3ª força da IA: Europa muda foco e complica o Brasil: 'Seremos engolidos'

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: UE não quer só criar regras para IA; O plano do Brasil para data centers; O tombo da IA que não contam a você)

"Os Estados Unidos inovam, a China copia e a Europa regula". Até pouco tempo, a frase resumia a dinâmica da tecnologia no mundo. Mas a situação agora é outra.

A União Europeia quer mudar essa imagem e já questiona quanto a ênfase na regulação tem impactado a inovação no bloco.

Queremos que a Europa seja um dos principais continentes de IA. E isso significa abraçar um modo de vida onde a IA esteja em todo lugar. A IA pode nos ajudar a impulsionar nossa competitividade, proteger nossa segurança, reforçar a saúde pública e tornar o acesso ao conhecimento e à informação mais democrático
Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia

A mudança de rumo ocorreu durante o AI Action Summit, evento sediado na França para formular uma estratégia global para a inteligência artificial. Mas não houve tanta união assim. O acordo foi assinado por 60 países, como os europeus e Índia, China e Brasil.

Reino Unido e Estados Unidos escolheram ficar de fora. O primeiro por ter preocupações com a segurança nacional. Já o segundo por acreditar que regulamentar a inteligência artificial pode "matar" a indústria em crescimento. E quem falou isso foi JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, em pessoa no evento.

Já mostra o tom de que os EUA vão por um caminho de menos regulação. Já era uma tendência, mas com Trump isso vai ficar muito mais claro
Diogo Cortiz

Tentando se distanciar da posição de reguladora, a Europa anunciou investimentos de 200 bilhões de euros na IA, vindos do próprio bloco e da iniciativa privada. Durante o AI Action Summit, a UE se consolida como a 3ª força da IA.

Mostra um aceno para o mundo falando: 'olha, a gente estava pensando demais essa regulação da IA e agora é o momento de inovar, porque, senão, a gente vai ficar para trás e muito dependente dos EUA e da China
Diogo Cortiz

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O investimento é comparável ao Projeto Stargate, empreitada dos EUA que consumirá US$ 500 bilhões pelos próximos quatro anos e é capitaneado por OpenAI e Oracle. Enquanto a iniciativa americana reúne empresas de tecnologia da informação, a proposta da Europa envolve companhias de outras áreas, como o industrial e o aeroespacial.

Eles estão pensando em IA de um ponto de vista mais horizontal, que atinja os diversos segmentos, mas também são preponderantes em outras áreas da economia
Helton Simões Gomes

Mostra o diferencial da Europa. Ela não tem uma Big Tech, mas tem várias indústrias em diferentes verticais que usam IA
Diogo Cortiz

E o Brasil?

Em meio à reordenação mundial, o Brasil ocupa uma posição incômoda. Não possui uma Big Tech, é grande consumidor dessas empresas e se espelhou durante muito tempo na postura regulatória da União Europeia.

Temos que pensar essa estratégia de como promover tanto pesquisa e desenvolvimento, como a adoção [de IA] de uma maneira responsável, porque senão seremos engolidos com as imposições que serão feitas pelas empresas de tecnologia. E esse é o desafio que nós temos, o de construir uma regulação que traz esse mercado mais equilibrado ao mesmo tempo que não afogue a inovação
Diogo Cortiz

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Rivais improváveis e R$ 50 bilhões: o plano do Brasil para liderar em data centers na era da IA

Para a indústria brasileira de tecnologia, o Brasil está diante de uma janela de oportunidade única. Não estamos falando da inteligência artificial, mas dos músculos e do cérebro por trás da tecnologia do momento. São os data centers.

Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes contam que há no governo federal um plano para fazer do Brasil um hub de data centers, explicam quais os gargalos a serem resolvidos e revelam a expectativa de transformação do país em torno da iniciativa.

Segundo a Brasscom, associação do setor, os investimentos em data centers apenas para suprir a demanda nacional são da ordem de R$ 50 bilhões. Mas, para concretizar essa ambição, rivais improváveis terão de ser superados.

IA até lê, mas não entende notícias direito, mostra pesquisa

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Sabe aquela ferramenta de IA capaz de responder sobre tudo o que aconteceu? Ela não tira informações do nada, mas, sim, de notícias.

O problema é que uma pesquisa da BBC mostrou que a IA consegue ler, mas não entende muito bem as notícias direito.

E isso interfere nas respostas dadas a você. Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes explicam como essa falha foi detectada e quais são os impactos dela sobre a percepção que as pessoas têm da realidade.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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