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Ministério da Saúde trabalha para volta do ConecteSUS, mas não há previsão

Tony Winston/Ministério das Saúde
Imagem: Tony Winston/Ministério das Saúde

Guilherme Tagiaroli

De Tilt, em São Paulo

15/12/2021 15h08

Os site e sistemas do Ministério da Saúde foram alvos de ataques cibernéticos e, desde sexta-feira (10), diversos serviço de saúde pública do governo estão fora do ar. A pasta diz que está "trabalhando para restabelecer toda a rede o mais rápido possível", mas não há uma previsão concreta de retomada.

Um dos mais grave a ficar inacessível é o app ConecteSUS, que reúne as informações sobre a vacinação da população e outros dados de saúde dos cidadãos. Na véspera dos feriados de final de ano, muitas pessoas com viagens marcadas precisam ter o certificado em mãos.

Por ora, o que se sabe é que o Ministério tem tentado normalizar os serviços, mas um segundo ataque, feito no domingo (12), atrasou os planos de normalização das operações. As autoridades informaram que desde segunda-feira (13) têm feito uma manutenção preventiva na rede e que os trabalhos vão se estender até esta quarta-feira (15).

Série de ataques atrasa recuperação dos dados

Na sexta-feira (10), o site do Ministério da Saúde amanheceu com um "defacement" (espécie de pichação virtual): um grupo deixou uma mensagem dizendo que tinha apagado dados e exigindo um pagamento para devolver o sistema.

Após o acesso ilegal, a rede de internet do ministério foi desligada. Os atacantes conseguiram ter acesso ao serviço de nuvem usado pela pasta, o AWS (da Amazon), e conseguiram apagar e alterar dados da plataforma do ConecteSUS, segundo informou Tales Faria, colunista e chefe da sucursal de Brasília do UOL.

Posteriormente, a pasta informou que tinha cópia de segurança e que os arquivos não foram comprometidos. A PF (Polícia Federal) descartou que os dados tivessem sido sequestrados, pois não foram criptografados.

Como medida emergencial, o governo migrou dados do site https://saude.gov.br para a página https://gov.br/saude, que passou a ser página oficial da pasta.

Além do ministério, os cibercriminosos conseguiram acesso a outros 20 órgãos do governo, como CGU (Controladoria-Geral da União), PRF (Polícia Rodoviária Federal) e IFPR (Instituto Federal do Paraná).

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) emitiu um alerta informando que "alguns casos de intrusão têm ocorrido com perfis legítimos" —o que dá a entender que terceiros obtiveram login e senha de servidores públicos.

Na madrugada de domingo para segunda (13), houve um segundo ataque à rede do Ministério, que foi frustrado. Mas, segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a investida "tumultuou" o restabelecimento das funcionalidades do ConecteSUS.

"São duas coisas diferentes", disse Queiroga em entrevista. "Esse [segundo ataque] foi algo de menor monta e estamos trabalhando para recuperar isso o mais rápido possível."

Ele não deu detalhes sobre o que ocorreu.

De concreto, sabe-se que os serviços internos do Ministério da Saúde ainda estão instáveis —como o email de servidores da pasta, que tem utilizado o WhatsApp para comunicação.

No ConecteSUS, uma notificação pede que as pessoas "aguardem até 10 dias úteis para que o registro de vacina apareça". Caso contrário, é recomendado que se busque o estabelecimento onde o imunizante foi tomado para obter um comprovante.

Apesar da instabilidade com o ConecteSUS, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige que viajantes que cheguem de avião ao país mostrem o comprovante de vacinação ou quarentena de cinco dias para não imunizados, além de um teste RT-PCR negativo.

Como emitir um comprovante de vacinação de covid-19 sem o ConecteSUS

Com o app oficial do governo indisponível, o Ministério da Saúde tem duas recomendações.

Uma possibilidade é procurar o posto de vacinação onde você tomou a primeira ou a segunda dose e solicitar a segunda via da Carteira Nacional de Vacinação.

A outra é usar aplicativos ou serviços na web de estados e municípios para emissão do Certificado de Vacinação digital.

Em São Paulo, há o PoupaTempo Digital (em esfera estadual) e o e-Saúde SP (em esfera municipal).

Os Estados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte contam com sistemas próprios via web ou por meio de um app.

As cidades de Curitiba (PR) e Salvador (BA) também contam com serviços próprios para emissão do certificado de vacinação digital.