Venda de dados vazados: donos do maior site são presos em praia de SC

A PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) prendeu os administradores da maior página de venda ilegal de dados pessoais do Brasil. Chamado de Max Buscas, o site era administrado por três pessoas, sendo que duas foram detidas em um condomínio com praia privativa em Santa Catarina.

O que aconteceu

Operação Darkspot foi realizada na última sexta-feira (21). Foram apreendidos três responsáveis, sendo um no Rio de Janeiro e dois em Santa Catarina. O local da apreensão dos administradores foi em um condomínio com praia privativa "onde mantinham um padrão de vida incompatível com a renda declarada".

Administradores mantinham uma página chamada Max Buscas. Lá, segundo a PCDF, disponibilizavam mais de 70 módulos de pesquisa, contendo dados sigilosos de pessoas físicas e jurídicas, além de informações "restritas de órgãos governamentais".

Investigação começou com denúncia feita em janeiro de 2024. Segundo o delegado Eduardo Dal Fabro, da DRRC (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos) da PCDF, houve um registro de ocorrência sobre credenciais oficiais de órgãos governamentais que estavam sendo acessadas pelo site.

"Era a maior plataforma de venda de dados ilegais do país", diz o delegado Eduardo Dal Fabro. Estima-se que pelo menos 40 mil pessoas acessavam a página, que conta com diferentes tipos de assinatura. Antes disso, o i-find, uma plataforma derrubada pela Polícia Federal, em 2024, durante a operação I-Fraude, tinha aproximadamente 10 mil assinantes.

Os golpes mais comuns que temos hoje acabam tendo como base essas plataformas de dados ilegais. É uma grande fonte para fraudadores e extorsionários. Com uma pesquisa simples, dá para saber quem é a pessoa, sua renda, parentes. Nosso foco [com a operação] foi chegar na fonte
Delegado Eduardo Dal Fabro, da DRRC (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos)

Grupo mantinha estrutura hierarquizada. Havia um grupo de administradores, fornecedores, revendedores, prepostos e clientes. A venda de acesso era feita via comunidades online por meio de transferências feitas para contas laranjas (contas bancárias "alugadas") para ajudar a dificultar o fluxo de dinheiro.

Max Buscas foi um dos painéis acessados em reportagem do UOL Prime, publicada ano passado. Com uma busca por nome, era possível achar o CPF, informações de crédito, de parentes, números telefônicos e até renda. O nome da plataforma não foi divulgado na reportagem para não fazer publicidade da página ilegal.

Captura de tela da página Max Buscas; donos foram presos, pois página vendia acesso a dados pessoais sigilosos
Captura de tela da página Max Buscas; donos foram presos, pois página vendia acesso a dados pessoais sigilosos Imagem: Reprodução
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O acesso à página era vendido por valores que iam de R$ 80 (por dia) a R$ 300 (por mês) no ano passado. No plano mais sofisticado, era possível fazer buscas de pessoas por renda, por score de crédito e até data de aniversário. Segundo delegados consultados à época, páginas desse tipo são importantes para o aumento e efetividade de golpes online.

Sobre a operação, houve apreensão de documentos, um veículo de luxo e R$ 108 mil em espécie. A página Max Buscas, que era disponibilizada em diferentes domínios, foi bloqueada. Além disso, foram bloqueadas as contas bancárias dos investigados.

Captura de tela do site Max Buscas, que foi derrubado após operação da PCDF
Captura de tela do site Max Buscas, que foi derrubado após operação da PCDF Imagem: Reprodução

Investigados responderão por invasão de dispositivo informático, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A pena máxima prevista para estes crimes é de 17 anos de reclusão, além de multa.

Administradores do Max Buscas são pessoas com alto conhecimento de tecnologia e fogem do padrão criminoso. De acordo com o delegado, nenhum tinha antecedente criminal. Dentre os detidos dois tiveram prisão temporário prorrogada, enquanto um foi solto nesta terça-feira (25) com medidas restritivas.

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