Topo

AirTags: dispositivo de rastreio da Apple é bom, mas limitado para iPhone

Airtags, da Apple Imagem: Reprodução

Bruna Souza Cruz

De Tilt, em São Paulo

06/07/2022 04h00

Se você vive perdendo as chaves de casa, a carteira e/ou viaja bastante, investir num dispositivo de rastreio de objetos com o AirTag, da Apple, pode ser interessante. A maior limitação, porém, é que junto você precisará ter um iPhone (ou iPad) — e não dos mais antigos. Caso contrário, nem gaste o seu dinheiro com isso.

Testei os AirTags nos últimos meses em diferentes situações e conto agora como ele funciona e para qual perfil de público o custo-benefício valerá a pena.

Abaixo um pequeno resumo:

  • Data de lançamento: 20 de abril de 2021.
  • Chegada ao Brasil: maio de 2021 por R$ 369 no pacote individual e R$ 1.249 no kit com quatro (loja oficial).
  • Preço atual: R$ 358 individual e R$ 1.192 com quatro (loja da Apple); a partir de R$ 265 em lojas varejistas.

O que gostei

  • Rastreio preciso, principalmente se você tem um iPhone mais recente.
  • Boa integração com aparelhos do ecossistema Apple

O que não gostei

  • Custo ainda é alto
  • Risca fácil
  • Bateria acabou mesmo sem nem usar tanto
  • Recurso avançado de localização funciona só em modelos de iPhone mais novos

Como é um AirTag

O dispositivo circular é pequeno e leve Imagem: Bruna Souza Cruz/Tilt

O AirTag é um dispositivo circular de 11 gramas que se parece com uma bateria CR2032, tipo a usada em algumas balanças. O visual traseiro me lembrou um grande botão de roupa ou a tampinha de algum objeto.

O design é bem simples. De um lado, ele é feito de plástico (policarbonato) branco. Do outro, aço inox, com o logo da empresa (que risca fácil).

A parte de trás lembra um grande botão branco Imagem: Bruna Souza Cruz/Tilt

O produto tem certificação IP67, o que garante resistência à poeira e a possibilidade de submersão a até um metro de profundidade por 30 minutos.

Comparação com uma moeda de 50 centavos e uma bateria Imagem: Bruna Souza Cruz/Tilt
Comparação com uma moeda de 50 centavos e uma bateria Imagem: Bruna Souza Cruz/Tilt

Como os AirTags rastreiam objetos

O acessório faz parte da categoria de dispositivos chamada de smart tags (etiquetas inteligentes). Ele serve como um sensor para monitorar o objeto em que ele está preso, como chaves e carteiras. É possível também usar dentro de mochilas, bolsas e até na coleira de animais de estimação.

Se você perder algo junto com o AirTag, é possível descobrir as coordenadas em que o dispositivo se encontra sem a necessidade de internet. Dá também para fazer o aparelho emitir um bipe para ser localizado, pois ele possui um alto-falante integrado.

Com ajuda da conexão Bluetooth, o aparelho consegue fazer a comunicação entre o objeto atrelado a ele e o sistema de localização da Apple — entenda melhor aqui como as redes de monitoramento funcionam.

Vale um lembrete: os AirTags não foram desenvolvidos para monitorar objetos roubados. Para desativá-lo, por exemplo, é simples. Basta tirar a bateria.

Onde os dados aparecem?

As informações de rastreio dos AirTags aparecem dentro da tela da função Buscar, presente nos aparelhos da Apple. É possível ver, por exemplo, um mapa exibindo a localização dos dispositivos associados à sua conta (e de amigos que tenham compartilhado a informação com você). Os AirTags aparecem dentro da parte de "Itens".

Por conta dessa estrutura criada, outros aparelhos da fabricante ajudam a formar essa rede de comunicação para situações em que é preciso encontrar um objeto mais distantes. Segundo a empresa, os aparelhos não identificam a quem determinado AirTag pertence. O processo é feito de modo criptografado.

Requisitos para funcionar:

  • Ter cadastrado uma conta na Apple (ID Apple)
  • iPhone e iPod touch com sistema operacional iOS 14.5 ou posterior
  • iPad com iPadOS 14.5 ou posterior
  • Temperatura operacional ambiente: -20 °C a 60 °C

Busca precisa

App Buscar, do iOS, dará direções para usuários encontrarem itens com AirTags Imagem: Reprodução

Além do mapa disponibilizado na função Buscar da Apple, os AirTags trabalham com a Busca Precisa em modelos mais avançados de iPhone.

Com ela é possível monitorar o quão perto ou longe você está do AirTag que está sendo rastreado. A tela exibe informações detalhadas como: as chaves da Bruna estão 2 metros à sua esquerda.

Assim, você pode ir movimentando o celular e caminhando seguindo as orientações de deslocamento. A Busca Precisa é compatível apenas com os aparelhos abaixo, o que torna muito restrito o uso de um recurso tão bom e útil.

