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El Salvador perde quase 50% do valor que presidente investiu em Bitcoins

Nayib Bukele, presidente de El Salvador e ferrenho defensor das criptomoedas  - JOSE CABEZAS/REUTERS
Nayib Bukele, presidente de El Salvador e ferrenho defensor das criptomoedas Imagem: JOSE CABEZAS/REUTERS

Eduardo Almeida

Colaboração para Tilt, de Fortaleza*

14/06/2022 14h48

A desvalorização do Bitcoin na última semana foi uma péssima notícia para os investidores. Mas foi ainda pior para os cidadãos de El Salvador. Em setembro, esse pequeno país na América Central oficializou o Bitcoin como moeda oficial, ao lado do dólar americano. E, desde então, o presidente Nayib Bukele vem aplicando dinheiro público na moeda digital.

O entusiasmo de Bukele por criptomoedas levou grande parte dos contribuintes salvadorenhos a também se arriscar — e agora todos estão vendo o investimento perder valor em ritmo assustador.

No caso de Bukele, o prejuízo já chega a quase 50% do valor aplicado inicialmente. Em outubro, o país fez sua movimentação mais alta: pagou US$ 60,3 mil por 420 bitcoin. "Valeu a pena esperar", comemorou ele, no Twitter.

Em maio, mesmo com a criptomoeda já em queda, o presidente autorizou mais 500 Bitcoins, por US$ 30,7 mil.

Atualmente, o mercado negocia a criptomoeda por cerca de US$ 21,8 mil. El Salvador detém 2.301 Bitcoin, o que corresponde então a cerca de US$ 50,3 milhões. Isso equivale a apenas 47% dos US$ 105,6 milhões investidos pelo presidente.

Por que caiu?

Alguns fatores tem contribuído para o forte movimento descendente da Bitcoin, como o ataque especulativo sofrido pela stablecoin Terra, que fez com que a paridade com o dólar americano fosse derrubada. Outro ponto crítico foi a falência da Celsius, um grande credor DeFi (credores que fornecem fundos em troca de uma taxa de juros regular).

Com a queda no valor da criptomoeda, os problemas do país só se acentuaram. Bukele, descrito por seus opositores como autoritário, tem lidado com uma onda de crimes violentos, que levou 2% da população adulta do país a ser encarcerada.

Também houve de protestos contra as leis de Bitcoin — que ele ajudou a criar.

Apesar do momento ruim, Bukele ainda se mantém como defensor ferrenho da criptomoeda. Ele chegou a planejar, para março, uma emissão de títulos do governo para angariar fundos para a criação da "cidade Bitcoin", mas teve que adiar seus planos devido ao baixo valor de mercado.

Bukele também já falou à imprensa que não vai abrir mão dos investimentos porque acredita que eles podem se recuperar e minimizar estas perdas. Mas, se a tendência de desvalorização se mantiver, El Salvador pode enfrentar um colapso financeiro real, uma vez que não haverá reservas suficientes para administrar o país.