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Stalkear é crime, mas tem gente que insiste acreditar em sites e apps fakes

Noelle Otto/ Pexels
Imagem: Noelle Otto/ Pexels

Thaime Lopes

Colaboração para Tilt

03/07/2021 04h00

Nunca é demais reforçar que stalkear (perseguir alguém por meio online ou físico) é crime. Porém, ainda há uma leva de pessoas que procura opções de sites, aplicativos e extensões de navegador com o propósito de espionar contas de WhatsApp alheio. E serviços online que prometem isso existem de monte.

Essa combinação de fatores entre oferta e procura é um caminho rico para cibercriminosos. Muita gente não se dá conta de que várias das ferramentas que dizem permitir a espionagem de alguém não funcionam e escondem riscos de ameaças virtuais, segundo a empresa de segurança virtual Eset.

A utilização de aplicativos de monitoramento e controle virtual cresceu 50% entre 2019 e 2020, o que indica uma alta procura dos usuários por ferramentas espiãs, de acordo com a companhia.

"Os sites e extensões que analisamos não cumprem o que foi prometido e buscam enganar a grande quantidade de usuários que se lançam na web em busca de opções para espionar o telefone de outra pessoa", afirmou Daniel Barbosa, pesquisador da Eset na América Latina, em comunicado de divulgação da análise.

Um levantamento feito pela empresa em maio deste ano observou que mais de 58 apps stalkerware, programas instalados por alguém no dispositivo da vítima sem o seu consentimento, disponibilizados na loja do Android possuíam alto número de vulnerabilidades para as pessoas espionadas e para os stalkers.

Programas desse tipo costumam permitir monitorar a localização GPS, conversas, imagens e histórico do navegador. Só por aí já dá para se ter uma ideia de o quanto a oferta de programas espiões é alta, e perigosa.

E mais uma vez vamos lembrar: stalkear é crime. Invadir aparelhos eletrônicos para acessar indevidamente contas da vítima e/ou enviar vírus ou outros programas maliciosos para os dispositivos dela são práticas que configuram o stalking (perseguição).

O que os sites escondem

Há uma quantidade enorme de sites na internet que dizem ser capazes de obter informações de contas do WhatsApp. As páginas até tentam convencer bem: usam layout bonito, sempre verde (para lembrar o app de mensagens) e mostram que estão executando uma sequência de comandos.

Tudo isso não passa de uma farsa, de acordo com análise da Eset. Os sites solicitam e usam uma série de informações pessoais para que os seus falsos serviços de espionagem possam ser utilizados, como o número de celular e dados do sistema operacional da conta do WhatsApp. Em posse disso, não é descartado o risco de que criminosos usem os dados para aplicar golpes pelo aplicativo.

"Seria um dano irreversível à imagem do WhatsApp se os sites pudessem realmente acessar as informações criptografadas de seus clientes simplesmente digitando um número de telefone", afirmou Barbosa.

Para a Eset, o objetivo dessas páginas é lucrar com os cliques gerados pelos internautas a partir da exibição de anúncios, que aparecem em várias etapas do processo. Cada acesso gera uma pequena quantia em dinheiro para os responsáveis. Quanto maior o número de pessoas que caem no site falso, mais lucro eles têm.

Aplicativos que (dizem que) monitoram atividades

Uma das coisas mais comuns dentre as promessas de mecanismos de espionagens do WhatsApp são aplicativos que dizem ser bons para rastreamento, monitoramento e controle de contas. Ao digitar "WhatsApp" na loja de apps do Android, vários resultados aparecem.

O problema é que esses apps, segundo a empresa de segurança, representam um risco à privacidade de quem os usa, podendo roubar informações contidas nos celulares e usá-las para fins maliciosos. Muitos dos softwares tentam vender seus serviços alegando que são programas de controle parental — em que pais podem monitorar o que seus filhos fazem online. Porém, todo cuidado é pouco. Os stalkers e suas vítimas podem se tornar alvos de golpes.

Extensão para navegador de internet

Existe para o navegador Google Chrome uma extensão para WhatsApp que diz ser capaz de acessar todas as informações de uma conta alheia. Para a Eset, ela é apenas um gerador de cliques para publicidade.

Além da finalidade que não tem nada a ver com a promessa feita, extensões duvidosas podem causar danos sérios aos computadores, já que podem ser um verdadeiro "portal" para vírus, downloads não-autorizados, entre outros problemas, alerta a empresa.

"A instalação de software em seu navegador pode trazer várias complicações. Além da possibilidade de alterar o funcionamento do próprio navegador, este software pode ser utilizado como ferramenta para baixar outros programas maliciosos sem que o usuário perceba", diz Barbosa.