Risco de asteroide ativa protocolo da ONU: como funciona defesa planetária?
Devido ao risco de o asteroide 2024 YR4 atingir a Terra em 2032, a ONU (Organização das Nações Unidas) ativou seu "protocolo" e acionou dois grupos especializados para monitorar a situação.
O que aconteceu
A possibilidade de colisão do asteroide com a Terra foi apontada pela ESA. A Agência Espacial Europeia identificou a possível rota de impacto do objeto em janeiro, estimando a probabilidade de choque em 2%, no dia 22 de dezembro de 2032.
Após a divulgação do risco de colisão, a ONU ativou "protocolo" de defesa planetária. O procedimento, nesse caso, é o acionamento de dois grupos especializados e aprovados pela entidade internacional: a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (International Asteroid Warning Network, IAWN, na sigla em inglês) e o Grupo Consultivo de Planejamento de Missões Espaciais (Space Mission Planning Advisory Group, SMPAG).
Ligada à Nasa, a IAWN foi criada em 2014 para colaboração internacional na detecção, rastreamento e alerta sobre asteroides que possam representar risco à Terra. Esse esforço conjunto reúne observatórios astronômicos, agências espaciais e instituições acadêmicas ao redor do mundo, com o objetivo de monitorar objetos próximos à Terra (Near-Earth Objects — NEOs, na sigla em inglês).
A função principal do IAWN é coordenar observações e dados para calcular órbitas precisas de asteroides. Com isso, a rede avalia riscos de impacto e comunica informações relevantes às autoridades competentes e ao público. Isso permite a adoção de medidas preventivas e estratégias de defesa planetária.
O SMPAG também foi criado em 2014 e é ligado à ESA. Ele é um grupo internacional criado em 2014 com o objetivo de coordenar esforços para a defesa planetária contra potenciais impactos de asteroides. O programa reúne agências espaciais e instituições especializadas para desenvolver estratégias e diretrizes para futuras missões de mitigação, caso um NEO represente uma ameaça real de colisão.
A principal função do SMPAG é avaliar e planejar possíveis respostas a ameaças de impacto, incluindo missões para desviar ou destruir asteroides perigosos. Além disso, o grupo promove a colaboração entre diferentes países, garantindo que a humanidade tenha um plano de ação eficaz caso seja necessário lidar com um asteroide em rota de colisão com a Terra.
No dia 29 de janeiro, a IAWN emitiu uma notificação de possível impacto de asteroide direcionada ao SMPAG. O documento diz que o 2024 YR4 pode atingir o "corredor" formado pelo leste do Oceano Pacífico, norte da América do Sul, Oceano Atlântico, África, Mar Arábico e Sul da Ásia. A notificação também fala em "dano grave" à Terra em caso de impacto.
Os danos causados em ocorrer a até 50 km do local do impacto, com base no topo da estimativa de tamanho [do asteroide]
IAWN
James Webb vai analisar o asteroide
A ESA informou que o telescópio James Webb, o mais potente do mundo, será utilizado na análise do asteroide. De acordo com a agência, o equipamento da Nasa deve observar o 2024 YR4 em março deste ano, com a finalidade de calcular mais precisamente o tamanho do asteroide.
As estimativas atuais variam entre 40 e 90 metros de diâmetro. "É muito importante que melhoremos nossa estimativa de tamanho para o 2024 YR4: o perigo representado por um asteroide de 40 metros é muito diferente do de um asteroide de 90 metros", diz a ESA.
Astrônomos usarão o instrumento MIRI do Webb para obter uma estimativa muito mais precisa do tamanho do asteroide. Isso, por sua vez, será usado pela ESA, NASA e outras organizações para avaliar com mais confiança o perigo e determinar qualquer resposta necessária, explica a agência espacial.
O 2024 YR4
O asteroide foi descoberto em 27 de dezembro de 2024 por meio de um telescópio no Chile. O Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System, conhecido como Atlas, está localizado em Río Hurtado.
Segundo a ESA, determinar com precisão a órbita do asteroide é uma tarefa "difícil". "A órbita do asteroide ao redor do Sol é alongada. Atualmente está se afastando da Terra quase em linha reta", explica a agência em seu portal. A previsão indica que, nos próximos meses, o asteroide começará a desaparecer da vista da Terra, tornando-se visível novamente apenas em 2028. "Durante este período, a ESA irá coordenar as observações do asteroide com telescópios cada vez mais poderosos". Para isso, os cientistas vão utilizar o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, no Chile.