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Risco de asteroide ativa protocolo da ONU: como funciona defesa planetária?

Assembleia Geral da ONU (esq.) e asteroide 2024 YR4 (dir.) Imagem: Angela Weiss/AFP e Divulgação/ESA (European Space Agency)

De Tilt, em São Paulo

13/02/2025 05h30Atualizada em 13/02/2025 11h40

Devido ao risco de o asteroide 2024 YR4 atingir a Terra em 2032, a ONU (Organização das Nações Unidas) ativou seu "protocolo" e acionou dois grupos especializados para monitorar a situação.

O que aconteceu

A possibilidade de colisão do asteroide com a Terra foi apontada pela ESA. A Agência Espacial Europeia identificou a possível rota de impacto do objeto em janeiro, estimando a probabilidade de choque em 2%, no dia 22 de dezembro de 2032.

Após a divulgação do risco de colisão, a ONU ativou "protocolo" de defesa planetária. O procedimento, nesse caso, é o acionamento de dois grupos especializados e aprovados pela entidade internacional: a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (International Asteroid Warning Network, IAWN, na sigla em inglês) e o Grupo Consultivo de Planejamento de Missões Espaciais (Space Mission Planning Advisory Group, SMPAG).

Ligada à Nasa, a IAWN foi criada em 2014 para colaboração internacional na detecção, rastreamento e alerta sobre asteroides que possam representar risco à Terra. Esse esforço conjunto reúne observatórios astronômicos, agências espaciais e instituições acadêmicas ao redor do mundo, com o objetivo de monitorar objetos próximos à Terra (Near-Earth Objects — NEOs, na sigla em inglês).

A função principal do IAWN é coordenar observações e dados para calcular órbitas precisas de asteroides. Com isso, a rede avalia riscos de impacto e comunica informações relevantes às autoridades competentes e ao público. Isso permite a adoção de medidas preventivas e estratégias de defesa planetária.

O SMPAG também foi criado em 2014 e é ligado à ESA. Ele é um grupo internacional criado em 2014 com o objetivo de coordenar esforços para a defesa planetária contra potenciais impactos de asteroides. O programa reúne agências espaciais e instituições especializadas para desenvolver estratégias e diretrizes para futuras missões de mitigação, caso um NEO represente uma ameaça real de colisão.

A principal função do SMPAG é avaliar e planejar possíveis respostas a ameaças de impacto, incluindo missões para desviar ou destruir asteroides perigosos. Além disso, o grupo promove a colaboração entre diferentes países, garantindo que a humanidade tenha um plano de ação eficaz caso seja necessário lidar com um asteroide em rota de colisão com a Terra.

No dia 29 de janeiro, a IAWN emitiu uma notificação de possível impacto de asteroide direcionada ao SMPAG. O documento diz que o 2024 YR4 pode atingir o "corredor" formado pelo leste do Oceano Pacífico, norte da América do Sul, Oceano Atlântico, África, Mar Arábico e Sul da Ásia. A notificação também fala em "dano grave" à Terra em caso de impacto.

Os danos causados em ocorrer a até 50 km do local do impacto, com base no topo da estimativa de tamanho [do asteroide]
IAWN

Rota do asteroide 2024 YR4 (em branco) pode atingir órbita da Terra (em azul) Imagem: Divulgação/International Asteroid Warning Network (IAWN)

James Webb vai analisar o asteroide

A ESA informou que o telescópio James Webb, o mais potente do mundo, será utilizado na análise do asteroide. De acordo com a agência, o equipamento da Nasa deve observar o 2024 YR4 em março deste ano, com a finalidade de calcular mais precisamente o tamanho do asteroide.

As estimativas atuais variam entre 40 e 90 metros de diâmetro. "É muito importante que melhoremos nossa estimativa de tamanho para o 2024 YR4: o perigo representado por um asteroide de 40 metros é muito diferente do de um asteroide de 90 metros", diz a ESA.

Astrônomos usarão o instrumento MIRI do Webb para obter uma estimativa muito mais precisa do tamanho do asteroide. Isso, por sua vez, será usado pela ESA, NASA e outras organizações para avaliar com mais confiança o perigo e determinar qualquer resposta necessária, explica a agência espacial.

O 2024 YR4

O asteroide foi descoberto em 27 de dezembro de 2024 por meio de um telescópio no Chile. O Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System, conhecido como Atlas, está localizado em Río Hurtado.

Instalações do Very Large Telescope (VLT), localizado no Deserto do Atacama. Os equipamentos vão auxiliar os cientistas no acompanhamento do asteroide 2024 YR4 Imagem: Reprodução/YouTube/European Southern Observatory (ESO)

Segundo a ESA, determinar com precisão a órbita do asteroide é uma tarefa "difícil". "A órbita do asteroide ao redor do Sol é alongada. Atualmente está se afastando da Terra quase em linha reta", explica a agência em seu portal. A previsão indica que, nos próximos meses, o asteroide começará a desaparecer da vista da Terra, tornando-se visível novamente apenas em 2028. "Durante este período, a ESA irá coordenar as observações do asteroide com telescópios cada vez mais poderosos". Para isso, os cientistas vão utilizar o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, no Chile.

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