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Prepare-se: TV aberta vai mudar e trazer recursos diferentes; entenda

Imagem: Getty Images

Lucas Santana

Colaboração para Tilt

11/02/2022 04h00Atualizada em 11/02/2022 18h30

A TV digital como conhecemos hoje deve mudar nos próximos anos. O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), responsável pelo desenvolvimento de normas técnicas do setor, anunciou os primeiros resultados da segunda fase de teste do novo modelo, chamado de TV 3.0, que deve chegar à casa de alguns poucos brasileiros já em 2024.

De forma resumida, a próxima geração de transmissão de TV aberta poderá proporcionar imagens 4K (3.840 x 2.160 pixels), além de um sistema de som imersivo e conexão à internet.

O fórum que trabalha no desenvolvimento da tecnologia é composto por representantes de diferentes setores, entre eles da radiodifusão, da indústria de receptores e transmissores, de universidades, empresas de softwares e do governo.

Principais mudanças

Nos testes da TV 3.0 foram avaliados novos formatos de vídeo, áudio e processamento de cores, assim como o potencial das chamadas Camadas Física e de Transporte, que diz respeito a transmissão de dados.

O novo sistema deve trazer melhorias como som imersivo de alta qualidade, imagem de altíssima resolução, conteúdo segmentado por regiões e uma grande novidade: a integração entre TV aberta e internet.

"O que se pretende é que toda experiência seja gerenciada por um aplicativo. Então, ao invés de você ter um conceito de um canal que é um serviço linear de áudio e vídeo, você tem conceito de App", explica Luiz Fausto, coordenador do Módulo Técnico do Fórum SBTVD.

"Você não vai receber mais o canal da emissora, você vai abrir o app da emissora. Isso dá muito mais flexibilidade para aumentar essa integração entre o conteúdo da TV aberta transmitido pelo ar, da TV digital terrestre com o conteúdo da internet", completa.

Hoje, o padrão de resolução da TV digital é o full HD, já no novo sistema ele deve ficar entre o 4K (3.840 x 2.160 pixels) e o 8K (8.192 x 8.192 pixels), com processamento de imagem HDR, que produz cores mais vivas e brilhantes.

"A resolução da TV Digital atual é 1920 x 1080 pixels. Há quem considere que existem dois formatos HD: 1280 x 720 pixels e 1920 x 1080 pixels, sendo a última chamada de Full HD. Outros consideram que 'HD' se refere apenas à resolução de 1280 x 720 pixels. Então, para ser mais preciso e específico, é melhor sempre se referir à resolução atual como Full HD", explica Fausto.

O áudio também deve sofrer alterações, adotando padrões técnicos que permitam áudio imersivo similares aos encontrados hoje em serviços de streaming.

Investimento das emissoras e dos consumidores

Como já aconteceu na primeira versão da TV digital, as emissoras de televisão aberta e os consumidores vão precisar investir para que o novo sistema pegue no país. Fausto analisa que, da parte dos radiodifusores, será necessário investimentos em transmissão e produção de conteúdo.

"Dado que o novo formato de distribuição permitirá distribuir conteúdo, por exemplo, em 4k, HDR, áudio imersivo, você tem que produzir áudio e vídeos nesses novos formatos, atualizar seus formatos de produção e de transmissão, além de desenvolver aplicações para o novo sistema de TV para explorar a integração com a internet", explica.

Contudo, ele acredita que esse gasto pode representar oportunidades para as emissoras, que poderão explorar a transmissão de conteúdos segmentados entre localização geográfica e perfil de telespectador.

Já para o consumidor, o custo estará relacionado à troca do aparelho de TV. Fausto acredita que a mudança será gradual.

"No longo prazo, isso não vai fazer nenhuma diferença no preço do televisor. Eu digo isso porque, hoje, o que custa caro em um televisor não é o receptor. Hoje o que determina o preço de um televisor é basicamente a tecnologia do display [tela] e algumas outras tecnologias que vêm embarcadas, de processamento, de conexão com a internet e não o receptor. Ele é uma parte muito pequena do preço da televisão".

TV digital brasileira

A primeira versão TV aberta digital foi inaugurada no país em 2007, mas apenas em 2012 a cobertura chegou a todas as capitais brasileiras. O processo de implantação da novidade foi lento e gradual. Naquele período, muitos aparelhos de TV passaram a ser lançados com receptor como resultado de uma política industrial do governo, em que o consumidor final não precisava gastar com um aparelho extra.

Nas primeiras versões, o sinal analógico foi substituído pelo sinal digital, que possibilitou a melhoria da qualidade de imagem de uma equivalente a SD para HD, assim como as primeiras ferramentas de interatividade, como menus com informações e múltiplos canais de áudio e vídeo.

"A qualidade da TV digital é muito boa. Ela é extremamente competitiva com outras plataformas de distribuição que existem no Brasil, mas temos visto oportunidades de melhorias para os próximos anos e para as próximas décadas, de explorar ao máximo a qualidade dos novos displays e novos televisores", concluiu o representante do Fórum SBTVD.

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