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Por que o asteroide Phaethon se comporta como um cometa? Estudo explica

A ilustração mostra o asteroide Phaethon liberando vapores enquanto é aquecido pelo sol - Divulgação/IPAC/JPL/Caltech/Nasa
A ilustração mostra o asteroide Phaethon liberando vapores enquanto é aquecido pelo sol Imagem: Divulgação/IPAC/JPL/Caltech/Nasa

Colaboração para o UOL, em Santos

17/08/2021 11h54Atualizada em 17/08/2021 11h54

O asteroide Phaethon, identificado como a fonte da chuva de meteoros Geminida, intrigou os cientistas durante anos por se comportar como um cometa. Agora, uma nova pesquisa revela o motivo de este corpo celeste ficar tão brilhante à medida que se aproxima do sol: a existência de sódio em sua composição.

Asteroides e cometas orbitam ao redor do Sol, mas os asteroides são feitos de metais e material rochoso, enquanto os cometas são feitos de diferentes tipos de gelo, rocha e poeira. Quando suas órbitas aproximam os cometas do sol, eles se aquecem. Esses objetos congelados da borda do sistema solar liberam poeira e rochas à medida que seus gelos evaporam, criando caudas características que podem se estender por milhões de quilômetros.

Os cometas e seus detritos gelados geralmente são os responsáveis pelas chuvas de meteoros que vemos no céu noturno, o que torna Phaethon incomum. Ele foi descoberto em outubro de 1983 e recebeu o nome do mito grego que narra a história do filho de Hélio, o deus do sol, porque ele se aproxima muito do nosso sol.

Phaethon orbita o Sol com mais proximidade do que qualquer outro asteroide e leva 524 dias para completar sua órbita. O asteroide se aquece a 754º Celsius em sua abordagem mais próxima do sol, o que faz com que ele derrame detritos empoeirados.

Asteroide Phaethon é a fonte da chuva de meteoros Geminida - Divulgação/Nippon Meteor Society/Mikyia Sato - Divulgação/Nippon Meteor Society/Mikyia Sato
O asteroide Phaethon foi identificado como a fonte da chuva de meteoros Geminida
Imagem: Divulgação/Nippon Meteor Society/Mikyia Sato

Essas partículas causam a chuva de meteoros Geminídeos todo mês de dezembro, quando mergulham na atmosfera da Terra a 35,4 quilômetros por segundo, sendo vaporizados em faixas que chamamos de "estrelas cadentes".

Então, por que o asteroide Phaethon, com 5,8 quilômetros de largura brilha ao se aproximar do sol? Uma nova pesquisa revelou que o asteroide pode estar liberando outra coisa quando se aquece: sódio. O estudo foi publicado nesta segunda-feira no The Planetary Science Journal.

"Phaethon é um objeto curioso que se torna ativo conforme se aproxima do Sol", disse o principal autor do estudo, Joseph Masiero, cientista do Centro de Análise e Processamento de Infravermelho do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em um comunicado.

"Sabemos que ele é um asteroide e a fonte dos Geminídeos. Mas contém pouco ou nenhum gelo, por isso ficamos intrigados com a possibilidade do sódio, que é relativamente abundante nos asteroides, ser o elemento que impulsiona essa atividade."

Durante seu ponto mais próximo do sol, a temperatura da superfície do Phaethon aumenta tanto que o sódio dentro do asteroide entra em efervescência, é vaporizado e escapa para o espaço. Isso faria com que o asteroide brilhasse, quase ao nível de um cometa, e também liberaria detritos rochosos.

Segredos na chuva de meteoros

Antes que os meteoroides, ou pequenos pedaços de detritos rochosos do espaço, queimem em nossa atmosfera, eles lançam algumas pistas sobre sua composição. Esses detritos se aquecem a milhares de graus antes de se desintegrar, criando luz. E a cor dessa luz pode revelar os elementos encontrados em um cometa, ou neste caso, um asteroide.

O sódio cria uma luz laranja, algo que não é muito observado na chuva de meteoros dos Geminídeos. Mas se o sódio está evaporando para fora do asteroide e ejetando meteoroides da superfície do asteroide, não sobraria muito sódio.

"Asteroides como o Phaethon têm gravidade muito fraca, então não é preciso muita força para lançar os detritos a partir da superfície ou desalojar uma rocha de uma fratura", disse o coautor do estudo Björn Davidsson, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, em um comunicado.

"Nossos modelos sugerem que quantidades muito pequenas de sódio são tudo o que precisamos para fazer isso - não algo explosivo, como o vapor em erupção da superfície de um cometa gelado; é mais com uma efervescência constante", esclareceu o cientista.