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Por que tecnologia do filme Avatar 2 pode causar dor de cabeça e náuseas

A pequena Tuk descobre o oceano em "Avatar - O Caminho da Água" - Divulgação
A pequena Tuk descobre o oceano em "Avatar - O Caminho da Água" Imagem: Divulgação

Cláudio Gabriel

Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro

19/12/2022 14h05

Quem assistir ao novo filme "Avatar - O Caminho da Água" nos cinemas irá se deparar com deslumbrantes efeitos visuais produzidos pelo diretor James Cameron. Mas há quem diga que algumas cenas têm causado dores de cabeça e náuseas entre alguns espectadores.

Ao que tudo indica, isso se deve, especialmente, pela junção de tecnologias como o HFR (High Frame Rate), que permite a exibição de imagens mais fluídas, sem cenas tremidas. Só que para isso acaba acelerando demais a transição entre elas. Cinemas com salas 3D podem agravar a sensação.

"Ontem fomos ver Avatar 2 em 3D (...) odiei muito porque os efeitos eram demais e fiquei enjoada e não consegui terminar de assistir direito(sic)", afirmou uma internauta.

O que acontece?

A tecnologia HFR trabalha com 48 frames por segundo (fps). O padrão dos cinemas mais usado fica na casa dos 24 frames por segundo — veja aqui a diferença na prática.

Alan Luiz Eckeli, professor de neurologia da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto, explica que esse aumento dá melhor percepção de fluidez das imagens para quem está assistindo. Porém, acima de 30 deles por segundo, a capacidade de percepção da pessoa satura.

Fabiano de Abreu, pós-doutor em neurociências, completa que usar a taxa de quadros de 48fps fornece o dobro de informações com as quais o cérebro está acostumado a interpretar, e isso se torna ainda mais expressivo em cenas onde a câmera está próxima de objetos ou personagens.

As dores e náuseas são a resposta para um "estranhamento". "Nosso cérebro já está habituado a 'trabalhar' com uma determinada qualidade e velocidade de imagens. Mas cada vez mais as câmeras têm sido capazes de produzir imagens em resoluções de até 16k, o que é muito além do que nosso sistema está acostumado a lidar", afirma.

Isso combinado com a quantidade imensa de estímulos sonoros e visuais, relacionados a cores, 3D e mais contribuem para que algumas pessoas com hipersensibilidade não se sintam bem, diz Eckeli.

O que fazer para evitar?

Segundo os entrevistados, se você tem mais sensibilidade a estímulos, procure uma sala de cinema que exiba o filme em 2D e em uma tela menor.