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Nasa avança em missão para 'pousar' no lado oculto da Lua; veja como será

Ce?dric Allier/Flickr
Imagem: Ce?dric Allier/Flickr

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

26/07/2022 16h54

A Nasa fechou o primeiro contrato para a realização de pesquisas focadas no lado oculto da Lua, a parte que não é visível a partir da Terra.

Por US$ 73 milhões (cerca de R$ 401 milhões, na conversão direta), a empresa norte-americana Draper ficará encarregada de transportar um conjunto de cargas úteis com tecnologia e ciência para Bacia de Schrödinger, uma grande cratera localizada próxima ao polo sul lunar.

A expectativa é que o pouso ocorra em 2025. Até o momento, só a China conseguiu avançar em estudos no lado oculto da Lua.

Por que isso importa

O objetivo da missão da Nasa, chamada SERIES-2, é compreender a atividade geofísica do nosso satélite natural, em áreas ainda pouco exploradas, bem como as propriedades térmicas, elétricas e magnéticas do interior lunar, em um local de pouso protegido dos campos eletromagnéticos da Terra.

Essas informações vão fornecer subsídios para futuras missões de pouso humano na Lua. A Artemis I, primeira não tripulada dentro do programa de retorno, deverá decolar a partir de 29 de agosto.

"Compreender a atividade geofísica no lado oculto da Lua nos dará uma dimensão mais profunda do nosso sistema solar e fornecerá informações para nos ajudar a nos preparar para as missões de astronautas da Artemis à superfície lunar", ressaltou Joel Kearns, vice-administrador para exploração em Missões Científicas da Nasa, em Washington.

Módulo lunar da Draper - Draper - Draper
Módulo lunar Draper da missão SERIES-2
Imagem: Draper

A Cratera de Schrödinger foi escolhida para a missão, pois os cientistas consideram essa área um "interessante sítio geológico" com cerca de 200 milhas de diâmetro.

"O anel externo da bacia é composto de meteoritos de derretimento de impacto e o anel interno é conhecido por seus depósitos de piso liso que podem ser uma combinação de derretimento de impacto e material vulcânico", explicou a Nasa, em comunicado.

Desafios pela frente

Um dos problemas que a Draper tem pela frente, por exemplo, é desenvolver uma tecnologia de comunicação entre a Terra e o outro lado da Lua, já que a área fica numa região fora de comunicação direta via rádio, destacou o site Space.

Sobre isso, a empresa disse que vai terceirizar o desenvolvimento de dois satélites. Eles serão enviados ao espaço para fornecer o sinal necessário para a comunicação e transmissão de informações para a Terra.

O contrato com a Draper prevê três investigações principais:

  • Farside Seismic Suite (FSS): levará dois sismômetros para registrar dados sísmicos lunares, tais como atividade tectônica e a presença de terremotos. Os instrumentos foram financiados pela Nasa e pela Agência Espacial Francesa (Centre National d'Etudes Spatiales - CNES).
  • Lunar Interior Temperature and Materials Suite (LITMS): uma sonda e uma broca pneumática vão investigar o campo magnético lunar, o fluxo de calor e as atividades de condução elétrica do subsolo do interior lunar na Bacia de Schrödinger. O LITMS foi financiado pela Nasa e é liderado pelo Southwest Research Institute.
  • Experimento Eletromagnético de Superfície Lunar (LuSEE): fará medições de fenômenos eletromagnéticos na superfície da Lua. Eles querem entender a física por trás do transporte de poeira. Essa investigação também pretende medir as emissões de rádio solares e planetárias. O LuSEE é financiado pela Nasa em colaboração com o CNES e liderado pela Universidade da Califórnia, Laboratório de Ciências Espaciais de Berkeley.

O contrato com da Nasa com a empresa Draper faz parte da iniciativa Commercial Lunar Payload Services (CLPS). Esse programa visa contratar diversas empresas norte-americanas para fornecer ciência e tecnologia de exploração da Lua.