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US$ 2,9 bi: Musk compra ações do Twitter após criticar falta de liberdade

Empresário sul-africano Elon Musk - Getty Images
Empresário sul-africano Elon Musk Imagem: Getty Images

De Tilt*, em São Paulo

04/04/2022 10h40Atualizada em 04/04/2022 12h17

O bilionário sul-africano Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, passou a ser proprietário de quase 10% do Twitter, segundo documentos da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC (US Securities and Exchange Commission), revelados nesta segunda-feira (4).

De acordo com o documento, o bilionário passou a ser dono de 9,2% das ações do Twitter em 14 de março, avaliadas em US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 13,3 bilhões). Isso faz com que o empresário seja o maior acionista da plataforma.

O anúncio vem semanas após Musk ter tuitado planos de criar uma rede que sem algoritmo e que valorize a liberdade de expressão.

"Liberdade de expressão é essencial para o funcionamento da democracia. Você acredita que o Twitter cumpre rigorosamente este princípio?", perguntou Musk em uma enquete realizada em sua conta no Twitter em 25 de março. Posteriormente, ele disse que o resultado daquela pesquisa era importante - até então, ninguém sabia que ele já tinha comprado uma parte do Twitter.

A maioria dos respondentes (70,4%) disse que não. A enquete teve mais de 2 milhões de votos.

Em outro tuíte relacionado ao assunto, o empresário sul-africano disse que se o Twitter não tem como princípio a liberdade de expressão e que a rede poderia atentar contra a democracia.

Como consequência da divulgação do documento da Comissão de Valores dos EUA, as ações do Twitter tiveram alta de 26% durante a manhã desta segunda-feira.

Usuário notório do Twitter, Musk tem mais de 80 milhões de seguidores desde que ingressou na plataforma em 2009 e tem usado a rede social para fazer vários anúncios, incluindo comentários sobre fechamento do capital da montadora de carros elétricos Tesla, que o tornou alvo de fiscalização de autoridades do mercado de capitais norte-americano.

Musk se diz defensor da liberdade de expressão e já criticou as políticas de moderação de conteúdo de redes sociais, feitas para tentar coibir desinformação e barrar discursos de ódio.

Questionado por um seguidor na época, o empresário disse que estava seriamente pensando em criar uma plataforma sem algoritmo para moderar conteúdos, com liberdade de expressão e pouca propaganda.

Caso decida mesmo seguir com o plano, Musk terá um grande desafio pela frente. Vale lembrar que nenhuma das concorrentes do Twitter, como o Truth Social, criada por Donald Trump, Gettr, Parler e Rumble, conseguiram ainda tanto sucesso quanto a rede do passarinho azul.

Apesar de ter virado acionista, ainda não há planos públicos de Musk sobre o que ele espera para o Twitter, além de questões relacionadas à liberdade de expressão.

Twitter sofreu pressão recente de investidor ativista

O Twitter foi um alvo do investidor ativista Elliott Management em 2020, quando o fundo de hedge argumentou que o então co-presidente e fundador Jack Dorsey estava prestando pouca atenção ao Twitter enquanto estava também administrando a empresa de pagamentos Square.

Dorsey saiu do posto de presidente-executivo e de presidente do conselho de administração em novembro do ano passado, mas continua com uma participação de 2,25% na companhia, o que o torna o sexto maior acionista da empresa, segundo dados da Refinitiv.

*Com informações do The Verge e da Reuters