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Por que propagandas nos 'perseguem' na web? Aprenda a se livrar dos cookies

Infelizmente, o cookie nos sites não é tão bom quanto o doce da vida real - Joruba/iStock
Infelizmente, o cookie nos sites não é tão bom quanto o doce da vida real Imagem: Joruba/iStock

Aurélio Araújo*

Colaboração com Tilt, de São Paulo

23/07/2022 04h00

Se você já buscou por algum produto para compra online, já deve ter reparado que propagandas desse mesmo produto começam a aparecer em vários cantos da internet. Essa "perseguição" é um dos efeitos da utilização de cookies: arquivos de texto depositados por um site em cada computador, indicando que aquela pessoa já visitou determinada página.

Sabe quando você entra num site novo e logo surge um pedido para que você "aceite os cookies" para continuar a navegar? É aí que acontece. Com os dados que eles registram, as marcas identificam seu perfil e passam a direcionar uma publicidade específica para você.

Mas esse talvez seja o menor dos problemas. Cookies também podem rastrear e identificar informações sigilosas, que depois são compartilhadas ou mesmo vendidas a terceiros.

Bateu um arrependimento por sempre clicar "sim" naquela bendita pergunta? Não precisa se culpar tanto. Primeiro, muitos brasileiros também aceitam os cookies de todos os sites. De acordo com uma pesquisa recente da Avast, empresa de segurança digital, 50% dos entrevistados afirmaram seguir essa linha. O levantamento ouviu 1.000 pessoas com mais de 18 anos, que vivem no Brasil.

Segundo, porque esses registros também podem trazer benefícios, como melhorar os serviços do site, indicar os recursos mais usados pelo visitante, identificar erros a serem corrigidos, lembrar as preferências de cada internauta e facilitar a navegação.

"Estou sendo vigiado"

As propagandas repetidas fazem parte de uma técnica de marketing chamada de "retargeting" ("mirar de novo"). Não é muito diferente de um vendedor insistente do mundo físico: um site identifica que você buscou um produto e passa a lembrar você que ele vende aquele produto (às vezes, até com um desconto, para tentar fechar esse negócio de uma vez por todas).

Em muita gente, isso desperta uma sensação de monitoramento: "alguém está vendo o que eu estou acessando na internet". Por isso, segundo a pesquisa da Avast, entre os brasileiros que recusam cookies:

  • 60% dizem que o fazem pela preocupação com as informações coletadas.
  • 22% o fazem porque isso piora sua experiência de navegação.
  • 23% porque não gostam de receber publicidade direcionada.

O criador e a criatura

No mês de janeiro, as autoridades da França multaram o Google e a Meta (empresa proprietária do Facebook) num valor equivalente a R$ 1,3 bilhão devido ao uso de cookies. De acordo com a investigação dos franceses, ambas tornavam mais fácil aceitá-los do que recusá-los.

O programador americano Lou Montulli é considerado o "inventor" do cookie e, diante de tanta polêmica, sentiu que tinha de vir a público justificar porque esse "Frankenstein" aparentemente havia se rebelado contra seu criador.

"Minha invenção está no coração tecnológico de muitos esquemas de publicidade, mas eu não tinha essa intenção", afirmou ele em entrevista à AFP. "É apenas uma tecnologia central para permitir que a web funcione."

Montulli disse que a ideia era somente usar cookies "primários", que a própria página visitada deposita na máquina para identificar se aquela é ou não a primeira visita de um internauta. Assim, por exemplo, não seria necessário fazer login mais de uma vez ao voltar a um mesmo site.

No entanto, logo surgiram os cookies "de terceiros", também depositados em seu computador ao visitar uma página, mas que não foram desenvolvidos por aquela página. Quando você vê publicidade de uma marca em um site de notícias, por exemplo, os cookies dessa propaganda não pertencem ao site, mas sim ao anunciante.

"Anúncios personalizados só são possíveis graças ao conluio entre inúmeros sites e uma rede de anúncios", disse Montulli.

Limpando cookies

É importante fazer uma limpeza dos cookies de tempos em tempos. Não só por uma questão de privacidade, mas também para melhorar a navegação, porque os cookies vão se acumulando (e ocupando memória) a cada nova sessão iniciada em um navegador.

Para isso, é só seguir os passos abaixo.

No Chrome

  • No canto superior direito do navegador, clique nos três pontinhos
  • Nesse menu, vá até "Mais Ferramentas"
  • Clique em "Limpar dados de navegação"
  • Selecione a opção "Cookies e outros dados do site"
  • Clique em "Remover dados"

No Firefox:

  • No canto superior direito do navegador, clique nas três listras horizontais
  • Nesse menu, clique em "Opções"
  • Acesse a opção "Privacidade e Segurança"
  • Vá até o item "Cookies e dados de sites"
  • Clique em "Limpar dados"

*Com matéria de Guilherme Tagiaroli e Rodrigo Lara, publicada em 27 de julho de 2021