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Com demissões do Google, big techs vão cortar mais de 70 mil empregos

Denis Charlet/AFP
Imagem: Denis Charlet/AFP

Thiago Varella

Colaboração com Tilt, em Campinas (SP)

20/01/2023 12h33Atualizada em 20/01/2023 20h48

Com o corte de 12 mil funcionários da Alphabet, empresa controladora do Google, anunciado hoje (20), as big techs dos Estados Unidos já somam ao menos mais de 71 mil desligamentos de funcionários desde novembro do ano passado.

Amazon, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Microsoft e Twitter estão nessa lista de demissões em massa.

Veja abaixo o número de cortes de 10 empresas grandes setor de tecnologia nos EUA.

  • Amazon: 18 mil pessoas
  • Alphabet/Google: 12 mil
  • Meta: 11 mil
  • Microsoft: 10 mil
  • Salesforce: 9 mil
  • Carvana: 1.500
  • Cisco: 4.100
  • Twitter: 3.700
  • DoorDash (aplicativo de delivery dos EUA): 1.250
  • Stripe (de pagamento): 1 mil

Número pode ser maior

Se somarmos todas as empresas de tecnologia dos EUA, o número de desempregados desde o ano passado pode chegar a mais de 193 mil pessoas, segundo estimativa do site layoffs.fyi, que reúne o número de cortes de emprego no setor — esse volume pode estar subestimado.

"O número real de demissões é muito maior do que o que está no site, apenas porque a maioria das demissões não é relatada. E infelizmente não vejo essa onda de demissões acabando tão cedo", afirmou Roger Lee, criador da plataforma, ao jornal USA Today.

Por que tantas demissões?

A pandemia explica parte da crise do setor de tecnologia, principalmente nos EUA:

  • No começo da crise sanitária, em 2020, quando as pessoas passaram a ficar em casa, muita gente começou a gastar mais dinheiro com tecnologia e serviços online.
  • O trabalho via home office aumentou diante de medidas de distanciamento social.
  • Empresas do setor começaram a investir mais em contratações para dar conta da nova demanda -- e, consequentemente, investir mais dinheiro.

A disseminação da covid-19 diminuiu em diversos países, mas a economia mundial não se recuperou até o momento: inflação, alta de preços, guerra na Ucrânia, crise dos chips. Tudo isso ainda tem grande peso.

Com isso, empresas perceberam que acabaram contratando demais e estão em fase de ajustes de contas para enfrentar 2023 e os próximos anos.

A inflação nos Estados Unidos, por exemplo, chegou a um acumulado acima de 8% em 12 meses. Para controlá-la, o Federal Reserve [banco central dos EUA] precisa desacelerar a economia, e isso gera desaceleração no mercado de trabalho.

O aumento da taxa de juros também faz com que fique muito caro para as empresas conseguirem financiamento para investir em melhorias internas. Com isso, a medida adotada é a de recuo dos gastos.

Quando anunciou cortes da Meta, o CEO Mark Zuckerberg afirmou:

"No início da [pandemia de] covid-19, (...) o aumento do comércio eletrônico levou a um crescimento desproporcional da receita. Muitas pessoas previram que isso seria uma aceleração permanente que continuaria mesmo após o fim da pandemia. Eu também, então tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, isso não aconteceu do jeito que eu esperava."

Bastidores de algumas demissões

Microsoft anunciou na quarta-feira (18) a demissão de cerca de 10 mil funcionários até o final de março. Em 2022, a companhia já havia realizado duas rodadas de demissões: a primeira afetou menos de 1% da força de trabalho; a segunda em outubro atingiu menos de 1.000 pessoas.

A empresa tinha até então 221.000 funcionários, incluindo 122.000 nos Estados Unidos.

Amazon comunicou em 5 de janeiro o corte de "pouco mais de 18 mil empregos" no mundo todo. A empresa teve um desempenho financeiro decepcionante no terceiro trimestre de 2022, com uma queda acentuada na receita e nos lucros e uma estagnação no número de usuários.

O grupo contratou bastante durante a pandemia, dobrando sua equipe global entre o início de 2020 e o início de 2022, chegando a 1,54 milhão de funcionários, no final de setembro.

Meta oficializou em novembro de 2022 o corte de 11 mil postos de trabalho — cerca de 13% de seu quadro de profissionais. Até setembro, o grupo tinha cerca de 87 mil funcionários.

Twitter, chefiado pelo Elon Musk, iniciou um plano de demissões em massa no início de novembro de 2022. Para financiar sua aquisição em US$ 44 bilhões, atual CEO endividou a empresa cuja saúde financeira já era frágil. Metade dos 7.500 funcionários da rede social foi demitida.

Apple resiste (ao menos por enquanto)

A Apple é uma das poucas big tech a resistir aos cortes de emprego. No entanto, no final do ano passado, a empresa anunciou que havia desacelerado significativamente as contratações.

Além disso, a empresa fabricante do iPhone é a que menos aumentou seu quadro de funcionários desde 2015. Para se ter uma ideia, nos últimos dois anos a força de trabalho da Microsoft cresceu 36%, enquanto a da Apple evoluiu menos de 15%.

*Com informações da agência de notícias RFI