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Roupinha e peruca: brasileiros viralizam com peças de crochê para a Alexa

Maria Batista Oliveira, 77, é uma das pioneiras na febre de criar capinhas de crochê para a Alexa - Arquivo pessoal
Maria Batista Oliveira, 77, é uma das pioneiras na febre de criar capinhas de crochê para a Alexa Imagem: Arquivo pessoal

Rayane Moura

Colaboração para Tilt, em São Paulo

18/04/2022 09h01

Capinhas de crochê para botijão de gás, filtros de água e fogão não são novidades no Brasil. Mas um novo aparelho entrou na lista: os assistentes por voz.

Nos últimos dias, adereços de crochê para o Amazon Echo, a caixa de som equipada com Alexa vendida pela Amazon, começaram a viralizar nas redes sociais.

Dona Maria Batista Oliveira, de 77 anos, é uma das pioneiras. Aposentada e moradora de Teófilo Otoni, no interior de Minas Gerais, ela encontrou no crochê seu principal hobby. Cria tudo o que pode com as linhas e agulhas. Na pandemia, ficou isolada em casa e "crochetou" ainda mais.

Quando os filhos lhe presentearam com a assistente virtual da Amazon, não deu outra. "Ela logo começou a fazer várias capinhas. Mandou no grupo da família e todos amaram", relembra a nora, a jornalista Marina Frossard (que também ganhou alguns enfeites para a sua própria Alexa).

"Quando eu fui passar as férias lá, vi que ela tem um closet de crochê somente para a Alexa. Achei aquilo genial e compartilhei com meus seguidores no Instagram. Como meu perfil é fechado, não atingiu muitas pessoas, mas uma amiga tirou print e postou no Twitter, e logo viralizou", conta.

O post no Twitter foi feito por Andreia, amiga da Marina, que publicou a captura de tela em 31 de março deste ano. A publicação já ultrapassou 70 mil curtidas e 3 mil retweets. Entre os perfis que deram RT, está o da Prime Video Brasil, plataforma de streaming da Amazon.

Vovó da Alexa

Com o sucesso, Marina precisou fazer um perfil para Dona Maria no Instagram, que ganhou o nome de @vovodaalexa, para que assim as pessoas conhecessem o trabalho e pudessem fazer encomendas.

"A publicação que viralizou foi a da Andreia, não a minha, então não aparece meu nome ou a minha sogra. Todas as publicações que fizeram em outras páginas, saíram com o nome da Andreia, o meu tá lá em cima no cantinho. [O novo perfil] é importante para as pessoas conhecerem e saberem quem é a Dona Maria", explica Marina.

A crocheteira já recebeu algumas encomendas, mas como fazer as peças é apenas um passatempo, não um trabalho, ela ainda não tem muita noção de quanto cobrar. "Ela é uma senhora fofinha, baixinha, tem um metro e meio, é bem tímida, típica daquelas vovós do interior. Ela não tem conhecimento de internet, se eu falar 'a Amazon deu RT na sua capinha de crochê', ela não sabe nem o que é", conta Marina.

"Então, quando perguntei dos valores, ela falou algo tão baixo, que não tive coragem de compartilhar com as outras pessoas. Ela não tem essa noção que é um trabalho artesanal, que vai tempo, dinheiro, então estamos pensando em um valor justo para cobrar. Não sei um preço agora", completa Marina.

"Vou fazer uma peruca para a Alexa"

Para Carlos Diniz, de 30 anos, pesquisador recém-mudado para o Alabama, nos Estados Unidos, o crochê virou uma atividade para passar o tempo enquanto conversa virtualmente com a namorada e os familiares.

"Aprendi há pouco tempo, em dezembro, enquanto estava de férias com minha avó e minhas tias antes de vir para cá. Como não tinha nada para fazer, ganhei a linha e agulha, e fui praticando vendo vídeos no YouTube", conta.

Carlosjá fez croppeds para a namorada e até um porta-vinho. Mas o que bombou nas redes, claro, foi um adereço peculiar para Alexa.

alexa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O pesquisador Carlos Diniz, 30, com a namorada que inspirou a 'peruca' de crochê da Alexa: o cropped de crochê que ela usa também foi ele que fez
Imagem: Arquivo pessoal

"Trouxe minha Alexa comigo do Brasil. Eu não estava fazendo nada, olhei para ela e pensei: 'vou fazer uma peruca'. Minha namorada tem cabelo curtinho, então fiz parecido com o cabelo dela, para me lembrar dela quando eu olhar, sabe?", explica o pesquisador.

O post no Twitter viralizou, mas Carlos não pensa em vender outras "perucas", porque leva o ofício apenas como hobby. Na maioria das vezes, faz peças apenas como presente. "Fiz uma bolsa para uma amiga, em troca ela me deu um vinho", explica.

"Esse negócio de capitalizar tudo não é minha ideia, não concordo", continua. "Além disso, se eu for vender, vou ter que dedicar um tempo só para isso, não vou conseguir conciliar com meu trabalho, a minha pesquisa, aquilo que realmente vim fazer aqui nos EUA."

Por ser um homem de 30 anos fazendo crochê, Carlos às vezes recebe alguns comentários e brincadeiras desnecessárias, mas lida com isso de forma espontânea. "O problema está em quem pergunta, então eu sempre levo na brincadeira e respondo da mesma forma", afirma.

Tem problema?

Tem algum problema cobrir o Amazon Echo, a caixa de som inteligente que vem equipada com a Alexa, com peças de crochê? Atrapalha a saída e entrada de som ou causa superaquecimento?

Procurada por Tilt, a Amazon se limitou a indicar a página de recomendações de segurança disponível em seu site. Lá, não consta qualquer restrição sobre cobrir o aparelho com outras peças.