Por que empresas querem convencer você que IA detecta emoções?

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Trump x IA woke; China vai dividir Musk e Trump; IA detecta suas emoções?)

O filme "Divertidamente" popularizou a teoria das emoções universais. Proposta pelo psicólogo norte-americano Paul Ekman, consultor no filme da Pixar, a tese aponta que emoções como raiva, alegria, tristeza ou medo são inatas e podem ser reconhecidas universalmente pelas expressões faciais.

Apoiadas nessa ideia, empresas de tecnologia estão querendo convencer que as inteligências artificiais delas conseguem identificar e compreender as emoções humanas.

No novo episódio do Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Diego Cortiz e Helton Simões Gomes explicam como a ideia, ainda que popular, não faz sentido.

Afirmar que reconhecer emoções por meio da expressão facial é quase como jogar na loteria
Diogo Cortiz

Outra teoria, mais atual, sustenta que as emoções são construções sociais altamente dependentes de cultura e linguagem para serem interpretadas. Ou seja, ainda que sejam representadas por expressões faciais, as emoções são interpretadas com base em fatores longe de serem universais.

É muito difícil fazer essa relação direta entre a expressão facial e o estado mental, que é subjetivo
Diogo Cortiz

Uma das pesquisadoras mais proeminentes dessa vertente é a psicóloga Lisa Feldman Barrett, autora do livro "How emotions are made" (Como as emoções são feitas, em tradução livre). Ela não poupa palavras. Chama de "lixo" qualquer tecnologia que associa expressões faciais e emoções.

Diversas empresas de tecnologia garantem que suas plataformas de IA reconhecem sentimentos, o que para Cortiz considera um exemplo de desconhecimento do processo de desenvolvimento de IA e de como ela é treinada.

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A Microsoft chegou a alardear uma ferramenta capaz de fazer isso, mas a aposentou rapidamente. Reconhecer não haver evidências científicas para reconhecer emoções somente pela leitura facial.

Muitas IAs usam reconhecimento facial para falar 'essa pessoa está 70% feliz'. O que é ser 70% feliz?
Diogo Cortiz

Trump quer briga, Musk quer paz: como a China divide a dupla na Casa Branca

Com Donald Trump de volta à Casa Branca, outras pessoas virão com ele. Entre os novos integrantes do Salão Oval está o bilionário Elon Musk, que concorda em muitos pontos com o presidente eleito.

Mas um país pode fazer a dupla ter opiniões divergentes nos próximos meses.

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No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicam que, diferente de Trump, o dono da Tesla, Space X e X (ex-Twitter) é bastante próximo da China e tem interesses comerciais explícitos no país rival do governo norte-americano.

'IA woke' e o monopólio do Google: o que Trump mudará na tecnologia?

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro de 2025 vai dar início a uma série de mudanças no país que é a maior potência econômica do mundo. As promessas feitas pelo presidente eleito foram muito mais anunciadas do que a chegada dele ao Capitólio no próximo 20 de janeiro.

Entre as alterações prometidas está extirpar do país tudo o que ele considera 'woke'. O termo originalmente estava associado a "estar em alerta contra injustiças raciais", mas foi ampliado para contexto de pautas mais progressistas. E nesse contexto, a inteligência artificial está na mira.

Hoje existe uma ordem executiva, que é como um decreto, feito pelo presidente Joe Biden, para a Inteligência artificial. É uma ordem executiva que delimita alguns casos de uso de uma forma bastante setorial. É uma ordem pró inovação, mas também pensando muito numa IA responsável
Diogo Cortiz

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DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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