Com matéria de revista e 'bico' em filme do Oscar, capivaras ganham mundo

Ler resumo da notícia
Não é novidade que a capivara, um mamífero roedor presente em toda América do Sul, com exceção do Chile, tem uma legião de fãs pelo Brasil. Mas o animal agora vem ganhando fama até mesmo fora do país.
O que aconteceu
A edição de fevereiro da revista The New Yorker traz uma "homenagem" à capivara. A matéria "O Estranho Charme da Capivara - Como o maior roedor do mundo se tornou um queridinho da mídia e um símbolo internacional de calma despreocupada em meio à calamidade" (em tradução livre), assinada pelo escritor Gary Shteyngart, busca compreender o fenômeno por trás do carinho que o animal parece despertar em diferentes públicos.
Escritor declara que a capivara "ganhou seu coração". O escritor narra como foi sua primeira experiência com uma capivara, em um café em Tóquio, no Japão, onde humanos podem interagir com o animal. "Sentei-me em um sofá ao lado de Pisuke, que olhava para frente com os dois olhos em forma de coco, gerando o que parecia ser simpatia e calma em toda a sala", relata.
Tomei um gole de café e passei para ele [a capivara com quem estava interagindo] um palito de cenoura. Ele não agarrou a cenoura com a boca como, digamos, um cachorro faria, mas se virou lenta e delicadamente em minha direção e a mastigou com seus longos e descoloridos dentes de roedor, com sua língua minúscula, quase humana. Gary Shteyngart para o The New Yorker

A magia pela capivara
Hábitos e características da capivara podem ser responsáveis pelo sentimento causado nas pessoas que a observam. Além de ficarem com soluço e carregar laranjas na cabeça, as capivaras, de acordo com o escritor, deixam que os pássaros pousem em suas costas e comam a sujeira de seu pelo, "abraçam macacos e lambem bebês cangurus". Ainda segundo Shteyngart, um grupo de capivaras adotou um gato em um zoológico japonês.
No Japão, algumas capivaras são tratadas com banhos termais. Segundo a emissora local Nippon Television, um ritual de inverno no zoológico Izu Shaboten, na cidade de Shizuoka, consiste em adicionar yuzu, uma fruta cítrica asiática, ao banho dos animais na tentativa de amenizar o frio. Em entrevista ao canal japonês, uma visitante do zoológico afirma que as capivaras "são muito bonitinhas" e conta que viajou por duas horas para acompanhar o famoso banho com yuzu proporcionado ao grupo de animais que mora no local.
Capybara taking a bath in an open-air bath with floating citrus fruits in Izu Shaboten Zoo in Japan pic.twitter.com/Ej7qKuRQlh
? why you should have an animal (@ShouldHavePetu) January 20, 2025
Perfil no Instagram "aproxima" humanos e capivaras. Com o mote de "educação e inspiração", o projeto Dark Wings Wildlife, fazenda mantida por uma especialista em psicologia animal, compartilha diferentes momentos de uma dupla de capivaras e oferece um serviço a seus seguidores. Segundo Shteyngart, mediante pagamento de US$ 35 (pouco mais de R$ 200 na cotação atual), é possível enviar a Cheesecake, uma capivara de seis meses, ou a Pumpkin, de dois anos, um tipo de papel comestível em que a pessoa pode escrever a mensagem que quiser.
A adoração à capivara chegou, também, nas redes sociais. Na rede TikTok, são quase 450 mil publicações com a hashtag "capybara" (nome do animal em inglês). Nos vídeos, os usuários compartilham cenas reais, memes e montagens com o roedor.
@fierceanimalss Capybara #capybara #capibara #funnyanimals #animalesgraciosos #capybaratiktok ? Capybara - ???-?????? ???-??? & Betsy
Animal aparece até em animação que concorre ao Oscar. Em "Flow", que ganhou o Globo de Ouro e concorre ao Oscar de melhor animação, a capivara é um dos personagens e protagoniza cenas que conquistaram o coração do público.
I hope that I can be as chill as the capybara from flow someday pic.twitter.com/HQVzBhvnJM
? oliver (@travellingsoot) December 30, 2024
Segundo Shteyngar, a proximidade e a interação com capivaras é capaz de proporcionar "níveis tântricos de bem-estar". O escritor descreveu como se sentiu durante o período com as capivaras no café japonês: "O tempo fluía de forma diferente, minha visão parecia suave e o mundo ao meu redor puro e pouco agressivo". Shteyngar relatou que, após deixar o café, a sensação de felicidade permaneceu e que "todos ao redor vivíamos nossas vidas como roedores gigantes que nunca fizeram mal a ninguém".

Apesar de parecerem simpáticas e receptivas, é necessário cuidado ao se deparar com uma capivara. As capivaras são os maiores roedores do mundo e possuem dentes grandes que podem ser perigosos. Assustadas ou em modo de defesa, elas podem morder.
Vida na natureza traz vetores de doenças. Por necessitarem de uma vida ao ar livre, em contato com água e mato, podem se tornar hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa brasileira. Além disso, estes mamíferos também podem ser acometidos por outras patologias, como raiva, leptospirose, leishmaniose e tripanossomíase, enterobacterioses e doenças fúngicas.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.