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Black Friday: eles caíram em golpes e dão dicas para você não cair também

Black Friday: saiba como evitar riscos e identificar roubadas - ArtistGNDphotography/iStock
Black Friday: saiba como evitar riscos e identificar roubadas Imagem: ArtistGNDphotography/iStock

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

11/11/2022 04h00Atualizada em 11/11/2022 09h54

A educadora Patrícia Santana era acostumada a comprar no período da Black Friday e sempre teve experiências positivas. Em 2020, um ventilador de 220 volts mudou tudo.

O que chegou na sua casa foi um de 127v, incompatível com a região onde mora, em Pernambuco. Solicitou a troca no SAC e uma equipe apareceu para retirar o produto... mas jamais trouxe o novo modelo. E nem o dinheiro foi devolvido.

"Eu era acostumada a comprar tanto na loja física quanto online dessa marca. O preço estava um pouco mais barato, mas o que me fez optar por ela foi a entrega rápida. Eles faliram e não tiveram respeito pelos clientes", explica.

A educadora afirma que encontrou outras pessoas também caíram nesse golpe em sites de reclamação. Ela também registrou queixa no Procon de Pernambuco.

O caso de Patrícia prova que ninguém está imune a cair em ciladas na hora da compra, especialmente nesta época do ano com promoções tão tentadoras - e que podem acabar de uma hora para outra. A compra online também torna tudo mais inseguro: você precisa pagar antecipado e só depois de alguns dias receber o produto.

Segundo Fernando Moulin, especialista em transformação digital, inovação e gestão da experiência do cliente, as ações fraudulentas que acontecem em períodos como a Black Friday são as mesmas utilizadas rotineiramente. Os golpistas não criam estratégias específicas para a data, "mas o grande volume de transações aumenta as brechas que facilitam o trabalho deles."

Os golpes podem aparecer sob diversos formatos: desde lojas que nunca entregam os produtos (ou entregam danificados ou fora da data de validade) até sites falsos (cujos links são enviados em massa pelas redes sociais, email e aplicativos de mensagem).

"Tudo pela metade do dobro"

Outro truque comum é a "falsa promoção": o produto é vendido pelo valor original, mas anunciado como se estivesse pela metade do preço.

Foi o que aconteceu com o cirurgião dentista André Diniz há quatro anos. "A promoção dizia que o aparelho de TV tinha caído de R$ 5 mil para R$ 2.699. Como não pesquisei antes, fui levado a acreditar que estava comprando por quase metade do preço. Depois descobri que era Black Fraude", brinca André.

Ele diz que aprendeu a lição. "Quando espero pela Black Friday, eu faço uma pesquisa sobre os valores reais dos produtos para saber o que de fato está promoção", conta.

Moulin diz que esse tipo de golpe é um dos mais comuns do período: ofertas que parecem vantajosas, com preços inflados artificialmente para enganar os desavisados. A dica aqui é planejamento.

"Se você não acompanhou a variação do preço do produto que quer comprar, pode utilizar sites que informam a flutuação dos valores durante o ano. Os mais conhecidos são Já Cotei, Zoom, Buscapé, Bondfaro e Google Shop. Fuja da dinâmica de compra por impulso", orienta o especialista.

E não esqueça: verifique as condições de prazo de entrega e a política de troca do produto.

De olho nos links falsos

Os sites falsos são outro golpe comum no período da Black Friday. Eles imitam endereços eletrônicos verdadeiros de empresas idôneas para criar a sensação de segurança e fazer com que os consumidores cliquem nos links.

As mensagens são enviadas em massa. Quanto mais pessoas receberem, mais chances de vítimas caírem no golpe. Os links falsos inventam promoções e oportunidades imperdíveis e apelam para o esquema de phishing - a captura de dados pessoais do usuário.

Após clicar no link, o consumidor é direcionado para um suposto site de compras, onde fará um cadastro, incluindo nome completo, CPF, número do cartão de crédito, entre outras informações sensíveis.

O produto nunca chegará, já que a loja não é verdadeira e o cliente passou todos os seus dados para os criminosos.

A dica neste caso é nunca clicar nos links que recebe via WhatsApp, Telegram, email ou mesmo aqueles que aparecem como patrocinados nas redes sociais.

"O consumidor deve procurar pelo site ou aplicativo oficial das lojas e sempre desconfiar de ofertas muito baratas, porque muitos golpistas usam o nome de grandes empresas para chamar a atenção das pessoas", orienta o Procon de São Paulo.

Para reduzir a chance de cair em ciladas, evite comprar de lojas desconhecidas. O próprio canal do Procon-SP mantém a lista "Evite esses Sites".

Vale também checar a reputação da empresa e do produto em sites como o Reclame Aqui. Em sites tipo market place, verifique se o vendedor concluiu muitas entregas e se tem boa avaliação.

Na hora de pagar através de boleto bancário, não esqueça de conferir todos os dados antes de finalizar o pagamento - como o nome da empresa, data, CNPJ etc. Via Pix, o destinatário do pagamento deve ser conferido atentamente. Não conclua a operação se houver alguma informação divergente.

Ainda assim, caso a pessoa tenha algum problema, primeiro deve tentar resolver via loja e, em seguida, registrar a demanda no órgão de proteção do consumidor do seu estado.

Comerciante também precisa ficar atento

Mas não são apenas os consumidores que estão suscetíveis a golpes online. Comerciantes também podem ser vítimas, principalmente as empresas de menor porte.

"Com o alto volume de vendas, muitas compras podem ser feitas por golpistas. O lojista na maioria das vezes fica no prejuízo: ele perde a mercadoria, que foi para o golpista, e a compra, que foi cancelada", alerta o diretor de fraude e identidade Latam da LexisNexis Risk Solutions, Rafael Costa Abreu.

Ele orienta os empresários a desenvolver um bom relacionamento com os clientes para saber quem são as pessoas com quem ele negocia. "Também é importante investir em inteligência no processo de análise (por exemplo, os fatores de autenticação) para validar a qualidade de quem está acessando sua loja virtual", alerta Rafael.