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Missão da Nasa para pisar na Lua novamente vai atrasar, revelam documentos

Projeto Artemis quer construir uma base e uma estação espacial na Lua Imagem: Divulgação

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

21/06/2022 14h09

Há anos, a Nasa está se preparando para lançar a primeira missão do programa Artemis, que quer levar o homem novamente para a Lua. A meta era que isso acontecesse até 2024, mas documentos internos da agência espacial, vazados esta semana, revelam atrasos inevitáveis.

De acordo com o site Ars Technica, que obteve as informações, há dois cronogramas alternativos, que se estenderiam até 2034, com grandes lacunas. Um deles, chamado "cadência", coloca os lançamentos na ordem prevista; o outro, "conteúdo", prioriza o envio de cargas mais significativas.

O replanejamento pode estar relacionado a demoras no desenvolvimento das tecnologias necessárias e também à falta de verbas. Estima-se que Artemis irá custar cerca de US$ 93 bilhões (cerca de R$ 475 bilhões) até 2025 — e o governo dos Estados Unidos parece relutante.

O novo programa de exploração lunar tripulada depende da nave Orion e do foguete mais poderoso do mundo, o Space Launch System (SLS, ou Sistema de Lançamento Espacial), que ainda estão em fase de testes e upgrades. Também há o desenvolvimento de trajes especiais para os astronautas, além de projetos para uma base lunar e uma estação espacial.

Teste do SLS no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nesta segunda-feira Imagem: Nasa

Se tudo der certo, será a primeira vez que um astronauta caminhará em nosso satélite desde 1972 (quando aconteceu a última missão tripulada do projeto Apollo), incluindo a primeira mulher. Composto por diversas missões, o Artemis também pretende construir uma base permanente na Lua e abrir caminho para pisarmos em Marte.

Conheça os detalhes de cada etapa e as datas até então divulgadas pela Nasa:

Artemis I (2022): A missão inicial, ainda sem tripulação, consiste no lançamento real de uma cápsula Orion pelo SLS. Ela permanecerá na órbita da Lua por três dias, para testar sua capacidade de ir e voltar. O lançamento está previsto para agosto; ontem (20), um teste foi parcialmente bem-sucedido, abortado após vazamento em uma válvula de hidrogênio.

Artemis II (2024): Será como uma repetição da primeira, desta vez com quatro tripulantes a bordo. Eles farão apenas um sobrevoo, dando uma volta até o lado oculto da Lua, a cerca de 400 mil quilômetros da Terra (o mais distante no espaço profundo que qualquer ser humano já foi). A viagem deve durar cerca de 10 dias.

Artemis III (2025): É o grande teste. O objetivo é "alunissar" (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá. Mas a Orion não tem propulsão para fazer isso sozinha. É preciso um sistema de pouso humano (HLS): uma nave para levar os astronautas entre a órbita da Lua, onde estará a cápsula, e a superfície. Por enquanto, a Nasa optou pela Starship, da SpaceX:

Artemis III.5 (2027): Os documentos revelam que, se optar pelo cronograma Cadence, a Nasa deve adicionar uma outra missão, para que não haja grandes lacunas no programa. Quatro astronautas iriam até a órbita da Lua, e dois desceriam à superfície. Isso custaria mais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25 bi) e significaria mais atrasos para as fases e tecnologias seguintes.

Futuro (até 2034 ou mais): Se bem-sucedido e com verbas, a próxima etapa do Artemis seria instalar o Lunar Gateway, similar à Estação Espacial Internacional (ISS), em menor escala, que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões. Em parceria com outras agências espaciais e empresas privadas, a Nasa também pretende estabelecer uma base permanente na Lua, com uma "plataforma habitável de mobilidade", para viagens de até 45 dias.

Concepção artística mostra cápsula Orion chegando no Lunar Gateway, com a Terra ao fundo Imagem: Nasa

A meta é que toda essa estrutura e experiência também permitam viagens tripuladas a Marte, incialmente previstas para a década de 2030. "É um cronograma agressivo", disse Jim Bridenstine, administrador da Nasa, em uma coletiva. O mais provável é que ainda leve, pelo menos, 20 anos para isso acontecer.

A primeira vez que o homem esteve na Lua foi em 1969, com a famosa missão Apollo 11, de Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Doze pessoas diferentes já caminharam sobre o solo lunar até a Apollo 17, a última missão tripulada ao satélite, em 1972.

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