Topo

Governo dos EUA acredita que China está construindo armas espaciais

Lançamento do Long March 5B, que foi usado para enviar à órbita o módulo Tianhe, o primeiro da futura estação espacial chinesa - CGTN
Lançamento do Long March 5B, que foi usado para enviar à órbita o módulo Tianhe, o primeiro da futura estação espacial chinesa Imagem: CGTN

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

17/05/2021 16h58

A diretora de Inteligência Nacional do governo dos Estados Unidos, Avril Haines, classificou a futura estação espacial da China como uma ameaça à segurança nacional. Segundo ela, o país asiático quer criar armas antissatélites.

A estação tem o objetivo de "obter os benefícios militares, econômicos e de prestígio que Washington adquiriu por sua liderança espacial", diz o relatório "Avaliação Anual de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA", divulgado pelo escritório da diretora.

De acordo com o documento, a inauguração da estação seria parte do grande esforço de Pequim para comprometer a segurança dos Estados Unidos.

O Exército de Libertação Popular (forças militares da China) "continuará a integrar serviços espaciais - como reconhecimento por satélite ou posicionamento, navegação e cronometragem (PNT) - e comunicações por satélite às suas armas, e sistemas de comando e controle para minar a vantagem de informação do Exército dos EUA".

Guerra espacial

O documento também diz que a China estaria desenvolvendo armas espaciais para interceptar ou capturar satélites norte-americanos. "Pequim continua a treinar seus elementos militares espaciais e a colocar, no espaço e em terra, novas armas antissatélites (ASAT) destrutivas e não-destrutivas", diz o relatório.

Isso incluiria a estação espacial e outras naves, além de mísseis e lasers terrestres. "A China já lançou mísseis ASAT destinados a destruir satélites na órbita baixa da Terra (LEO) e lasers ASAT, provavelmente para cegar ou danificar os sensores ópticos de satélites."

Com as tecnologias espaciais se desenvolvendo e os limites da exploração se expandindo, de fato, é uma questão de tempo até a humanidade transformá-las em arma. E a atual infraestrutura de satélites é muito vulnerável a ataques.

Há anos, o governo dos EUA acusa a China de espionagem e de planejar uma guerra espacial. E tem se preparado para uma possível defesa.

Estação espacial chinesa

No final de abril, a China iniciou a construção de sua própria estação espacial na órbita da Terra, com o lançamento do módulo principal do equipamento, chamado Tianhe - algo como harmonia celestial, em chinês. Um grande passo para o programa de exploração espacial do país.

Esta é a primeira de 11 missões que serão realizadas até o final de 2022, para construir e abastecer a estação, preparando-a para conduzir experimentos científicos e hospedar uma tripulação de até três pessoas. Quando finalizada, será como uma versão miniatura da Estação Espacial Internacional (ISS), da Nasa, com cerca de 66 toneladas (a ISS pesa 420 toneladas).

Pelo menos 12 taikonautas - astronautas chineses - já estariam sendo treinados para pilotar, ir ao espaço e viver na estação em turnos de seis meses. Dezessete experimentos internacionais de microgravidade foram selecionados para estreá-la.

O módulo central tem 24 toneladas, 16,7m de comprimento e 4,2m de diâmetro. É nele que fica o suporte de vida e "quartos". Dois módulos de pesquisa, Wentian e Mengtian, serão enviados nos próximos 18 meses, além de quatro grandes cargas de equipamentos e suprimentos e quatro missões tripuladas, para apoiar os braços robóticos na fase de construção.

Quando estiver pronta, a estação terá formato de T e deve orbitar nosso planeta a cerca de 370 km de altitude, consideravelmente mais baixa que a ISS, que está a 410 km. Ela teria a capacidade de subir ou descer se necessário.

Como de costume, o governo e a agência espacial nacional (CNSA) não divulgaram grandes detalhes do projeto.