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Armas inteligentes vêm aí: saiba como funcionam e quais os riscos

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Imagem: Getty Images

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

16/01/2022 04h00Atualizada em 02/02/2022 13h57

Armas inteligentes que só podem ser disparadas por usuários autorizados estão cada vez mais próximas de chegarem ao mercado legal —pelo menos nos Estados Unidos.

A LodeStar Works revelou na sexta-feira na última semana sua pistola inteligente de 9 mm para investidores e acionistas em Boise, Idaho, Estados Unidos. Já a empresa SmartGunz LLC diz que policiais do estado do Kansas estão testando um modelo similar, mas mais simples.

A Biofire, empresa com sede no Colorado, Estados Unidos, também está desenvolvendo uma arma inteligente com leitor de impressões digitais.

Gareth Glaser, cofundador da LodeStar, disse que sua motivação para criar esse tipo de arma foi as muitas histórias sobre crianças baleadas enquanto brincavam com uma arma desacompanhadas.

Dessa forma, a tecnologia para autenticar a identidade do usuário implementada nas armas inteligentes poderia ajudar a reduzir esses casos, além de suicídios, tornar inúteis armas perdidas ou roubadas e oferecer mais segurança para policiais e guardas penitenciários que temem o roubo de armas.

A iniciativa, porém, tem críticos de todos os lados. Defensores do controle de armas duvidam da segurança dessas armas —em 2017, um hacker desbloqueou um protótipo de pistola inteligente usando US$ 15 em ímãs.

Já ativistas a favor do porte e posse de armas temem que a criação de pistolas "smart" possa levar à regulamentações mais rigorosas de armas de fogo nos EUA.

Mas afinal, como elas funcionam?

As armas da LodeStar Works, que podem ser programadas para uso de mais de uma pessoa, contam com um leitor de impressão digital, um chip de comunicação de proximidade ativado por aplicativo e um teclado numérico para digitar uma senha como último recurso.

A arma é desbloqueada em questão de microssegundos com o leitor de impressão digital. Porém, como pode não funcionar em condições adversas, como quando molhado, o teclado numérico também pode desbloqueá-la.

O sinal de comunicação de campo próximo também funcionaria como um backup secundário, habilitando a arma rapidamente assim que o dono abrir o app em seu celular.

Já as armas da SmatGunz são protegidas por um dispositivo de identificação por radiofrequência, disparando somente quando um chip embutido no equipamento se comunica com outro usado pelo usuário em um anel ou pulseira.

As duas empresas esperam que os produtos sejam comercializados ainda este ano. A arma da LodeStar, voltada a compradores principiantes, seria vendida por US$ 895 (cerca de R$ 4.940, na cotação atual). Já a arma SmartGunz para civis custaria US$ 2.195 (mais de R$ 12 mil), e a de policiais seria de US$ 1.795 (cerca de R$ 9.900).

É seguro?

Há duas décadas, o desenvolvimento desse tipo de arma tem gerado inúmeras dúvidas em relação a sua segurança e preocupações de que darão início a uma nova onda de regulamentação governamental.

A NSSF (National Shooting Sports Foundation), a associação comercial da indústria de armas de fogo dos EUA, diz que não se opõe as armas inteligentes desde que o governo não obrigue a sua venda no lugar de pistolas convencionais.

Em 2014, a empresa alemã Armatix liberou no mercado uma pistola inteligente de calibre 22 que foi retirada das lojas após hackers descobrirem uma maneira de bloquear remotamente os sinais de rádio da arma e, usando ímãs, disparar a arma quando deveria estar travada.

*Com informações da Reuters