O que é o Rumble, rede social que processa Alexandre de Moraes nos EUA?

A rede social Rumble move, em um tribunal federal da Flórida, uma ação contra Alexandre de Moraes por suposta violação à soberania norte-americana.

O ministro do STF, que havia ordenado à empresa a suspensão da conta do blogueiro Allan dos Santos, determinou na sexta-feira (21) a suspensão da plataforma no país.

O STF diz ter feito "todos os esforços possíveis" para que o Rumble cumprisse as ordens judiciais e assim ficasse no Brasil, disse Moraes, em sua decisão. Neste sábado (22), a rede já havia sido bloqueada na maior parte do Brasil.

O que é o Rumble?

A plataforma de vídeos surgiu em 2013, como uma alternativa ao YouTube para vlogueiros e criadores de conteúdo independentes. Seu layout e navegabilidade são bastante similares aos da plataforma do Google, que completou 20 anos neste mês de fevereiro.

Originalmente, a empresa é canadense, com seu primeiro escritório em Toronto. Até 2021, o site era relativamente desconhecido, afirmou ainda o jornal Toronto Star. Seu objetivo seria permitir que criadores compartilhassem conteúdo sem competição com grandes marcas e os vídeos de maior sucesso mostravam gatinhos e bebês dançando.

Em 2020, com a pandemia de covid-19, YouTube e outras redes começaram a emitir alertas em relação à desinformação sobre a doença. Além disso, em alguns casos conteúdos eram removidos ou suas contas suspensas pelo mesmo motivo.

Em agosto daquele ano, o deputado republicano Devin Nunes acusou o Youtube de censurá-lo. Influente nas redes, ele criou uma conta no Rumble e iniciou uma onda conservadora, com outras figuras populares da direita americana criando seus canais, segundo a revista Fortune.

Rumble é bastante parecido com o Youtube, ao menos à primeira vista
Rumble é bastante parecido com o Youtube, ao menos à primeira vista Imagem: Reprodução
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Estopim foi em 2021: Rumble "explodiu" da noite para o dia e atingiu valor de US$ 500 milhões. Depois que Trump perdeu as eleições de 2020 e seus apoiadores começaram a compartilhar vídeos da invasão do Capitólio, diversos deles incitando maior violência, as plataformas "tradicionais" acabaram suspendendo contas destes usuários e aumentando a vigilância em relação ao conteúdo.

Assim, aconteceu uma migração em massa de influenciadores de direita. E eles encontraram boa recepção no Rumble, que não monitorava o conteúdo sob as mesmas regras do Youtube.

A partir de maio de 2021, Rumble começou a receber investimentos de figuras políticas dos EUA. Peter Thiel, membro da chamada "máfia do Paypal" do governo atual e conselheiro do presidente, além do próprio vice-presidente J.D. Vance, injetaram milhões na plataforma, segundo The Wall Street Journal.

Trump se tornou membro do Rumble oficialmente em junho de 2021, mas em dezembro assinou um contrato de parceria com a plataforma. A rede social Truth Social, que pertence ao presidente e tem funcionalidade semelhante ao X, é parcialmente operada pelo Rumble desde então.

Plataforma só cresceu. Além de ter lançado sua plataforma de anúncios, a Rumble Ads, e ter adquirido empresas menores desde a migração dos criadores de direita, o Rumble abriu seu capital na bolsa de valores Nasdaq em 2022. Meses depois, desafiou uma lei do estado de Nova York que proíbe discurso de ódio nas redes sociais.

Em 2023, o Rumble ganhou o direito exclusivo de realizar a transmissão ao vivo dos debates das primárias do Partido Republicano, que validaram o nome de Trump como candidato à presidente. Meses antes, a empresa abriu seu primeiro escritório nos EUA, na Flórida, o estado em que o atual presidente morava.

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A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA colocou o Rumble em investigação em 2024, apontou a revista Wired. O motivo não foi divulgado, mas seu criador, Chris Pavlovski, afirmou que se tratava de um "conluio" para manipular o mercado. A empresa foi considerada isenta de qualquer irregularidade.

Pavlovski entrou para a lista de bilionários da Forbs em janeiro de 2025, após as ações da empresa crescerem 190% em 2024.

O Rumble move a ação contra Alexandre de Moraes junto com a Trump Media & Technology Group, sua parceira comercial. Desde 2023, quando o ministro ordenou a remoção do canal de Allan dos Santos, seu acesso estava bloqueado no Brasil.

No entanto, ele voltou a operar no Brasil no último mês. Pavlovski disse que o Brasil havia agido "para rescindir sua ordem de censura ao Rumble", de acordo com a Reuters, mas não deu detalhes. Ele ainda creditou o retorno do Rumble à vitória de Trump nas eleições dos EUA. O canal de Allan dos Santos segue no ar.

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