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Tato artificial: Meta, dona do Facebook, cria robô que consegue 'sentir'

Simulador sensível ao toque produzido pelo Facebook - Divulgação/Facebook
Simulador sensível ao toque produzido pelo Facebook Imagem: Divulgação/Facebook

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

02/11/2021 16h44

A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, anunciou nesta semana que desenvolveu com sucesso um robô alimentado por inteligência artificial (IA) sensível ao toque. Diferentemente de sensores táteis disponíveis no mercado, que são baseados em métodos capacitivos e resistivos, a aplicação usada pela empresa tem como principal característica a visão.

Com base em IA, a intenção é criar um novo meio de dar sensibilidade ao toque de um robô sem o uso de uma "pele" artificial, mas usando dados de áudio e vídeo, semelhante ao que os sentidos humanos fazem.

Isso, segundo a empresa, tornaria mais segura e eficiente a função a ser exercida pelo robô por conta própria, como não quebrar um ovo ao apertá-lo demais, por exemplo.

O que rolou?

Para chegar ao protótipo de um robô sensível ao toque, foram traçadas três linhas de pesquisas pelo Meta AI, antigo Facebook AI Research, braço de IA da corporação: hardware, simulação, processamento do toque e percepção.

No hardware, para a IA aprender como o toque funciona, foi preciso criar mini-sensores modelados aos dedos humanos com as funções de coletar e processar dados. Isso fez surgir o Digit, um sensor de "alta resolução, com a capacidade de medir informações valiosas sobre o objeto que está sendo tocado, como características de superfície, forças e outras propriedades do objeto discerníveis por meio do contato".

De acordo com a empresa, o sensor tem baixo custo. O valor unitário de sua produção é de apenas US$ 15 (cerca de R$ 85 em conversão direta). Como o projeto é de código aberto, também pode ser explorado e editado por qualquer pessoa no mundo.

Com o Digit em mãos, a Meta criou um simulador para o sensor, chamado de "Tacto", que captura e processa de centenas de quadros por segundo através de dados de vídeo.

"O Tacto e Digit democratizaram o acesso ao sensoriamento tátil baseado na visão, fornecendo implementações de referência de baixo custo que me permitiram criar rapidamente um protótipo de políticas de manipulação de robôs multimodais", disse ao blog oficial do Facebook o pesquisador Oier Mees, um dos líderes do projeto.

O resultado é um sistema que consegue calibrar o tato de um robô com base no que ele ouve e vê. Na demonstração feita pela Meta, um braço robótico entende, pela "visão", que um ovo precisa ser manipulado com cuidado para não quebrar, por exemplo.

IA alimentada em rede

Segundo o Facebook, a IA que opera no Digit e no Tacto é abastecida através de centenas de códigos previamente criados. É a partir da conexão entre eles que o toque se torna sensível.

"Queremos que a IA seja capaz de aprender e interagir com o mundo por meio do toque, como os humanos fazem. Mas para que isso aconteça, precisamos promover um ecossistema de detecção tátil em robótica", completam Mike Lambeta e Roberta Calandra, pesquisadores da Meta, em comunicado.

Os códigos são salvos em uma espécie de biblioteca. A expectativa é aumentar quantidade através de contribuições em rede para que a IA se torne mais eficiente, com diferentes modelos de sensibilidade. Mas a tecnologia ainda não está pronta para o público: a Meta diz que precisa fazer mais testes para liberar a ferramenta.

"Apesar de nosso progresso em permitir medições sistemáticas, ainda precisamos investigar cuidadosamente esses diferentes níveis e a interação entre eles enquanto trabalhamos para definir e liberar métricas e benchmarks que podem guiar a comunidade mais ampla em direção a um progresso mais mensurável", concluiu a empresa.