SXSW 2022: Zuckerberg foi defender metaverso, mas encontrou pessimismo
As discussões em torno do metaverso, que já tinham dominado grande parte das mesas no ano passado, voltaram com mais força nesta edição do festival South by Southwest (SXSW), realizado em Austin (EUA). Até Mark Zuckerberg, diretor-executivo da Meta (Facebook e Instagram), deu as caras para defender sua nova obsessão e explicar como uma nova plataforma imersiva de interação online deve funcionar.
Mas a conclusão que ficou para quem acompanhou as palestras é de que qualquer grande avanço nessa área ainda vai demorar —talvez isso só aconteça no final desta década.
Experiências imersivas com personagens digitais atraíram os olhares dos participantes com seus avatares digitais registrados em NFT para o metaverso. Empresas e organizações das mais diversas discutiram esse potencial, porém as críticas prevaleceram.
O metaverso vai pegar?
A futurista Amy Webb, uma das vozes mais respeitadas em tendências digitais, disse que o metaverso faz as pessoas a criarem versões digitais de si mesmas, o que levará a um "distanciamento cada vez maior entre a pessoa no mundo físico e quem ela projeta online".
Em um painel que discutia as definições da nossa atualidade, Bruce Sterling, reconhecido autor de ficção científica e um dos responsáveis pela popularização do subgênero cyberpunk, disparou que o metaverso é "vergonhoso".
"Estamos doentes", afirmou o autor, que também é jornalista e tem feito pesquisas em busca de dados que apontem para projeções otimistas a curto prazo.
Para ele, não há nada "novo e legal" que possa mudar a direção das coisas nos próximos anos.
O ex-presidente da Nintendo Reggie Fils-Aimé foi na mesma linha e criticou Zuckerberg, afirmando que o Facebook não tem histórico de inovações e apenas ganha dinheiro com publicidade, como outras empresas já fazem há décadas.
"Eu não compro muito essa ideia, porque o Facebook não é uma empresa inovadora. Eles ou adquiriram boas iniciativas, como o Oculus e o Instagram, ou foram rápidos em seguir as ideias de outras pessoas", falou. "Para ser inovador, é preciso pensar primeiro no consumidor. E o Facebook pensa primeiro em suas receitas de publicidade."
Scott Galloway, professor da Universidade de Nova York, disse no mesmo painel que não acredita no "zuckerverse", mas em um tipo de metaverso menos visual e mais auditivo. Depender de um "trambolho" como o Oculus Rift, diz ele, é uma piada.
Zuckerberg ignora críticas
Mark Zuckerberg, por sua vez, ignorou as críticas. Em evento sobre negócios, defendeu que o "metaverso será a próxima evolução da forma que consumimos mídia e momentos online".
Na lógica do CEO, o Facebook começou como um site textual, evoluiu para os dispositivos móveis com adição de vídeos e imagens e agora deve ir além.
"Não acredito que esse seja o ponto final. O próximo passo é uma mídia em que você possa interagir de forma imersiva e sentir que você está lá com outras pessoas. Essa é a essência do metaverso", afirmou.
Questionado sobre um prazo realista para o desenvolvimento do sistema, o executivo se limitou a dizer que ainda há muito a ser feito e que, "talvez, até o final da década".
O chefão da Meta ainda revelou suas ideias para o uso de NFT nas plataformas da empresa: estimular identidades digitais para vender roupas e acessórios para produtores de conteúdo dentro do seu metaverso.
Nisso, o Instagram deve ter papel fundamental para exposição e venda de itens de moda.
Inicialmente, a rede social deve adotar o mesmo modelo do Twitter, em que as pessoas podem transformar seus avatares em NFT.
O festival
O SXSW acontece desde 1987 em terras texanas e é famoso por reunir por uma semana grandes nomes do cinema, da música e da indústria de alta tecnologia voltada para os consumidores. A última edição presencial, em 2019, cerca de 400.000 pessoas compareceram.
A edição de 2022 é a primeira presencial desde o início da pandemia de Covid-19.
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