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Guerra na Ucrânia: como drones desmobilizaram forças russas perto de Kiev

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

04/04/2022 16h44Atualizada em 04/04/2022 18h49

Trinta operadores de drones, montados em quadriciclos, conseguiram emboscar e derrotar forças russas formadas por um comboio de 40 tanques blindados e caminhões de suprimentos, segundo informações do jornal britânico The Guardian. A coluna bélica estava a caminho de Kiev, capital da Ucrânia, um dos principais alvos da Rússia.

Além dos drones, os soldados ucranianos estavam equipados com óculos de visão noturna, rifles e minas que detonam remotamente. Com tecnologias de alta precisão, eles adentraram os dois lados de uma floresta que margeavam a estrada onde estava o exército russo.

De acordo com o relato de um comandante ucraniano ao jornal The Guardian, o grupo esperou anoitecer. Os drones foram usados para localizar os soldados russos e bombardear três veículos à frente do comboio.

Os grupo da Ucrânia continuou atacando os locais em que as forças russas estavam por cerca de dois dias. Os soldados de Vladimir Putin, então, redefiniram a estratégia e dividiram o comboio em pequenas unidades para seguir rumo à Kiev.

Na madrugada seguinte, as forças especiais atacaram novamente, desta vez, um depósito de suprimentos dos russos, o que os impediu de vez de avançar.

Drones "invisíveis"

De acordo com a reportagem, os ucranianos destacam que é "impossível" ver seus drones à noite. Com isso, eles conseguiram se aproximar dos alvos e acertar com precisão o comboio russo, sem baixas (como mortos e feridos) em seu lado.

"Tudo acontece por causa do trabalho de 30 pessoas", disse o tenente-coronel Yaroslav Honchar, comandante da unidade de reconhecimento aéreo.

Em geral, os drones são estratégicos para atacar tanques, caminhões de comando e veículos que transportam equipamentos eletrônicos. Mas, desde o início da guerra, os equipamentos já atingiram diferentes alvos prioritários, incluindo paraquedistas russos, destaca o jornal.

A tecnologia também foi usada para impedir aproximação de um grupo russo do aeroporto Hostomel, perto de Kiev.

O perfil dos pilotos de drones

Os operadores de drones da ação perto de Kiev fazem parte de uma unidade de forças de elite da Ucrânia, o grupo de reconhecimento aéreo conhecido como Aerorozvidka, criado em 2014.

Ele é formado por jovens, em sua maioria especialistas em tecnologia da informação, que se ofereceram no início do grupo para projetar máquinas para ajudar a conter a invasão russa da Crimeia e da região de Donbas.

A unidade de elite diz ter realizado até 300 missões por dia até agora e desempenhado um papel fundamental no fortalecimento da resistência ucraniana contra a Rússia.

Imagens de satélite têm sido usadas para compor um banco fotográfico usado para facilitar a criação dessas estratégias. Além disso, um sistema de inteligência apoiado pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o Delta, que reúne informações de diversas fontes, incluindo satélites e reconhecimento de outros drones, também é utilizado.

Os drones

O arsenal de drones da unidade ucraniana varia de comerciais (mais simples) a octocópteros pesados (são drones com oito rotores, peça que ajuda o equipamento se manter no ar).

Um dos mais importantes do grupo é o drone R18, que tem um alcance de 4 quilômetros —cerca de 2,5 milhas. Sua capacidade de lançar bombas de cerca de 5 kg (11 libras) é valorizada pelos soldados.

A equipe também usa o drone Punisher (PD-1), desenvolvido pela Ucrânia, que pode transportar cerca de 6,5 kg de explosivos até 30 milhas de distância.

Outro modelo que tem sido destaque nesta guerra é o Bayraktar TB-2, fabricado na Turquia. Veja imagens dele e em ação abaixo:

Grupo precisa de doações

A unidade de reconhecimento aéreo Aerorozvidka está dependendo de doações e financiamento coletivo para conseguir continuar a combater as forças russas, especialmente para ter acesso a dispositivos avançados como câmeras termográficas (capazes de registrar imagens térmicas).

A reportagem diz que, nas últimas semanas, o grupo tem recebido doações de peças de drones e outros equipamentos, como impressoras 3D, para ajudar a construir e reparar dispositivos danificados em combate.