Poluição causada pelo Império Romano pode ter baixado o QI de europeus

Ler resumo da notícia
Pesquisadores concluíram que as altas concentrações de chumbo, emitido pelas atividades do Império Romano, podem ter afetado a saúde e a inteligência de diversas populações na Europa.
Chumbo x saúde
Especialistas analisaram o que consideram a "poluição atmosférica pan-europeia por chumbo". De acordo com os cientistas, a substância impactou diretamente a saúde humana há mais de 2 mil anos, principalmente via inalação. O resultado do estudo foi divulgado no portal científico Proceedings of the National Academy of Sciences no início de janeiro.
As evidências indicam alta exposição ao chumbo pelas populações da época. Segundo os pesquisadores, é possível identificar um "aumento dos níveis de chumbo no sangue e declínio cognitivo" devido às atividades econômicas do Império Romano. Os cientistas identificaram aumento nos níveis de chumbo no sangue na infância em cerca de 2,4 µg/dl, o que provocaria um "declínio cognitivo generalizado, incluindo uma redução estimada de 2,5 a 3 pontos no quociente de inteligência [QI]".
As descobertas sugerem que as concentrações de chumbo no ar excederam 150 ng/m3 perto de fontes de emissão metalúrgica. Ainda segundo os especialistas, o aumento médio da concentração da substância foi >1,0 ng/m3 na Europa durante o período conhecido como Pax Romana, marcado pela prosperidade financeira do Império Romano. Não há nível de exposição ao chumbo que seja isento de efeitos nocivos.
Embora as rotas de exposição ao chumbo fossem muitas e incluíssem o uso de talheres esmaltados, tintas, cosméticos e até mesmo a ingestão intencional, a mais significativa para a maioria da população rural que não fazia parte da elite pode ter sido por meio da poluição atmosférica causada pela mineração e fundição de prata e chumbo, minérios que sustentavam a economia romana.
Trecho do estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences
A prática de cunhagem de moedas de prata feita pelo Império Romano era responsável pela maioria da poluição generalizada identificada no período. Segundo Joseph McConnell, cientista ambiental e principal autor do estudo, ao jornal The New York Times, entre 3.300 e 4.600 toneladas de chumbo eram emitidas na atmosfera a cada ano pelas operações de mineração de prata romanas.
Para calcular os efeitos do chumbo na saúde das populações antigas, os especialistas usaram diferentes técnicas. Os cientistas analisaram camadas de gelo coletadas na Rússia e na Groenlândia que datam da época do Império Romano. De acordo com o jornal norte-americano, é possível que o chumbo tenha entrado na atmosfera a partir das operações de mineração romanas e, graças às correntes de ar, tenha sido levado até o Ártico em forma de neve.
Para descobrir qual impacto a poluição poderia ter na saúde humana, os cientistas recorreram a modelos atmosféricos para mapear como o chumbo teria se espalhado pela Europa. Segundo o estudo, avançadas modelagens atmosféricas e comparações com estudos epidemiológicos modernos serviram como base para as conclusões da pesquisa.
As nossas descobertas demonstram que as emissões antropogênicas provenientes de atividades industriais resultaram em danos generalizados para a saúde humana durante mais de dois milênios.
Joseph McConnell ao portal britânico The Guardian
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.