Economia da intenção: IA usa memória para influenciar mais que rede social
Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt
08/03/2025 05h30
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Mistério no mar: o corte dos cabos de internet; Apple e Alibaba; DeepSeek x Qwen: quem vence?; A memória da IA: vem aí a 'economia da intenção')
Depois da "economia da atenção", abarcando produtos e serviços que ganham dinheiro à medida que conseguem capturar mais tempo do usuário, vem aí a "economia da intenção".
No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz contam que agora o jogo é outro: ferramentas de inteligência artificial ganham capacidade de lembrar para motivar desejos e vontades em nós, seres humanos.
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Para a IA estão sendo desenvolvidas novas funcionalidades de memória, não para o aprendizado de dados, mas [para] esse tipo de memória nossa, que é como a gente se comporta, quais são nossas preferências, necessidades e o que gostamos de fazer. Elas estão aprendendo a partir da nossa interação
Diogo Cortiz
Até agora, plataformas como Google e Instagram descobrem o que as pessoas querem por meio de dados indiretos, como curtidas e outras interações. Com a inteligência artificial, essa lógica muda.
Agora, acaba virando uma coisa muito mais profunda, porque é algo explícito, uma interação a partir da linguagem, então o conhecimento sobre as pessoas acaba ficando muito mais aprofundado
Diogo Cortiz
Na academia, esse tipo de reconhecimento dos hábitos e vontades de uma pessoa já está sendo chamado de "economia da intenção". Com ele, conta Diogo, uma IA poderá direcionar intenções de compras, de comportamento e até mesmo de votos.
A discussão sobre "economia da intenção" no podcast aconteceu porque chatbots de IA estão cada vez mais ganhando a habilidade de lembrar.
O Google anunciou que o Gemini pode recordar conversas anteriores para dar respostas mais precisas aos usuários. A memória em questão são informações salvas a partir de interações anteriores.
O recurso está disponível só para usuários Premium do Gemini Advanced. Segundo a empresa, são os usuários que controlam o que será armazenado, decidem quando desativar o recurso e até o que será esquecido. Foi o ChatGPT, da OpenAI, que inaugurou a moda, ainda no ano passado.
Para Diogo, os efeitos da economia da intenção podem causar ainda mais brechas na privacidade das pessoas.
Se por um lado traz uma experiência ótima para os usuários, por outro traz um desafio grande de privacidade
Diogo Cortiz
Internet em risco: corte de cabos submarinos dispara alerta de OTAN e ONU
Uma onda de cabos submarinos de internet sendo cortados começou a preocupar países europeus. O rompimento de um deles, que liga Finlândia e Alemanha, passou a levantar suspeitas de sabotagem.
Ainda que os incidentes estejam ocorrendo na Europa, o sinal de alerta foi acionado por organizações como ONU e OTAN. E o motivo é global: cabos submarinos transportam 95% da internet do planeta. E como são cerca de 500, o corte de alguns deles pode não só causar um apagão, como levar a severos impactos econômicos e geopolíticos.
Outro dos cabos danificados fica no Mar Báltico e conecta Letônia e Suécia. A localização faz com que surjam os primeiros suspeitos. O novo episódio de Deu Tilt conta por que a autoria pela quebra dos cabos virou um novo mistério no mundo das telecomunicações.
À primeira vista, o primeiro candidato a sabotador na Europa é a Rússia, ainda mais porque o Mar Baltico -que separa esses países-- é uma saída importante de navios russos. Mas não se trata de navios certificados, e sim de uma frota fantasma. Navios que levam petróleo sem certificação e passam abaixo do radar, porque a Rússia está sob uma sanção desde o início da guerra com a Ucrânia
Helton Simões Gomes
'Casamento' de Apple e Alibaba desafia Trump e cria dois Apple intelligence
O Apple Intelligence, serviço de inteligência artificial da Apple, vai chegar aos iPhones chineses com a ajuda do Alibaba. O acordo foi confirmado depois de meses de negociações, realizadas paralelamente com Tencent, Baidu e ByteDance, dona do TikTok.
Diogo e Helton explicam as consequências da "união improvável" entre Apple e Alibaba. Para a dona do iPhone, o "casamento" foi um desafio ao ímpeto do presidente norte-americano Donald Trump para reunir nos Estados Unidos as grandes iniciativas tecnológicas e ao mesmo tempo um gesto de sobrevivência.
No último ano, a Apple caiu do posto de líder de vendas de smartphones na China e foi ultrapassada por Xiaomi e Huawei. Muitos analistas atribuem essa queda à falta de atratividade dos novos iPhones, que não dispõem do Apple Intelligence, a camada de serviços de inteligência artificial da empresa.
DeepSeek x Qwen: IA que bateu ChatGPT toma goleada do chatbot do Alibaba
Deu Tilt coloca frente a frente duas inteligências artificiais chinesas. De um lado, o DeepSeek, que balançou o mercado financeiro nos últimos meses. De outro, o Qwen, do Alibaba e que está há mais tempo na pista.
Nos episódios anteriores, a dupla já fez ChatGPT, da OpenAI, e o Meta AI se encararem para definir qual é a melhor IA do WhatsApp. E também já promoveu o embate entre o chatbot da OpenAI e o Google para decidir qual IA vai melhor nas buscas online.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.