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Relatos de dopagem em Uber e 99 viralizam nas redes; veja como se proteger

Vítimas são dopadas durante viagem por aplicativo de transporte - JESHOOTS.com/Pexels
Vítimas são dopadas durante viagem por aplicativo de transporte Imagem: JESHOOTS.com/Pexels

Hygino Vasconcellos

Colaboração para Tilt

06/06/2022 10h07Atualizada em 09/06/2022 11h43

Na última semana, viralizaram novamente nas redes sociais denúncias de passageiras que teriam sofrido tentativa de sequestro ou estupro após serem dopadas por spray, gás ou pano umedecido durante viagem por aplicativos de transporte.

Em maio, a empresária J.L., de 34 anos, denunciou um motorista que tentou drogá-la durante uma viagem no Rio de Janeiro.

A passageira começou a sentir uma pressão na cabeça e tontura após ouvir o barulho de um spray. Mas conseguiu deixar o carro a tempo após pedir para o motorista parar em um posto de combustíveis.

A cirurgiã-dentista L.N.*, 23 anos, também passou por uma situação parecida junto com três amigas, também no Rio de Janeiro. Ela contou que o motorista passou a borrifar um spray durante a viagem enquanto mudava as marchas.

Após perceber a atitude suspeita, ela orientou as amigas a abrir as janelas. O homem continuou a dispersar o produto, mas elas conseguiram chegar ao destino e a corrida foi finalizada.

Em outubro, uma passageira alegou que um motorista também tentou dopá-la em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. O condutor ofereceu um produto que, supostamente, servia para desengordurar telas de celulares e óculos. Ela afirmou que começou a se sentir mal, mas conseguiu destravar a porta do veículo e sair.

Casos arquivados: não havia entorpecente

O caso de Canoas, porém, foi investigado pela Polícia Civil e concluído em fevereiro. As autoridades não acharam indícios de prática de crime sexual. Não foi encontrado qualquer tipo de entorpecente no veículo ou na passageira. A polícia também entendeu que não houve má-fé na denúncia.

Outro caso similar, no Rio de Janeiro, teve laudo pericial publicado em 12 de maio pela Polícia Civil, concluindo que o produto utilizado pelo motorista acusado era apenas álcool 70%. A defesa do condutor irá abrir um processo de calúnia e difamação contra a engenheira que o acusou.

Contatada por Tilt, a Uber reforça que tem colaborado com todas as investigações que são formalizadas com a plataforma e as autoridades, como foram os casos de Canoas e do Rio de Janeiro. E que, da mesma maneira, não pode opinar sobre casos ainda não registrados formalmente, sem poder localizar os dados específicos da viagem, como os dois citados no início da reportagem.

As autoras dos tweets não aceitaram conversar com Tilt para dar mais detalhes.

Como se proteger?

A recomendação principal é que passageiras não aceitem qualquer tipo de produto químico, alimento ou outro serviço oferecido pelo condutor.

O advogado e especialista em direito penal e direito penal econômico Matheus Herren Falivene orienta que, caso perceba essa intenção, o passageiro deve abrir a janela ou tentar descer do veículo. "Pedir para o motorista parar é direito do consumidor", reforça.

Falivene recomenda ainda que a Polícia Militar seja acionada, no telefone 190, ou também o serviço de emergência dos próprios aplicativos. "Os principais apps têm uma chamada de emergência para caso o passageiro precise"

Para a especialista em segurança feminina Dra. Maria Luísa Dalla, os cuidados começam antes de ingressar no veículo. Segundo ela, é importante verificar se o nome do motorista e a placa do carro correspondem às informações fornecidas pelo app. "Muitas plataformas também oferecem a opção de compartilhar a corrida e a opção de ligar para a polícia", lembra.

Ela orienta ainda que as passageiras saibam se proteger em casos de assédio. "Também é importante que elas formalizem essas denúncias, façam boletim de ocorrência; só assim o Estado poderá punir o agressor".