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Por que está tão difícil conseguir uma corrida na Uber?

Uber/Divulgação
Imagem: Uber/Divulgação

Letícia Naísa

De Tilt, em São Paulo

02/09/2021 17h46Atualizada em 04/09/2021 12h47

Se você tentou chamar um carro pelo aplicativo da Uber nos últimos meses e não conseguiu, saiba que não está sozinho. Nas redes sociais, muitas pessoas têm relatado dificuldade de encontrar um motorista que aceite uma corrida. Mesmo que seja longa, muitos cancelam antes mesmo de encontrar o passageiro. Há meses a situação se repete.

Há alguns fatores que explicam esse problema com a Uber e outros serviços de transporte por aplicativo: disparada no preço do combustível, aluguel de carro mais caro, tarifas congeladas e, consequentemente, redução da frota.

Gasolina e etanol nas alturas

Brasil afora, a gasolina está cada vez muito mais cara. Em algumas regiões, chega a bater os R$ 7. A alternativa para carros flex, o etanol, também teve um aumento e já passa dos R$ 5 o litro.

À BBC, alguns motoristas relataram que está cada vez mais difícil fechar a conta, alguns rodam apenas para conseguir pagar o combustível necessário para realizar as corridas.

Aumento do aluguel de carros

É comum entre os motoristas que não têm carro próprio alugar um para poder ter uma renda com os aplicativos. Com os preços dos combustíveis maiores e o fechamento de fábricas de automóveis, as locadoras também aumentaram os preços, o que dificultou a vida de quem depende dessa alternativa.

Tarifas congeladas

Outro problema relatado pelos motoristas é a falta de reajuste das tarifas pagas pela Uber. Mesmo com a gasolina mais cara, a empresa não aumenta o valor do repasse desde 2015, segundo a Amasp (Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo).

O valor pago pela Uber é calculado por quilômetro rodado. Por isso, muitos cancelam corridas mais curtas ou simplesmente não aceitam a demanda, tornando o tempo de espera do passageiro muito maior.

Redução da frota

Por conta das dificuldades enfrentadas pelos motoristas, muitos têm abandonado os aplicativos. A Amasp calcula que 25% dos motoristas de aplicativo deixaram de trabalhar para a Uber desde o início de 2020. Com a pandemia, o medo de contrair covid-19 também fez com que alguns desistissem de oferecer o serviço.

Sem motoristas suficientes rodando pela cidade, fica ainda mais difícil para o consumidor conseguir uma corrida.

Outro lado

Procurada por Tilt, a Uber informou em nota enviada por email que, com o aumento constante dos combustíveis, "tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, por exemplo, assim como tem feito uma revisão dos ganhos dos motoristas e reajustado valores em diversas cidades". Entre as parcerias, a empresa destaca um programa de cashback para os motoristas que abastecem nos postos Ipiranga.

A Uber também frisa uma promoção chamada Turbo+, que adiciona um valor fixo a cada nova oferta de viagem em locais e horários específicos. "Também criamos promoções com ganhos adicionais para viagens curtas e estamos testando uma nova forma dos parceiros acompanharem as promoções disponíveis, tudo no mesmo lugar do app, para que ele possa se programar e avaliar os melhores momentos para dirigir", escreve a empresa.

Com a pandemia, a Uber justifica que muitas pessoas que antes não usavam o serviço passaram a usá-lo e, por isso, a demanda cresceu. "Nesse sentido, os usuários estão tendo de esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há mais chamados do que parceiros dispostos a realizar viagens", dizem na nota. "A demanda elevada significa que o app da Uber está tocando sem parar para os parceiros, situação em que eles relatam se sentirem mais confortáveis para recusar viagens, pois sabem que virão outros chamados na sequência, possivelmente com ganhos maiores."

Sobre a queda do número de motoristas, a Uber não confirmou a redução de 25% da frota informada pela Amasps à BBC.