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Quantos planetas parecidos com a Terra existem no Universo?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Tilt, em São Paulo

04/06/2021 04h00

Sem tempo, irmão

  • Astrônomos já encontraram 4.383 planetas fora do Sistema Solar
  • Pode haver vida nos que ficam na chamada zona habitável desses sistemas
  • Ainda não temos tecnologia para investigá-los a fundo, de tão longe
  • Isso deve mudar com a inauguração dos super telescópios, incluindo o James Webb

Todo planeta que gira em torno de uma estrela que não é o nosso Sol é um exoplaneta. Astrônomos do mundo inteiro já encontraram 4.383 planetas desse tipo em diversas regiões do espaço. Desse número, 159 são superterras (têm massa maior que a da Terra) e 47 são terrestres (assim como a Terra e Marte, por exemplo, eles têm a superfície sólida).

Como já se pode imaginar, esses 206 planetas mais próximos do que se poderia chamar de irmãos da Terra ainda não mostraram sinais de que abrigam vida, e muitos deles já tiveram essa possibilidade descartada.

Exemplos de exoplanetas que comovem a comunidade científica são os do sistema solar Gliese, localizados a 20 anos-luz da Terra. Ali, há quatro planetas girando em torno de uma estrela anã-vermelha. Um deles, o Gliese 581 c, foi o primeiro exoplaneta possivelmente habitável encontrado na história. Sua órbita em torno da anã-vermelha localiza-se em uma região parecida com a da Terra em relação ao Sol, ou seja, está em uma zona habitável.

Após análises, descobriu-se que o Gliese 581 c é quente demais para abrigar vida como a da Terra. Por isso, toda a atenção está voltada para o Gliese 581 g, um planeta que pode existir por ali, mas que ainda não foi confirmado.

Segundo pesquisas, ele também estaria localizado na zona habitável. Se for um planeta com superfície rochosa, como a Terra, ele poderá ter água em estado líquido — e isso é um grande catalisador para o surgimento da vida.

Impressão artística do planeta Gliese 581 c - ESO - ESO
Impressão artística do planeta Gliese 581 c
Imagem: ESO

Apesar de termos encontrado menos de 100 planetas parecidos com a Terra, podem existir pelo menos 17 bilhões deles apenas na Via Láctea, segundo cálculos de astrofísicos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Se ampliarmos a pesquisa para qualquer tipo de planeta (como os parecidos com os gasosos do Sistema Solar), o resultado aumenta para cerca de 100 bilhões.

O astrônomo popstar Carl Sagan foi além. Baseado na equação de Drake (o pioneiro na pesquisa de vida em outros planetas), ele estimou que, na Via Láctea, neste momento, podem existir 1 milhão de civilizações que tenham tecnologia para se comunicar com a gente.

Já existem laboratórios que analisam ondas de rádio vindas do espaço e de outros planetas, mas até agora, nada foi oficialmente encontrado.

Caçar planetas: missão quase impossível

Se encontrar vida em outros planetas parece difícil, é porque até mesmo a busca por planetas, habitáveis ou não, é complicada.

Diferente das estrelas, que emitem seu brilho para distâncias enormes, os planetas não emitem luz — exceto quando ainda são jovens e estão aquecidos. Além disso, eles estão muito longe do Sistema Solar, e é preciso telescópios potentes para localizá-los. Para piorar, eles são ofuscados pelo brilho das estrelas que orbitam.

Para se ter uma ideia dessa procura de agulhas no palheiro, encontrar um planeta no espaço é como estar em Boston, cidade do leste dos Estados Unidos, e achar uma mosquinha rodeando um poste de luz na cidade de San Diego, na costa oeste, a mais de 4 mil quilômetros de distância.

O que é um planeta habitável?

Há vários fatores que os cientistas consideram para fazer de um planeta habitável de acordo com os padrões da Terra. É preciso ter:

  • Atmosfera: são os gases do efeito estufa que mantêm o calor necessário para que a água da superfície fique sempre em estado líquido;
  • Campo magnético: é essencial para proteger a atmosfera de ser destruída por ventos estelares;
  • Eixo de rotação estável e campo de gravidade: precisam ser fortes o suficiente para que as coisas não saiam voando pelo espaço;
  • Distância próxima à estrela: precisa ter uma proximidade bem parecida com a distância entre a Terra e o Sol.

Ainda assim, é preciso lembrar que há muitos modelos para a existência de vida em outros planetas que são levados em consideração pelos astrobiólogos — cientistas que estudam possibilidades de vida no Universo.

Com o avanço da tecnologia, cientistas têm usado instrumentos de maneira combinada para conhecer a composição dos planetas. Hoje em dia é possível até identificar se há evidências de atividade microbiana na atmosfera de planetas com características distintas, como já aconteceu com Vênus.

Ainda assim, a tecnologia atual dos nossos telescópios impede a visualização de atmosferas de planetas distantes. Mas esse cenário deve mudar até 2030, com a inauguração de ao menos três telescópios: o tão esperado James Webb, que deve ser inaugurado ainda este ano, o de Trinta Metros, que está em construção no Havaí (EUA) e E-ELT (Telescópio Europeu Extremamente Grande).