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À prova de balas: entenda a tecnologia por trás do carro-forte

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt, em São Paulo

28/04/2022 04h00

Um carro-forte tem como principal objetivo o transporte de cargas de alto valor, principalmente dinheiro. E mais do que simplesmente levar coisas de um lado para o outro, veículos do tipo precisam atender a outra importante missão: garantir a segurança de quem estiver em seu interior em caso de assaltos.

Mas você sabe quais são as tecnologias usadas para que os carros-fortes realizem o seu trabalho com segurança? Confira em detalhes a seguir.

Como funciona?

Explicação: entenda a tecnologia por trás dos carros-fortes - Guilherme Zamarioli/UOL - Guilherme Zamarioli/UOL
Imagem: Guilherme Zamarioli/UOL

Em primeiro lugar, temos o formato da carroceria. Geralmente ela se apresenta na forma de um furgão: na frente temos a cabine, na qual viajam o motorista e mais uma pessoa. Já a parte de trás é destinada ao transporte dos itens de valor —e também há espaço para mais pessoas.

De nada adiantaria, porém, um carro desses ter uma estrutura vulnerável. É aí que entra a blindagem, e ela precisa atender a alguns pré-requisitos.

Considerando todo o exterior do carro, ele precisa ser capaz de resistir ao impacto de projéteis de munições calibre 5.56x45mm, 7.62x51mm e 7.62x39mm.

Esse tipo de munição é o usado por armas mais pesadas, como fuzis de assalto, rifles e metralhadoras. Isso vale tanto para "lataria" quanto para as superfícies transparentes, como vidros.

No caso do para-brisa e de visores laterais, opcionalmente eles também podem ter blindagem transparente que resiste ao impacto de projéteis de munição calibre 9mm, usada por pistolas e submetralhadoras, que sejam disparadas a uma distância máxima de 5 metros.

A carroceria também precisa ter sistemas de escotilhas com ao menos seis seteiras (pequenas aberturas) que permitem que os ocupantes possam atirar em direção ao exterior em ângulos de até 45 graus.

Já as portas seguem o mesmo padrão de blindagem da carroceria, sendo que elas precisam ser equipadas com fechaduras que não tenham comando externo para os trincos.

A parte que carrega os itens valiosos conta com um cofre de porta reforçada, cuja blindagem pode variar, indo de uma mais leve e capaz de resistir ao impacto de munições calibre 9mm até uma versão capaz de suportar explosivos.

Para finalizar, há para-choques reforçados, desenvolvidos para suportar colisões. Eles são desenhados de forma a evitar que se enganchem em obstáculos ou até mesmo para-choques de outros veículos.

Existe ainda o sistema de proteção para os faróis, que garante a iluminação das vias em condições de pouca luz e, opcionalmente, pneus reforçados (que podem usar uma espuma plástica em seu interior) que não murcham caso sejam atingidos.

Dúvidas comuns

Além da blindagem, os veículos recebem reforços estruturais?

O chassi de um carro forte é original, geralmente o mesmo dos usados em caminhões de porte menor. Ele passa por adaptações, como o reposicionamento do tanque de combustível, dos eixos e da suspensão para suportar o peso extra e permitir a fixação da carroceria blindada.

O peso dos carros-fortes passa das oito toneladas, mesmo sem carga, que é muito superior ao dos caminhões nos quais eles se baseiam.

Qual é o sistema de proteção do cofre?

Além da blindagem, há um sistema que faz com que a sua abertura seja por senha aleatória. Além disso, é possível usar rastreadores atrelados à carga valiosa transportada.

Fora isso, o veículo também conta com sistema de comunicação em ligação permanente com a base da empresa e com com os órgãos policiais estaduais.

Qual é a velocidade máxima de um carro-forte?

Um veículo do tipo chega a 115 km/h, velocidade que é controlada eletronicamente.

Fontes:
Marcello Nardi, diretor de operações da Prosegur Cash
Guilherme Wolf Lebrão, doutor e professor de Engenharia de Materiais do Curso de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)