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Inteligência artificial acha 8 sinais que poderiam ser de civilização alien

Rede de radiotelescópios Alma, no Chile - ESO
Rede de radiotelescópios Alma, no Chile Imagem: ESO

Thiago Varella

Colaboração com Tilt*, de São Paulo

04/02/2023 12h29

Inteligências artificiais (IAs) também estão ajudando cientistas a buscarem evidências de vida inteligente fora da Terra. Um grupo de pesquisadores desenvolveu um sistema que já descobriu oito assinaturas tecnológicas, que algoritmos anteriores não haviam notado, e poderiam indicar uma civilização alienígena.

A IA foi treinada para procurar, entre dados de radiotelescópios que já haviam sido estudados anteriormente, por sinais que não fossem gerados por processos astrofísicos naturais. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Astronomy.

O sistema não está sendo usado exatamente para encontrar extraterrestres, mas sim para buscar "evidências de inteligência".

O que são evidências de vida inteligente?

Os cientistas estão procurando pelas chamadas "technosignatures" (assinaturas tecnológicas). Ou seja, sinais de rádio que indicariam a presença de tecnologia fora da Terra — o que poderia dar indícios de uma sociedade extraterrestre evoluída e com capacidade de se comunicar.

A novidade é que esta IA está separando falsos sinais detectados até agora, filtrando grandes volumes de dados produzidos por radiotelescópios — captações que são cheias de interferências de fontes como telefones, satélites e wi-fi.

Se realizada por humanos, esta busca seria "como procurar uma agulha em um palheiro", explica o autor Danny Price, do ICRAR (Centro Internacional de Pesquisa de Rádio Astronomia, na sigla em inglês) da Universidade Curtin, nos EUA, ao site The Conversation.

Porém, o algoritmo é capaz de separar, de maneira rápida, falsos positivos de assinaturas tecnológicas potenciais.

Sinais encontrados são reais?

Após o treinamento, a Inteligência Artificial foi alimentada com 150 terabytes de dados do Telescópio Green Bank (GBT, o maior radiotelescópio orientável do mundo), na Virgínia Ocidental (EUA), o que equivale a 480 horas de observação.

O novo sistema algorítmico filtrou 20.515 sinais de interesse, que foram analisados manualmente e levaram os pesquisadores às oito novas assinaturas tecnológicas que passaram despercebidas.

No entanto, nenhuma delas foi observada novamente, o que significa que, muito provavelmente, tenham sido interferência de rádio — a IA não está isenta de detectar falsos positivos. Price ressalta que os algoritmos não "entendem ou pensam". Na verdade, eles reconhecem padrões e são muito úteis em tarefas de classificação.

A expectativa dos cientistas é de que novas tecnologias, como o processador de sinal do telescópio MeerKAT, na África do Sul, capaz de identificar de onde vem o sinal no céu, reduzam os erros.

Se conseguirem detectar uma assinatura tecnológica real, o resultado será revolucionário — estaremos mais perto de descobrir vida inteligente fora da Terra. Mas, mesmo se nada for encontrado, não significa que estamos sós no universo. Pode apenas ser que nossos telescópios ainda não são sensíveis o suficiente para captar transmissões fracas de exoplanetas distantes.