo um toque acidental. Há sim riscos, ainda mais quando o pessoal puxa os equipamentos pelo cabo e aos poucos vai rompendo. O risco existe inclusive sem estar molhado, mas molhado você potencializa a condição."
E o chinelo: ajuda a prevenir choques? Segundo Martinho, em ambientes secos, a descarga pode ser "amortecida", mas o calçado não é visto como uma prevenção eficiente. "É inadequado estar com os pés no chão, e o chinelo é uma borracha, é um isolante, então até certo ponto vai diminuir a chance, mas não é a solução segura. O ideal é ter a instalação elétrica correta, até porque, se o chinelo estiver molhado também, não adianta muito."
Os números do problema
No ano passado, no Brasil, sete pessoas sofreram choques com carregador de celular. Quatro delas morreram, segundo dados da Abracopel. Os números representaram uma queda em relação a 2023, quando 23 casos foram registrados, com 15 mortes.
Mas em 2025, segundo a associação, o crescimento dos números é alarmante: apenas em janeiro, foram três acidentes envolvendo o aparelho —até agora, nenhum dos envolvidos tinha morrido.
Como evitar problemas na instalação elétrica?
A recomendação de especialistas é evitar ao máximo mexer em dispositivos eletrônicos durante a recarga da bateria, já que as instalações elétricas podem esconder problemas, ainda mais se as estruturas forem muito antigas e não passarem por manutenção preventiva com frequência.
Confira abaixo uma lista de medidas para evitar acidentes como o da adolescente:
Faça uma avaliação da instalação elétrica a cada cinco anos, com um profissional qualificado.
Se atente aos sinais de uma instalação elétrica ruim. "Como uma tomada com tampa quebrada, um fio solto, uma extensão, um benjamin, um T, são todas condições de risco que podem gerar um acidente", diz Martinho.
Evite usar carregadores piratas. No Brasil, produtos originais são homologados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Por isso, passam por testes, reduzindo o risco de causar algum curto-circuito. De acordo com os especialistas, os produtos piratas podem fornecer energia além da necessária para carregar celulares, levando até a um incêndio.
E lembre-se: qualquer choque acima de 50 V em área seca ou 25 V em área molhada pode ser fatal. Então, se você estiver com o pé no chão e tomar um choque de 110 V ou 220 V, existe o risco de morte, potencializado pela área molhada.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.
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