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Pele hidratada, mas sem milagre: testei aparelho da Foreo que dá choquinhos

Bear da Foreo - Divulgação
Bear da Foreo Imagem: Divulgação

Renata Baptista

De Tilt, em São Paulo

20/10/2021 04h00

Quem curte dicas de beleza e saúde certamente já ouviu falar dos gadgets da Foreo Sweden, empresa famosa por suas "esponjinhas" vibratórias para limpeza facial. A marca lançou no Brasil, em junho deste ano, mais um membro da família: o Bear, que usa uma tecnologia que dá "choques" (microcorrente com pulsações) e promete dar um "up" nos músculos faciais.

Com até 8.000 pulsações por minuto, o aparelho massageia, e com isso, promete diminuir o inchaço e colaborar para uma melhor absorção de seus produtos de skincare. Tive a oportunidade de testar o dispositivo por dois meses e vou contar um pouco da experiência para vocês.

A primeira coisa que me deixou curiosa foi imaginar como a tecnologia funciona. A segunda foi: por que será que eles escolheram um urso para inspirar o design do dispositivo?

Como usei o aparelho

O corpo do Bear, como o nome mesmo diz, tem o simpático formato de um ursinho. Ele é feito de silicone e possui duas "orelhinhas" esféricas — são elas que, quando entram em contato com a pele, fazem a condução de microcorrente.

Bear, da Foreo - Renata Baptista/Tilt - Renata Baptista/Tilt
O Bear, como o nome indica, tem o formato de um ursinho
Imagem: Renata Baptista/Tilt

O aparelho possui apenas um botão. Com ele, a utilização já seria possível sem problemas. Mas preferi baixar o app Foreo for You (disponível para Android e iOS) — que oferece algumas opções de tratamentos pré-definidos para explorar melhor os seus recursos.

Escolhi a "Total Facial Knockout" (algo como "nocaute" facial total, na tradução livre), que prometeu deixar minha pele "tonificada e esculpida em minutos".

Após o aparelho ligar, só preciso ajustar a intensidade de microcorrentes (as que dão os choquinhos) no app. Acabei usando sempre no máximo e não senti desconforto com as pulsações. Apenas em um dia em que fiz uso com o cabelo molhado, tive a impressão de elas terem sido um pouco mais intensas.

De acordo com a Foreo, não sentimos incômodo porque o aparelho é equipado com um sistema anti-choques, que ajusta automaticamente a intensidade de microcorrente do dispositivo de acordo com a resistência da pele em uma fração de segundo.

App da Foreo - Reprodução - Reprodução
Modelo mostra, no app da Foreo, rotina de exercícios a serem feitos com o Bear
Imagem: Reprodução

Minha rotina

A minha rotina diária começava espalhando o sérum indicado pela Foreo, da própria marca, e repetia os movimentos mostrados pela modelo na tela do aplicativo, por 2,5 minutos.

A dermatologista presente no lançamento do produto, Monalisa Nunes, afirmou que é possível utilizar qualquer sérum não oleoso para que a condução da microcorrente seja efetiva. Porém, por condições do teste só usei o indicado pelo fabricante.

O aparelho liga e desliga automaticamente, antes e após as sessões acionadas pelo app.

Um plus do sistema é que ele possui, além das informações sobre o aparelho e de como deve ser feita a sua manutenção, a possibilidade de encontrá-lo caso ele se perca. O Bear é pequeno e fácil de transportar, talvez por isso mesmo o recurso foi útil para mim em pelo menos duas situações ao longo desses dois meses. Achei bem útil.

Em todo período de teste, não precisei recarregar a bateria do aparelho. Só agora, depois de cerca de três meses desde a tirada do dispositivo da caixa, é que a bateria deu sinais de que precisava de um reforço. Isso confirmou a informação da fabricante de que uma carga possibilita até 90 utilizações.

O que são essas microcorrentes?

Microcorrente é um dos tipos de tratamento de eletroestimulação que utiliza correntes de baixa intensidade e baixa frequência. Na prática, são choquinhos mesmo, mas bem imperceptíveis.

De acordo com a Foreo, este é o primeiro produto a chegar ao Brasil com a tecnologia de microcorrentes para uso doméstico.

Imitando as correntes elétricas naturalmente presentes no corpo humano, a microcorrente de eletroestimulação de baixa intensidade tem como objetivo revigorar as células, deixando o rosto mais tonificado.

Somadas a tecnologia estão ainda as pulsações transdérmicas sonoras, que já são conhecidas e utilizadas em outros aparelhos da empresa.

Vale o investimento?

Não se trata de um aparelho barato. O que testei foi a versão pink, que está à venda por R$ 1.999 — também dá para comprar a cor menta. Já a versão mini vem nas cores pink e lavanda. Ela custa R$ 1.299.

A diferença entre as duas está no tamanho (o que testei possui 64mm x 79mm x 39mm. O mini tem 57mm x 56mm x 32mm) e na intensidade de microcorrentes: no primeiro são cinco, e no segundo três.

Bear, da Foreo - Renata Baptista/Tilt - Renata Baptista/Tilt
O Bear em ação: o botão de cima é o único de interface do aparelho; as luzinhas abaixo indicam a intensidade da microcorrente: de 1 a 5
Imagem: Renata Baptista/Tilt

A indicação é que o tratamento seja feito cinco vezes por semana, uma vez ao dia, por 60 dias. E assim o fiz religiosamente.

Não se trata de nenhum sacrifício, basta integrá-lo à rotina de skincare. É rápido e prático, e a massagem facial, mesmo que seja bem suave, é bem agradável. Senti uma melhora (ainda que sutil) no tônus da pele e no contorno do rosto. Porém, nada de efeito mágico ou milagroso.

Uma diferença que observei, no entanto, foi na hidratação. Além de mais brilho, o que deu a entender que os produtos que uso estavam sendo melhor absorvidos por minha pele.

Em termos gerais, a fisioterapeuta Gisela Rosa Franco Salerno, professora na disciplina de fisioterapia aplicada à dermatologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que tratamentos associados à tecnologia de microcorrente — ao menos a usada profissionalmente — devem envolver aplicação também de cosmecêuticos (união de cosméticos com produtos farmacêuticos) para melhores resultados.

"A microcorrente é uma terapia com intuito de melhorar o metabolismo celular, com benefícios à flacidez e diminuição de linhas de expressão. Estes produtos vão ajudar a nutrir o tecido e promover o aumento da tonicidade da pele", afirma em termos técnicos — a professora não chegou testar o dispositivo da Foreo para atestar ou não o seu funcionamento.

De acordo com a especialista, existem ainda outras opções de tratamento para melhorar a reestruturação do colágeno e a renovação da pele. Entre eles, estão a aplicação de LED, lasers e luz pulsada, além dos cosmecêuticos, que já mencionamos anteriormente.

Então, antes de fazer um investimento em um produto como este, vale procurar um profissional da área para que a pessoa dê orientações sobre o melhor tratamento para o seu caso. E, de acordo com Salerno, lembrar que em estética o processo é sempre contínuo. Então, nada de esperar resultados milagrosos e rápidos.