  • iPhone 11
  • iPhone 11 Pro
  • iPhone 11 Pro Max
  • iPhone 12
  • iPhone 12 mini
  • iPhone 12 Pro
  • iPhone 12 Pro Max
  • iPhone 13
  • iPhone 13 mini
  • iPhone 13 Pro
  • iPhone 13 Pro Max

Minha experiência

Testei dois AirTags de teste ao mesmo tempo. Ativei os dois assim que os recebi no ano passado num iPhone 13 Pro Max, também de teste.

O processo foi bem rápido. Ao tirar um pequeno lacre de segurança, o celular reconheceu um AirTag por vez só de aproximá-los do telefone. Segui os passos indicados na tela e dei um nome para cada: "Mochila" e "Chaves".

Como o dispositivo é apenas uma estrutura circular, é preciso comprar acessórios se quiser usar com chaves ou conectados a outros objetos. Na loja oficial da Apple um chaveiro mais simples custa R$ 199 (vale a pena pesquisar em outras plataformas opções mais baratas).

Os testes iniciais foram bem simples, como deixar um AirTag no quarto e ligar o rastreio dele da cozinha para medir o quão eficiente seria a Busca Precisa. E ela é mesmo bem funcional.

Fiquei semanas usando um dos AirTags no chaveiro de casa. Como não perdi nenhuma vez, não precisei recorrer ao rastreio. Porém, às vezes ia até a configuração de Buscar itens para ver se o dispositivo estava exibindo mesmo a localização precisa. Em todas as vezes ele exibiu as informações corretamente.

Inclusive, eu "perdi" um dos AirTags dentro de casa umas três vezes. Esqueci onde tinha guardado e usei a emissão de som para encontrá-lo. Foi sucesso.

Rastreio de malas

Imagem: Tilt

Meses depois, em janeiro deste ano, fui cobrir aqui para Tilt a CES, feira de tecnologia realizada tradicionalmente nos Estados Unidos. Dessa vez, renomeei um deles para "Bagagem" e coloquei dentro da mala que seria despachada no aeroporto. O outro ficou o tempo todo dentro da minha mochila, como bagagem de mão.

Tanto na ida quanto na volta, monitorei o deslocamento da mala conforme ela se distanciava de mim. Quando isso aconteceu pela primeira vez, um alerta apareceu no meu celular. Avisei que não tinha nada perdido e abri a função Buscar para monitorá-la.

Já dentro do avião de ida abri o mapa e o sistema mostrou que uma das malas estava em alguma das dependências do aeroporto. Esse processo levou alguns minutos para ser atualizado devido à distância.

Não foi o caso, mas, se eu quisesse visualizar o itinerário até ela, eu poderia calcular a rota e quanto tempo eu levaria para chegar até ela. O sistema da Apple oferece opções a pé, de carro, transporte público e bicicleta.

Duração da bateria

Segundo a Apple, a bateria pode durar em média um ano. O que realmente se confirmou após meses em posse dos dispositivos. O problema é que eu quase não usei as etiquetas de rastreio depois de janeiro.

Sendo assim, saiba que a bateria vai acabar usando ou não usando, e você terá que trocar por uma nova para continuar com seus AirTags funcionais.

Rastreio indevido de mulheres

Desde que começou a ser vendido, já rolaram notícias de usos indevidos do dispositivo para rastrear mulheres. De acordo com a Apple, se algum AirTag desconhecido for colocado em suas coisas e você tiver um iPhone, ele irá detectar que está se deslocando com um objeto não configurado por você.

Caso aconteça, um alerta é emitido para o celular. "Se você não o encontrar depois de um tempo, o AirTag começará a emitir um som para mostrar onde está", diz a Apple em seu site.

Apesar disso, os dispositivos continuam sendo usados por pessoas mal-intencionadas. Em janeiro deste ano, quase um ano após o lançamento, a Apple lançou um "Guia do Usuário de Segurança Pessoal" com recomendações de como os usuários devem lidar caso estejam em risco.

AirTags valem a pena?

No Brasil, esse tipo de tecnologia ainda não ficou tão popular, mesmo já tendo modelos da Apple, da Samsung e de outras empresas. Um dos possíveis fatores é por ainda terem um preço elevado.

No caso dos AirTags, o custo-benefício fica ainda mais restrito pelo fato de eles funcionarem apenas com modelos específicos de iPhone e iPad. Como disse lá no início: se você não tem um telefone da Apple ou tem um muito antigo, nem gaste com isso.

Os dispositivos serão úteis para pessoas que podem investir na tecnologia e que realmente farão bom proveito dela. É legal, interessante, é precisa no rastreio. Mas dá pra viver sem.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelos links recomendados neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

AirTags: dispositivo de rastreio da Apple é bom, mas limitado para iPhone - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Review