Guerra na Ucrânia: como drones desmobilizaram forças russas perto de Kiev
Trinta operadores de drones, montados em quadriciclos, conseguiram emboscar e derrotar forças russas formadas por um comboio de 40 tanques blindados e caminhões de suprimentos, segundo informações do jornal britânico The Guardian. A coluna bélica estava a caminho de Kiev, capital da Ucrânia, um dos principais alvos da Rússia.
Além dos drones, os soldados ucranianos estavam equipados com óculos de visão noturna, rifles e minas que detonam remotamente. Com tecnologias de alta precisão, eles adentraram os dois lados de uma floresta que margeavam a estrada onde estava o exército russo.
De acordo com o relato de um comandante ucraniano ao jornal The Guardian, o grupo esperou anoitecer. Os drones foram usados para localizar os soldados russos e bombardear três veículos à frente do comboio.
Os grupo da Ucrânia continuou atacando os locais em que as forças russas estavam por cerca de dois dias. Os soldados de Vladimir Putin, então, redefiniram a estratégia e dividiram o comboio em pequenas unidades para seguir rumo à Kiev.
Na madrugada seguinte, as forças especiais atacaram novamente, desta vez, um depósito de suprimentos dos russos, o que os impediu de vez de avançar.
Drones "invisíveis"
De acordo com a reportagem, os ucranianos destacam que é "impossível" ver seus drones à noite. Com isso, eles conseguiram se aproximar dos alvos e acertar com precisão o comboio russo, sem baixas (como mortos e feridos) em seu lado.
"Tudo acontece por causa do trabalho de 30 pessoas", disse o tenente-coronel Yaroslav Honchar, comandante da unidade de reconhecimento aéreo.
Em geral, os drones são estratégicos para atacar tanques, caminhões de comando e veículos que transportam equipamentos eletrônicos. Mas, desde o início da guerra, os equipamentos já atingiram diferentes alvos prioritários, incluindo paraquedistas russos, destaca o jornal.
A tecnologia também foi usada para impedir aproximação de um grupo russo do aeroporto Hostomel, perto de Kiev.
O perfil dos pilotos de drones
Os operadores de drones da ação perto de Kiev fazem parte de uma unidade de forças de elite da Ucrânia, o grupo de reconhecimento aéreo conhecido como Aerorozvidka, criado em 2014.
Ele é formado por jovens, em sua maioria especialistas em tecnologia da informação, que se ofereceram no início do grupo para projetar máquinas para ajudar a conter a invasão russa da Crimeia e da região de Donbas.
A unidade de elite diz ter realizado até 300 missões por dia até agora e desempenhado um papel fundamental no fortalecimento da resistência ucraniana contra a Rússia.
Imagens de satélite têm sido usadas para compor um banco fotográfico usado para facilitar a criação dessas estratégias. Além disso, um sistema de inteligência apoiado pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o Delta, que reúne informações de diversas fontes, incluindo satélites e reconhecimento de outros drones, também é utilizado.
Os drones
O arsenal de drones da unidade ucraniana varia de comerciais (mais simples) a octocópteros pesados (são drones com oito rotores, peça que ajuda o equipamento se manter no ar).
Um dos mais importantes do grupo é o drone R18, que tem um alcance de 4 quilômetros —cerca de 2,5 milhas. Sua capacidade de lançar bombas de cerca de 5 kg (11 libras) é valorizada pelos soldados.
A equipe também usa o drone Punisher (PD-1), desenvolvido pela Ucrânia, que pode transportar cerca de 6,5 kg de explosivos até 30 milhas de distância.
Outro modelo que tem sido destaque nesta guerra é o Bayraktar TB-2, fabricado na Turquia. Veja imagens dele e em ação abaixo:
Grupo precisa de doações
A unidade de reconhecimento aéreo Aerorozvidka está dependendo de doações e financiamento coletivo para conseguir continuar a combater as forças russas, especialmente para ter acesso a dispositivos avançados como câmeras termográficas (capazes de registrar imagens térmicas).
A reportagem diz que, nas últimas semanas, o grupo tem recebido doações de peças de drones e outros equipamentos, como impressoras 3D, para ajudar a construir e reparar dispositivos danificados em combate.
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